Mais de 4 mil iratienses ainda não tomaram a 2ª dose da vacina contra a Covid-19

Vacinações atrasadas podem ser feitas em qualquer posto de saúde com sala de vacinação/Karin Franco,…

05 de dezembro de 2021 às 19h33m

Vacinações atrasadas podem ser feitas em qualquer posto de saúde com sala de vacinação/Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rose Harmuch


Mais de 4 mil iratienses ainda não tomaram a 2ª dose da vacina contra a Covid-19. Foto: Arquivo Najuá
Em Irati, mais de 4.600 pessoas ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Segundo a Secretaria de Saúde de Irati, esse número é referente às pessoas que estão dentro do prazo para se vacinar e ainda não se vacinaram.

De acordo com a secretária municipal de Saúde, Jussara Aparecida Kublinski Hassen, o número é preocupante. “Você não tomando a segunda dose, você não completa o esquema vacinal. Isso para nós é preocupante. Volto a falar: a vacina não deixa de você pegar o vírus, mas não deixa você agravar a doença. Então, é muito importante a segunda dose”, disse.

Ao todo, 41.062 pessoas já estão totalmente imunizadas com a dose única ou a segunda dose em Irati. Das 47.007 pessoas que aplicaram a primeira dose, outras 7.459 pessoas ainda precisam tomar a segunda dose. Este número inclui pessoas que estão esperando a data correta de aplicação. Na terceira dose, 4.714 pessoas já completaram seu esquema vacinal. Outras 1.514 pessoas receberam dose única.

O município tentou abrir duas salas de vacinação no fim de semana para quem não possui tempo durante a semana para se vacinar. Contudo, a procura foi baixa nos postos de saúde e a Secretaria de Saúde decidiu interromper a abertura. “O profissional fica lá o dia todo esperando e a população não aparece. Isso gera gasto, custo e o desagaste do profissional”, explica a secretária.

A secretária conta que o atraso no esquema vacinal está em todas as faixas etárias, mas que moradores da zona urbana de Irati são os principais atrasados. “O interior tem procurado mais do que na cidade”, conta.

O coordenador do Centro de Operações Especiais e Fiscalização (COEF), Agostinho Basso, alerta que a imunização somente da primeira dose não garante a imunização. “Veja como é preocupante para a pessoa que tomou apenas uma dose. Seja ela da Coronavac, seja ela Pfizer, da Janssen, seja ela qual for. Ninguém sabe ainda quantos por cento de eficácia uma dose apenas. Por isso que existiu o esquema de segunda dose dessas vacinas. Uma vez que a pessoa tomou somente a primeira – e tudo ainda está sendo pesquisado, sendo estudado pelos grandes cientistas do mundo inteiro – existe muita chance dessa pessoa que tomou uma dose só já ter perdido esta imunidade. Então, ela passa a ser totalmente desprotegida, suscetível”, afirma.

O coordenador ressaltou que os baixos números de óbitos e doentes, além do aumento da vacinação, não são garantias de que a pandemia terminou. “Pelos números terem baixado consideravelmente, fruto da vacinação, os óbitos terem baixado, fruto da vacinação, não quer dizer que vencemos a pandemia. A pandemia é mundial. Tem países da África e alguns países da Ásia que não tomaram uma dose sequer. Países completamente empobrecidos, com dificuldades, que não foram vacinados. O que significa isso? Que novas variantes vão sempre estar chegando em decorrência dessa não vacinação”, explica.

Por isso, o coordenador destaca que a vacinação não é uma opção, e sim, uma necessidade. “Agora, as vacinas estão disponíveis e quase 5 mil pessoas abrem mão dessa segunda dose, achando que isso é uma decisão pessoal, quando não é. Porque quando o interesse coletivo se sobrepõe ao interesse individual, as pessoas tem que pensar que o fato de eu não me vacinar, não é o problema meu. Eu estou colocando em risco toda uma sociedade”, disse.

Um dos motivos de algumas pessoas ainda não terem completado o esquema vacinal é a reação à vacina. Para algumas pessoas, a primeira dose trouxe reação e há receio de acontecer novamente com a segunda dose. A enfermeira-chefe do setor de epidemiologia da Secretaria de Saúde, Denise Homiak Fernandes, alerta que essas reações precisam ser comunicadas para saber a real razão da reação. “Todas as reações ocorridas nos pacientes após a aplicação da vacina, após 30 dias depois da data da aplicação, recomendamos que seja notificado ao Ministério da Saúde para que, quem realmente entende do assunto, avalie cada caso e possa dizer se foi um evento esperado da vacina ou se foi alguma condição do paciente, que acabou coincidido de acontecer os sintomas que ele apresentou depois da vacinação”, recomendou.

O coordenador destaca que pessoas com reações a vacina são comuns, apesar de não serem normais, mas que o que deve ser analisado é o custo-benefício da vacinação. “Eu posso ter uma reação, mas por mais difícil que seja, ela não tem durado mais que dois dias, no máximo três. Mas se eu não tomar essa vacina eu posso vir para uma UTI, eu posso morrer. Eu posso contaminar um familiar, uma pessoa que eu amo. Então, qual seria a dificuldade desta reação? Nós, profissionais da saúde, também tivemos reação. Também estamos sujeitos. E mesmo assim, tomamos”, disse.

Agostinho ainda destaca que a desinformação em relação às vacinas é outro problema que tem motivado a não procura da vacinação da segunda dose. “Hoje a rede social tem um trabalho muito negativo em vários sites e várias redes, de uma desinformação total sobre o antivacina, sobre a teoria da conspiração, achando que na vacina tem algo para causar doença e tudo mais. Sendo que a história, nos últimos 100 anos, a eficácia de todas as vacinas”, explica.

Doses atrasadas – Quem ainda não completou o esquema vacinal e tem doses atrasadas, pode procurar um posto de saúde e se vacinar. “Estamos com um saldo suficiente de vacina para atender toda essa demanda. Nós só estamos dependendo que a população procure. Tanto a primeira, quanto a segunda, quanto a terceira dose. Só respeitando os intervalos”, explica Denise.

A vacinação também está disponível para quem ainda não fez a primeira dose. “A primeira dose temos acompanhando os relatórios das unidades que toda a semana tem idosos e pessoas da faixa etária de 30 a 40 anos que ainda estão procurando pela primeira dose. Quem ainda não tomou nenhuma dose, que procure o quanto antes. A vacina está disponível”, conta.

Já quem passou da data da segunda dose, consegue se vacinar nas salas de vacina dos postos de saúde. “Se eu não completar o esquema, não tem nenhuma garantia que estou protegido”, disse a enfermeira-chefe do setor de epidemiologia.

A vacinação para a terceira dose também está liberada para maiores de 18 anos. No entanto, é preciso ter um intervalo de cinco meses da segunda dose e da aplicação da terceira. Por exemplo, uma pessoa que tomou a segunda dose no dia 10 de julho, deve tomar a terceira dose a partir do dia 10 de dezembro.

Quem tomar a segunda dose atrasado, também precisará respeitar o prazo de cinco meses para a terceira dose. “Por enquanto, são essas as recomendações que temos. Não veio nada específico. Como é uma vacina nova, não se tem esse tipo de dado, para afirmar com certeza que realmente posso estar reduzindo o intervalo da segunda para a terceira. Como não temos esses dados oficiais, não existe estudo ainda, que tragam essa recomendação, nós trabalhamos com os prazos prescritos pelo Ministério da Saúde”, disse.

A vacina da Pfizer está sendo aplicada a todos que fazem a terceira dose da vacina, independentemente se a segunda dose foi de outro laboratório. “É esse laboratório que usamos para a terceira dose que tem vindo. Ela vai tomar quando completar cinco meses da segunda dose da Coronavac, ela pode procurar pela dose da Pfizer em qualquer unidade da saúde”, explica Denise.

Já quem tomou a dose única do laboratório Janssen deverá tomar a dose de reforço do mesmo laboratório. “O pessoal que tomou do laboratório Janssen que seria dose única, eles vão tomar a segunda dose também, a dose de reforço. Só que nesse caso específico vai ter que ser com a Janssen novamente. Não vai poder ser com a Pfizer como está acontecendo com os outros laboratórios”, disse a enfermeira-chefe.

A vacinação da dose de reforço para a dose única foi liberada, mas o município ainda espera o recebimento das doses. “Foi liberado que a vacina vai ser aplicada para esse público, que vai ser da mesma Janssen. Nós só estamos aguardando o recebimento dessa vacina para poder iniciar a aplicação”, conta.

A secretária de Saúde destaca que a liberação de faixas etárias e qual laboratório pode vacinar são recomendações do Ministério da Saúde. “Todas as liberações ou não liberação, é tudo recomendação do Ministério da Saúde. Veio a recomendação, nós fazemos”, explica.

O município já completou a projeção de vacinados na primeira dose, mas ainda há pessoas buscando pelas vacinas. Denise conta que isso tem acontecido porque as projeções são realizadas em cima de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Estamos trabalhando com projeções do IBGE da população. Pelas projeções nós já atingimos o número esperado de pessoas. Como são projeções e não são números exatos, ainda tem gente que acaba passando e acaba procurando ainda. Mas acredito que não é um número significativo”, disse.

Contudo, essa procura tem sido baixa e isso fez com que o município não trouxesse doses que já estão destinadas a Irati. Cerca de 3 mil doses estão congeladas no refrigerador da Celepar, próximo de Curitiba, para que se tenha desperdício. “Nós temos mantido as doses congeladas no Celepar porque existe um prazo de validade depois de descongelada, depois de 30 dias. Como o município não tem dado todas essas doses que estão disponíveis, temos mantidos elas armazenadas, congeladas lá no Celepar, para não correr o risco de deixá-las vencer aqui no município”, explica Denise.

Casos – Até o fim de semana, Irati registrava 22 casos de Covid-19 ativos, sendo 20 em isolamento domiciliar, um caso internado na enfermaria e um caso na UTI. Outros 35 casos estão ainda em investigação.

Segundo o coordenador, os casos estão controlados. “Nós já vamos para aproximadamente 10 dias aonde o número médio de casos novos não ultrapassa três pessoas. Nós já estamos com quase 10 dias sem nenhum óbito. Tivemos, no mês de outubro, comparando com o mês de novembro uma queda de 32,7% do numero de casos e tivemos 25% de queda no numero de óbitos. Vemos que os casos estão totalmente sobre controle”, disse.

Apesar dos casos diminuírem, o coordenador alerta que os cuidados de prevenção devem permanecer, como o uso de máscara, distanciamento, e especialmente, a vacinação. “Porque é totalmente em relação a vacinação que diminuiu consideravelmente o número de casos e óbitos em todo o Brasil. Irati não é diferente”, conta.

Coordenador do COEF, Agostinho Basso. Foto: Reprodução Facebook

Enfermeira-chefe do setor de epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Denise Homiak Fernandes, ao lado da secretária Jussara Aparecida Kublinski Hassen. Foto: Reprodução Facebook
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