Em entrevista à Najuá, especialista diz que piadas preconceituosas em relação ao exame de prevenção ao câncer de próstata chamam atenção, mas ao mesmo tempo causam preocupação/Paulo Sava
O preconceito, a falta de informação e até mesmo a timidez fazem com que muitos homens deixem de prestar atenção à própria saúde. Por conta disso, muitos deixam de fazer os exames necessários para detectar o câncer de próstata, que mata quase 16 mil pessoas por ano. Por conta disso, em 2003 foi lançada a campanha “Novembro Azul”, em Melbourne, na Austrália, que tem como objetivo alertar para os cuidados relativos à prevenção contra a doença. A campanha chegou ao Brasil em 2011, por iniciativa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
A reportagem da Najuá conversou com o médico urologista José Carlos Baldini, que atua no Instituto Santa Clara, em Irati. Ele afirmou que o que chama a atenção das pessoas em relação ao Novembro Azul são as piadas preconceituosas sobre o exame do toque, que serve para detectar se o paciente tem ou não tumor na próstata.
“Vamos ser bem claros, percebemos que a nossa cultura é diferente dos países mais ricos e bem desenvolvidos, onde existe a cultura natural de se fazer o exame e as famílias e a população detectam o grande problema que é o câncer de próstata, que, se detectado em uma fase inicial, tem cura. Se deixar para depois, quando infelizmente a pessoa fica só dosando o PSA, que é a enzima que detecta o câncer e é um marcador eficiente, muitas vezes ele deixa escapar (o tumor). Sendo feitos os dois exames juntos, a chance de detectar o câncer no início é de quase 95%”, frisou.
O médico detalhou as diferenças entre o câncer de próstata em fase inicial e a hiperplasia prostática, que é um aumento no tamanho da próstata que causa dificuldade de urinar. Entre elas, está a falta de sintomas, no caso do câncer.
“A hiperplasia prostática e o câncer de próstata não são a mesma coisa, no sentido de sintomatologia. A hiperplasia de próstata, quando a pessoa tem, sente armazenamento e esvaziamento de bexiga. A própria família percebe que ela está levantando mais vezes para ir ao banheiro. Isto é uma coisa diferente do câncer de próstata, que, na fase inicial, infelizmente não tem sintomas. Quando a pessoa tem o câncer e apresenta estes sintomas, com certeza ele está em uma fase muito avançada e já não tem mais solução”, comentou.
Idade para começar o exame – Estudos apontam que, se o homem tiver histórico de câncer de próstata na família, ele tem duas ou três vezes mais chances de desenvolver a doença. Nestes casos, os exames de PSA e toque retal podem começar a ser feitos a partir dos 45 anos de idade. Caso ninguém da família tenha sido diagnosticado com câncer, os exames poderão ser feitos a partir dos 50 anos. Em ambos os casos, o exame deve ser repetido anualmente. Baldini comenta que a pessoa não deve esperar os sintomas surgirem para procurar um médico e detectar se tem tumor de próstata ou não. “Não devemos esperar a sintomatologia, se chegou aos 45 anos e tiver o pai ou um irmão que teve o problema, tem que fazer os exames para ter um acompanhamento”, afirmou.
Entretanto, pessoas mais jovens, até com idade menor que 40 anos, podem desenvolver o câncer de próstata, afirmou Baldini. “Na família em que um dos irmãos ou o pai teve o câncer de próstata e ele tem quatro ou cinco irmãos, a certeza de que o homem vai ter câncer de próstata é muito alta. Em geral, começamos com 45 anos, mas há recomendação de que exista possibilidade de iniciar ainda mais cedo, quando o tumor é um pouquinho menos agressivo, mas já existe. Já operamos paciente com 39 anos de idade, que foi curado e hoje vive bem, não tem problema nenhum e toca a vida em paz”, afirmou.
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Atendimento – Neste mês, o médico José Carlos Baldini está atendendo todas as quintas, sextas e sábados no Instituto Santa Clara. Ele contou quais tratamentos estão sendo oferecidos.
“Aqui dispomos de todas as possibilidades de tratamento, temos o estudo urodinâmico, fluxometria, exame de ultrassom, de videocistoscopia. Todos estes exames temos disponibilizados da mesma maneira que uma pessoa que vai a Curitiba ou Ponta Grossa e tem que voltar para fazer um outro exame. Aqui ele vem de uma vez só, disponível na cidade dele, sem ter o problema de ter que se deslocar, chegar, ser mal atendido, ficar na chuva e esperar o ônibus e todos os transtornos. Ele evita todos estes transtornos vindo aqui ao Instituto Santa Clara, no centro da cidade, que tem um bom lugar, um bom ambiente e será muito bem atendido”, frisou.
O paciente que vai realizar o exame do toque precisa ter um pouco de conforto, segundo o médico. “Precisa ter, a pessoa que vai fazer este tipo de situação merece porque está fazendo uma baita de uma ação para a família dele e a sociedade. No futuro, os parentes deles vão se sentir muito melhores, pois ele estará em paz com o problema e a família dele não vai sofrer tanto quanto, no geral, este tipo de problema faz”, afirmou.
Outro objetivo desta campanha é de aproximar a população dos profissionais da medicina e evitar que as pessoas adiem a realização de exames essenciais para a sua saúde. “O cidadão fica em uma condição que deixa para depois, e o próprio cidadão, quando faz a avaliação e a prevenção do câncer de próstata, ele chega em casa e diz que fez este tipo de situação. A família compreende que a situação familiar está resolvida e ele está com conotação boa de saúde, neste sentido que é tão grave. Assim queremos contribuir com a população”, finalizou.
Qualquer dúvida ou informação pode ser esclarecida através do telefone (42) 99953-1055.