Médicos falam sobre efeitos do horário de verão no organismo

Medida, que vem sendo adotada todos os anos desde 1985 pelo Governo Federal como forma…

18 de outubro de 2017 às 08h46m

Medida, que vem sendo adotada todos os anos desde 1985 pelo Governo Federal como forma de economia de energia, pode deixar de ser utilizada em 2018

Paulo Henrique Sava
O Horário Brasileiro de Verão teve início no último domingo, 15. Moradores de 10 estados das regiões sul, sudeste e centro-oeste do país adiantaram seus relógios em uma hora. O horário de verão deste ano termina no dia 17 de fevereiro de 2018.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, no ano passado, a economia de energia chegou a R$159,5 milhões. No entanto, um estudo do Ministério das Minas e Energia aponta que o programa vem perdendo efetividade. Segundo a análise, o pico do consumo de energia elétrica está concentrado nas horas mais quentes do dia, ou seja, no início da tarde. 
Por este motivo, o governo chegou a cogitar a possibilidade de não adotar o Horário de Verão neste ano. Porém, o Brasil enfrenta um período de estiagem severa, o que deixa as hidrelétricas com os reservatórios em nível baixo. Neste cenário, a adoção da medida pode gerar uma certa economia. 
Para a saúde, o Horário de Verão pode trazer alguns efeitos. Algumas pessoas sofrem para se adaptar a nova rotina porque levantam muito cedo, ao passo que outras buscam aproveitar o dia mais longo para fazer um passeio com a família e até mesmo para a prática de exercícios físicos. Os médicos Aleixo Guerreiro e Sandro Sloboda falaram sobre este assunto no programa Espaço Cidadão da Super Najuá FM 92,5 nesta terça-feira, 17.  

Prática de atividades físicas

Guerreiro alerta que as pessoas não devem deixar para praticar atividades físicas muito próximo do horário de dormir. “Quando você faz uma atividade física assim, vai descarregar adrenalina na corrente sanguínea, o organismo vai querer estar no pique porque você estava em uma atividade potencialmente mais importante, mais intensa. Se você fizer atividade física até duas horas antes de dormir, quando for deitar provavelmente irá demorar para dormir ou vai ter dificuldades para isto por conta desta descarga de adrenalina no organismo”, frisou. 
O médico recomenda que qualquer atividade física seja feita até duas horas antes de dormir. Guerreiro alerta ainda que a prática de exercícios físicos não irá melhorar a qualidade do sono. Ele ainda desfez o mito de que, se a pessoa dorme, o cérebro “desliga” dos problemas. “Não é bem assim: a atividade cerebral durante o sono, inclusive na fase do ‘sono rei’, é maior que quando estamos acordados. O cérebro, na hora em que você está dormindo, está trabalhando”, frisou.  
Guerreiro compara o funcionamento do cérebro ao de um banco que trabalha com atendimento ao público, depois ele fecha e faz trabalhos internos. “O cérebro, quando você dorme, organiza a sua memória, os pensamentos, e inclusive promove a produção de alguns hormônios que são importantíssimos para a nossa vida, como o hormônio do crescimento, por exemplo. A pessoa pode achar que já cresceu tudo o que podia, mas o hormônio do crescimento não só atua nesta área, mas na manutenção do nosso corpo, inclusive na rigidez ou flacidez da musculatura, o hormônio do crescimento tem importância”, frisou. 

Sono restaurador

O médico afirma que, para proporcionar o efeito necessário, o sono deve ser restaurador. Há ainda, durante o sono, a produção de melatonina, hormônio importante para o nosso organismo. Sloboda explica que a produção destes hormônios dependem de características específicas de cada pessoa. Por exemplo, quem tem hábitos noturnos, como os estudantes, têm hábitos que facilitam a adaptação ao horário de verão e ao balanço hormonal. “De uma forma geral, nós que estamos acostumados a cumprir uma carga horária normal, acordando de manhã, trabalhando durante o dia e descansando à noite, temos maior dificuldade. Não somos como um guardião noturno, que tem um hábito de trabalhar à noite, e ele faz uma troca. Por isto, as complicações e a dificuldade deste balanço hormonal são maiores”, comentou.
Guerreiro lembra que a pessoa precisa dormir pelo menos de 8 a 10 horas por noite. Quando há redução da luz solar, o corpo humano começa a produzir melatonina e a ter sono. “Evidente que quem trabalha nestes horários (noturnos) não deveria fazê-lo por muito tempo: deveria trocar por um período diurno, pois a nossa fisiologia natural seria esta. Temos que promover para que possamos descansar”, pontuou. 
Segundo Guerreiro, há pessoas que conseguem descansar com menos de 8 horas de sono. “Não há um número mágico: crianças e adolescentes precisam dormir mais. Normalmente a mulher dorme mais que o homem, o idoso dorme menos, mas o macete maior é o seguinte: se você dormir bem e no outro dia se sentir restaurado, disposto, este número de horas que você dormiu é suficiente”, comentou. 
No entanto, caso as horas de sono não sejam suficientes, o prejuízo para o organismo pode ser cumulativo. “Você vai dormindo mal, e isto vai acumulando o cansaço, fazendo com que você vá levando uma vida de qualidade inferior”, destacou Guerreiro.  
Guerreiro alerta que uma “soneca” de até meia hora logo após o almoço faz bem para a saúde e não prejudica o sono da madrugada. No entanto, ele alerta que este sono da tarde não pode passar de uma hora. “Neste período de tempo em que você almoça, logo após a refeição, o organismo estará dirigindo quase toda a energia e o fluxo sanguíneo para o processo digestivo. É natural você ficar sonolento. Não somos como a jibóia, que come e dorme, mas na verdade é bem saudável. Neste tempo, o organismo vai fazer o processo da digestão e você pode descansar neste horário”, comentou. 
Veja a entrevista completa com os médicos no vídeo abaixo. 

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