Greve dos funcionários da Transiratiense, suspensa na quinta-feira, 06, foi um dos principais fatores para agilizar a confecção do Plano, diz prefeito/Paulo Sava e Jussara Harmuch

Uma nova licitação para o transporte coletivo em Irati será aberta somente depois da elaboração de um novo Plano de Mobilidade Urbana. A informação foi confirmada pelo prefeito Emiliano Gomes, em entrevista recente à Najuá.
A greve dos funcionários da empresa de ônibus Transiratiense foi um dos principais fatores para agilizar a elaboração do Plano, segundo o prefeito. “Neste sentido, nos abre agora de novo uma margem para podermos dar continuidade e celeridade na questão do Plano de Mobilidade, e aí na sequência, vamos abrir uma nova licitação, seja para esta ou outras empresas que disputarem e venham a vencer o processo licitatório. O que nós estamos resolvendo aqui não é simplesmente um problema de uma semana, que ocorreu com a falta do transporte: é um problema que perdura por décadas, mas que na nossa gestão, nós estamos assumindo o compromisso, praticamente no primeiro mês de mandato, de resolver este problema da mobilidade urbana, para termos um transporte de qualidade e acima de tudo baixar a tarifa. Este é o meu compromisso, e neste ano vamos fazer”, frisou.
Valor do contrato
O procurador do município, Hermano Faustino, informou que o valor do contrato com a empresa responsável pela elaboração do plano em 2021 foi de R$89.978,00. No entanto, ele não soube informar se o serviço foi pago integralmente ou não.
Anteriormente, ele havia informado que o Plano não foi aprovado porque foram encontradas algumas inconsistências. “Utilização de inteligência artificial, algumas passagens do estudo tinham lacunas de texto e pouca conexão com a realidade local. Havia por exemplo a exigência de um número elevado de câmeras de segurança nos veículos, o que resultaria num elevado valor da passagem, bem como de elevado valor de subsídio, o que traria prejuízos para a comunidade”, destacou Hermano.
Ex-procuradora conta como foi feito o estudo anterior
A ex-procuradora do município, Carla Queiroz, confirmou que uma empresa foi contratada em dezembro de 2021 e começou a trabalhar em março ou abril de 2022. Em contato com nossa reportagem, ela detalhou como foi feito o trabalho. “A empresa veio, colheu todos os dados que entendia serem necessários para o desenvolvimento do estudo e começou a trabalhar neste projeto básico de mobilidade. Quando o projeto chegou até nós pela 1ª vez, eu até fui à Najuá em 2023 e falei que, em até três meses, a empresa entregue, e ela entregou este objeto”, comentou.
O estudo apontou que o valor do subsídio para o transporte coletivo deveria ser de R$ 200 mil. De acordo com Carla, o município considerou esta quantia muito alta e solicitou que fossem feitos ajustes no plano. “Vários ajustes foram sendo feitos neste plano, para que ele fosse exequível, que conseguíssemos lançar a licitação para prestar o serviço, mas que coubesse na capacidade econômica do município”, afirmou a ex-procuradora.
Depois de muitas reuniões com a empresa e a elaboração de uma minuta de projeto de lei de concessão, o projeto final, que continha três cenários possíveis de serem adequados à realidade do município, foi entregue somente em 1º de novembro de 2024, ou seja, três anos depois do início do contrato. A ex-procuradora justificou o atraso dizendo que é um estudo que tem que ser feito com calma pela empresa.
“É um estudo demorado, que leva tempo mesmo, que tem que ser muito estudado pela empresa e pelo município, para que não gere prejuízo depois na concessão. Dado este tempo, como chegou em 1º de novembro, estávamos em uma época de transição de governo. Avisamos a equipe do atual prefeito Emiliano, desta situação do transporte coletivo, falamos que havia a licitação do estudo, que havia sido entregue um último panorama, que estava mais adequado à nossa realidade e que poderia ser escolhido, e que a minuta do Projeto de Lei de concessão estava nos arquivos da Prefeitura, onde está até hoje”, contou.
Carla afirma que todo este estudo precisava chegar ao conhecimento da equipe do prefeito Emiliano Gomes, uma vez que todas as consequências da aprovação deste estudo e do projeto de lei de concessão passariam pela gestão do novo comandante do Executivo. “Não conversamos como gestão, o ex-prefeito Jorge (Derbli) conversou com a gente, e chegamos à seguinte situação: se mandarmos agora, nós vamos deixar uma responsabilidade para ele de finalizar desta forma e, quem sabe, não seja a visão dele de mobilidade urbana que seria a melhor para o município. Me parece que foi isso que foi desenhado, que o próprio prefeito Emiliano falou nos últimos dias, que o estudo não estava a contento e que eles fariam um novo Plano de Mobilidade, o que demonstra a nossa cautela e o respeito que temos a esta administração e também à população de Irati. Não criamos nenhuma expectativa vã na população”, comentou.
Carla garantiu que o Plano somente seria pago se a empresa cumprisse todas as metas estabelecidas pela Prefeitura. “Ele só é pago com o cumprimento de todas as metas. O projeto básico foi encaminhado e está à disposição do prefeito Emiliano Gomes e da atual gestão. O projeto de lei e a minuta do projeto também estão nos arquivos da Prefeitura, mas depende da nova administração a validação ou a escolha de se fazer um novo estudo técnico”, comentou.
Uma nova licitação deve ser feita em 30 dias para a contratação de uma empresa que fará o estudo. Depois disso, será feita uma nova modalidade de concessão do transporte coletivo em Irati, segundo Emiliano. “Temos que deixar isto muito bem claro, é uma nova modalidade de concessão, assim como tantos outros municípios do Estado do Paraná já fazem e aderem a este modelo, para que a gente também possa estudar meios e fundos para subsidiar a empresa, diminuir a tarifa e ainda ajudar a nossa população”, finalizou.