Lions Clube de Irati auxilia movimento que acolhe refugiados ucranianos

Entidade faz parte de movimento que está buscando por voluntários para abrigar refugiados ucranianos no…

23 de março de 2022 às 23h01m

Entidade faz parte de movimento que está buscando por voluntários para abrigar refugiados ucranianos no estado/Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub

Em entrevista à Najuá, os integrantes do Lions Clube de Irati, Maria Inês Kozlik Robaszkievicz, Emiliano Gomes e Daniele Ukan explicaram como as pessoas podem preencher cadastro para receber refugiados em suas casas. Foto: Jussara Harmuch

A chegada de refugiados ucranianos no Paraná está mobilizando as entidades locais para encontrar pessoas que possam abrigar as famílias que fugiram da Guerra na Ucrânia. Uma das entidades que está auxiliando na divulgação do cadastro de voluntários é o Lions Clube de Irati.

O Lions está auxiliando nas divulgações de ações do Movimento Humanitas Brasil-Ucrânia, criado pelas entidades que fazem parte da Representação Central Ucraniano Brasileira (RCUB) e Humanitas, que possui relações com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). O movimento criou cadastros para que voluntários possam se candidatar a ajudar os refugiados, especialmente com locais para as pessoas ficarem.

A coordenadora do Comitê de Serviços do Lions Clube de Irati, Daniele Ukan, explica que o objetivo é auxiliar na busca de pessoas que possam contribuir com o movimento. “A nossa intenção é contribuir com esse comitê que foi formado, com esse movimento para que esses refugiados possam chegar até o Brasil e serem recebidos da melhor forma. Está sendo obtidos recursos e a nossa ação aqui é divulgar o questionário para receber esses refugiados da guerra. Na semana passada, chegaram 29 refugiados de oito famílias. Desses eram dez mulheres, dois homens e 17 crianças que chegaram no dia 20 em Guarapuava e estão numa chácara. Tão logo vão ser encaminhados para algumas famílias”, conta. 

O vice-presidente do Lions Clube de Irati, Emiliano Gomes, destaca que são dois formulários que devem ser preenchidos. “Esses formulários são importantes. Um é para fazer a participação na Representação Brasileira, se colocar à disposição, e o outro é a adesão do cadastro de acolhedores. Esse cadastro de acolhedores é para todas as pessoas que têm interesse, colocar a sua casa à disposição ou a casa de algum familiar que realmente não tem acesso à internet – o meio de tecnologia -, mas que as pessoas conheçam algum vizinho, algum parente, algum primo que mora no interior e tem vontade de ajudar essas pessoas que estão chegando”, disse. 

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Daniele explica que os cadastros devem ser preenchidos por pessoas que possam ter meios de abrigar os novos moradores. Contudo, não há um critério estabelecido de como será feita a seleção. “Você tem que fazer um cadastro familiar, demonstrando a sua capacidade de receber na sua residência, mas não tem informação, sinceramente, se tem algum algo específico em relação à renda, espaço físico. É que você tenha condições de receber essa família. Você faz um cadastro com o seu nome, endereço, profissão. Eu acredito que eles fazem uma seleção. Eles não colocaram impedimentos. Mas eles fazem um cadastro para conhecer qual a tua possibilidade. Se você filhos, qual a sua idade, nesse sentido”, relata a coordenadora do Comitê de Serviços do Lions Clube de Irati. 

Emiliano destaca que no formulário o movimento procura por informações gerais para conhecer os voluntários. “A partir do momento que acessar esse formulário, elas vão encontrar uma série de perguntas, bem como nome, se tiver empresa, os telefones. É um cadastro simples, mas um pouco mais embaixo, conseguimos identificar aqui, se as pessoas participam de alguma entidade, de alguma associação, qual a função dessas pessoas dentro dessa associação, o endereço da associação e aqui entra se as pessoas já tem alguma experiência no acolhimento de imigrantes”, explica. 

O vice-presidente do Lions de Irati ainda ressaltou que membros do movimento em Curitiba já comentaram que haverá uma seleção porque nem todo mundo terá estrutura para receber os ucranianos. “Com certeza, vai ter um filtro, esse comitê vai entrar em contato com as famílias para ver se realmente essas famílias estão tão preparadas, estão aptas para receber esses imigrantes. Até porque tem uma questão da língua, uma questão da cultura. Então, tudo isso precisa ser filtrado, precisa ter um preparo”, disse. 

Mesmo com a seleção, a coordenadora destacou que qualquer um pode se habilitar, mesmo não tendo conhecimento da língua ucraniana. Isso porque instituições em Irati como a Unicentro e a Faculdade São Vicente poderão auxiliar na comunicação e adaptação. “Claro que facilita, se você já tiver um contato com a língua, se você souber falar o idioma é muito mais fácil para a família que está sendo recebida, mas não é um critério que está sendo definido como se você pode ou não receber essas pessoas. Falamos que o questionário está no Instagram e no Facebook do Lions, mas nós temos representação na faculdade São Vicente e na Unicentro também temos os professores, um grupo de eslavos que também falam o idioma, trabalham com a língua. Se alguém precisar de suporte – eu sou da Engenharia Florestal, mas também faço a representação aqui no Lions -, mas temos outros profissionais que podem dar suporte para receber essas famílias”, conta.

A presidente do Lions de Irati, Maria Inês Kozlik Robaszkievicz, destaca que o importante é que as pessoas estejam disponíveis para ajudar. “Que eles podem se cadastrar para estar ajudando, se conseguirem estar recolhendo as pessoas em suas casas ou ajudando com alimentos, dinheiro, é tudo muito bem-vindo”, afirmou. 

A busca por voluntários se torna mais intensa neste momento com a chegada de mais refugiados. Além dos primeiros que chegaram na sexta-feira (18), outros 50 refugiados devem chegar ao estado no sábado, 26.

Os primeiros refugiados que chegaram ao estado vieram com auxílio do Governo do Paraná. “Essas famílias chegaram a partir da Primeira Igreja Batista de Curitiba que se movimentou para que pudesse receber junto com o governador [Ratinho Junior]. Então, ele facilitou essa documentação porque eles têm o visto, a princípio por 90 dias e depois eles vão estender por até 12 meses, para que eles consigam definir se eles vão permanecer no nosso País ou se eles vão retornar. A Primeira Igreja Batista recebeu essas famílias e encaminhou para Guarapuava, que dali, justamente, por nossa região já ter essa população ucraniana estabilizada, para que eles possam definir quem são as pessoas que vão recebê-los”, explica a coordenadora.

Maria Inês destacou que o município de Prudentópolis é um dos principais que estão atuando na região para auxiliar os refugiados. “Eu estive lá em Prudentópolis, fazendo visitas aos meus familiares, e lá me contaram que o pessoal da Secretaria de Cultura, até a secretária de Cultura que está mobilizando isso, que eles vão receber provavelmente essa semana essas famílias. De lá, eles vão encaminhar para alguma instituição, alguma coisa assim. Só que eu não cheguei a conversar com a secretária de Cultura de lá. Mas eles vão estar recebendo, provavelmente, já essa semana lá e como lá é 90% de ucranianos, como a Dani mesmo falou, eles estão recebendo muito bem, já estão preparados para receber essas pessoas”, disse. 

Daniele destaca que a pessoa que receberá os refugiados precisa estar disposta a acolher. “Muitas dessas famílias que estão chegando têm uma boa condição financeira e cultural na Ucrânia e que eles abriram mão. Tiveram que deixar as suas casas, seus empregos. Que a gente os receba com cuidado porque eles têm muito a oferecer para nós. É importante falar que quando os primeiros ucranianos chegaram no nosso País, eles vieram justamente para desenvolver o Brasil. Eles não vieram fugidos de guerra. Eles entraram no Brasil em 1920, nessa época, para construir a nossa ferrovia. Se pensarmos que essa ferrovia Paraná que está em volta de Mallet, Irati, Ponta Grossa, foram justamente esses ucranianos que vieram para cá contribuir com o nosso País e depois tiveram outros movimentos, pós-guerra, depois nos conflitos já entre Ucrânia e a Rússia”, conta. 

A coordenadora do Comitê de Serviços do Lions Clube de Irati ainda reiterou que o ato de abrigar as famílias pode ser uma experiência enriquecedora. “Sabemos que colocar pessoas e outras famílias na nossa rotina não é algo simples, mas eu acho que é uma adequação. E é muito importante para essas pessoas que estão vindo. São pessoas muito boas, quem tem um pouco de conhecimento da descendência ucraniana, são pessoas religiosas, trabalhadoras. Eu acho que podem até somar no seu ambiente familiar. Quem puder dá uma olhadinha lá no questionário para que possamos contribuir nesse momento difícil que eles estão passando”, disse. 

Apesar do Movimento Humanitas Brasil-Ucrânia estar recebendo doações em dinheiro, o vice-presidente conta que o Lions está buscando divulgar o cadastro para auxiliar essas famílias e, num segundo momento, será feita a arrecadação de doações de alimentos e dinheiro. “Nesse primeiro momento, nós estamos fazendo apenas a divulgação desses cadastros. E estamos também conversando com a Representação e com esse comitê para gente já ir sentindo qual está sendo a repercussão dos cadastros. Eles têm uma plataforma que eles conseguem acessar e ver quantas pessoas de Irati, quantas pessoas de Rebouças, quantas pessoas de Prudentópolis, de Mallet, estão acessando, estão preenchendo esses cadastros”, explica Emiliano. 

Daniele ressalta que o Lions deve trabalhar com a divulgação das doações para o movimento para centralizar em uma entidade todos os recursos, especialmente porque a Humanitas já possui experiência com esse tipo de ação. “Nesse momento, nós estamos trabalhando com essa ação do questionário. Existe uma forma de doação de recursos, mas esses estão centrados nessa representação do movimento Humanitas. Justamente porque estamos vendo que está acontecendo diversos movimentos, pequenos movimentos, mas a intenção é que se concentre essa ajuda porque eles vão saber exatamente como destinar esses recursos da melhor forma possível. Nós não estamos recebendo recursos. Nesse momento é somente questionário”, conta. 

Como ajudar? Quem deseja se cadastrar para receber refugiados ucranianos, pode preencher o formulário que está disponível clicando aqui. Após o preenchimento, uma pessoa da entidade pode entrar em contato para dar encaminhamento ao processo. 

Também é possível fazer a adesão ao Movimento Humanitas Brasil-Ucrânia para oferecer ajuda em diversas áreas, como prestação de serviços, arrecadação de alimentos, doação em dinheiro, entre outros. O formulário para este tipo de ajuda pode ser acessado clicando aqui.

O Movimento Humanitas Brasil-Ucrânia ainda possui uma conta que está recebendo doações para auxiliar os refugiados. A conta bancária para realizar doações em dinheiro é: PIX- CNPJ: 78-774-668-0001-83, banco 104, Agência 1628, operação 013, conta 00010493-0. Todos os valores doados devem ter centavos. Desta forma, a doação de R$ 100, por exemplo, deve ser colocada R$ 100,01.

Lions Clube de Irati está auxiliando movimento que acolhe refugiados ucranianos. Foto: Divulgação
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