Mais de 10 mil ações foram registradas contra a Copel por quedas de luz

Processos foram suspensos após a Copel recorrer. Ações se referem principalmente a fumicultores que tiveram…

24 de maio de 2022 às 22h51m

Processos foram suspensos após a Copel recorrer. Ações se referem principalmente a fumicultores que tiveram perdas durante a secagem do produto/Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub


Fumicultores sofrem prejuízos com o tabaco no momento da secagem do produto nas estufas. Quedas de luz fazem com que os agricultores percam parte da produção. Foto: Imagem ilustrativa

Os produtores de tabaco da região entraram nos últimos anos com ações na justiça alegando que foram prejudicados por quedas de luz durante a secagem do fumo nas estufas. Porém, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) conseguiu suspender a tramitação dos processos.
Na região, mais de 10 mil ações foram feitas. Em entrevista à Najuá, o advogado Giordanni Dangui explicou que a suspensão ocorreu por dúvidas nos laudos. “Infelizmente, naquela época, suspendeu porque a Copel conseguiu suspender o processo porque tinha dúvida dos laudos. Tinha dúvida de ter laudo frio. Daqueles da pessoa fazer um laudo, sendo que nem estava secando fumo. Isso criou um transtorno perante os processos e conseguiram suspender o processo para, se não me engano foi um ano e depois foi prorrogando. Hoje, esse processo está suspenso em todo o estado do Paraná. Não é só Rebouças, só Irati. O processo dos fumicultores está suspenso em todo o estado do Paraná”, reforça Dangui.

O advogado destaca que para as ações terem prosseguimento é preciso que um processo de Curitiba seja julgado. “Para voltar, todos os processos andar novamente, tem que ser julgado esse processo que está lá em Curitiba, que é o que suspendeu tudo. O Ministério Público está favorável a nós, aos fumicultores, o Procon também está favorável. Essa ação está bem propícia a esse ano voltar a andar”, entende.

Os fumicultores alegam que as perdas em anos anteriores chegam a R$ 20 mil. “Nós tivemos situações, depende a classe de fumo que você está secando ali, é de R$ 15 mil, R$ 20 mil. Imagine, para uma família do interior perder por falta de energia R$ 20 mil, R$15 mil. Às vezes, fazia uma, estragava, tentava. O fumo tem que colher. Você não tem como guardar”, disse Dangui.

Com vários processos nos últimos anos, o advogado conta que a Copel tem melhorado as condições das linhas, mas ainda presta um serviço insuficiente para o fumicultor. “O que eu fiquei sabendo é que hoje, se cai a energia e o produtor de fumo tem prejuízo, eles estão ligando para Copel e a Copel mandam um terceirizado, um técnico deles lá e estão fazendo avaliação. Não é uma avaliação, pelo que me contaram que é ideal, mas os agricultores, a princípio, alguns estão aceitando”, explica.

Caso a situação ocorra novamente, a orientação do advogado é que o fumicultor registre tudo, caso tenha um prejuízo. “Caiu a energia, liga no 0800 e anota o número do protocolo. Eu até brincava: anote até com a faca na porta da geladeira o número do protocolo, mas anote. Porque isso é muito importante. Anote a hora que caiu e o dia que caiu. E é lógico, se caiu a energia, anota o protocolo. Voltou [a energia], a hora que terminar de secar, abriu a estufa, o fumo está estragado, perdeu, deu prejuízo, aí sim chama um técnico. Minha orientação é filmar o fumo estragado lá dentro junto com o técnico. Quanto mais provas para mostrar que você não está tentando tirar vantagem disso. ‘Hoje é dia tal, eu estou com o técnico tal aqui, nós estamos abrindo, olha aqui o fumo está estragado’. Mostra dentro da estufa o fumo estragado para depois você usar esse vídeo em teu favor, caso você entre com processo contra a empresa de energia”, disse Dangui.

O número elevado de ações levou a Copel a chegar a mencionar que haveria uma “indústria de indenização”. O advogado destacou que os fumicultores estão apenas procurando seu direito. “Estamos exercendo um direito do cliente. É lógico que eles vão falar. Por que ao invés de falarem que é indústria, por que eles não corrigiram, coisa que eles estão fazendo hoje? É fácil, eles falarem isso. Não são eles que plantam. Não são eles que estão colhendo. Não são eles que perdem. Eu respeito a outra parte, que o advogado da outra parte tem que defender seu cliente, ele não vai chegar lá e vai falar que está tudo bem. Não é assim que funciona na justiça. O advogado vai usar argumentação em favor do cliente dele. Daí vai falar os advogados que estão se aproveitando, os técnicos que estão se aproveitando, os agricultores que estão se aproveitando. Infelizmente, os fumicultores estão exigindo o direito deles”, conta.

Advogado Giordanni Dangui ressalta que os processos contra a Copel estão suspensos em todo o Paraná. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)
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