Durante a confusão, um preso ficou ferido após ser atingido por estilhaços de uma bomba de efeito moral
Da Redação, com informações Diário dos Campos
Em menos de 24 horas, presos da cadeia de Imbituva realizaram dois motins. A última confusão ocorreu na tarde de quinta-feira, 12. Estilhaços de uma bomba de efeito moral, que foi lançada por policiais para conter o tumulto, chegaram a atingir um preso. As negociações se estenderam por toda a tarde e no final do dia policiais da Rotam juntamente com policiais civis adentraram a carceragem para solucionar o problema.
Informações preliminares davam conta que o detento havia sido baleado na cabeça com um tiro de espingarda efetuado por um policial civil. Contudo, a versão foi negada pelo Delegado Josimar Antonio da Silva. Policiais civis de Ponta Grossa e militares de Irati ajudaram nas negociações. Um caminhão da Defesa Civil e uma ambulância da secretaria de Saúde permanecem em frente à cadeia durante a confusão caso algum preso necessitasse de atendimento médico.
Mesmo assim, os custodiados não deixaram o colega ferido ser retirado do interior da cela, o que agravou a situação na carceragem. Os presos teriam tomado essa atitude para evitar que a polícia invadisse a cadeia.
Fotos do motim de quinta-feira: Fábio Matavelli/Diário dos Campos
Preso é agredido com pedaços de pau
Na quarta-feira, 11, alguns presos ameaçaram fugir pela porta da frente da carceragem durante o horário de visitas, mas foram contidos pelo investigador que fazia a segurança no local. Durante a confusão, uma mulher e uma criança de um ano foram feitas reféns e um preso condenado por homicídio qualificado foi agredido com pedaços de pau pelos demais amotinados.
A mulher e a criança não sofreram ferimentos e foram retirados do prédio. Já o detento conhecido por “Fernandão” foi encaminhado ao hospital São João, em Imbituva. Ele recebeu atendimento médico e foi liberado para voltar à cadeia.
Em entrevista a reportagem do Diário dos Campos, o Delegado interino da cadeia de Imbituva, Fernando Maurício Jasinski, disse que os detentos liberaram os reféns após negociarem com os policiais. “Os presos aproveitando a presença de uma mulher e uma criança, provavelmente de menos de um ano, eles invadiram a cela, não sei se tinha intenção de fuga, tentaram agredir um desafeto dentro da cadeia. Nós na base do diálogo conseguimos tirar a criança e a mulher, mas eles agrediram o detento. Na base do diálogo conseguimos conter a crise e cessaram as agressões. Não foi possível realizar o pente fino procedimento padrão nessa situação. Hoje [quinta-feira] iniciamos o pente fino e tiramos vários celulares da cadeia, estoques de madeira, lixa, mas não estamos contando com a colaboração dos presos. Eles estão amotinados, isolados no solário da delegacia. Conseguimos algumas transferências, mas eles não estão colaborando a princípio”, comentou Fernando.
Superlotação
A cadeia de Imbituva está superlotada. Atualmente, 57 presos estão em local projetado para receber oito pessoas. Por esse motivo, a cadeia foi interditada em novembro de 2014, conforme determinação da justiça. Porém, nenhum preso foi transferido desde então.
No dia 20 de janeiro, os presos realizaram um motim que durou cerca de 20 horas na cadeia de Imbituva. Na ocasião, os presos questionavam a forma como a alimentação e a água era fornecida na cadeia. Eles ainda apresentaram outras reivindicações inusitadas. Na lista de exigências constava o fornecimento de pudim de chocolate, salsicha, refrigerantes de determinadas marcas, frutas e até cigarro aos detentos.
