Justiça autoriza Câmara de Rio Azul a retomar CPI que investiga prefeito

18 de outubro de 2025 às 17h36m

Decisão da Comarca de Rebouças reconhece legalidade da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura suposta compra irregular de óleos lubrificantes pela Prefeitura/Paulo Sava

Justiça autorizou continuidade da CPI que investiga supostas irregularidades em contratos da Prefeitura de Rio Azul. Na foto, o prefeito Leandro Jasinski. Foto: Arquivo Najuá

Resumo: – Cabe recurso da decisão sobre a retomada das investigações;

  • Presidente da Câmara de Rio Azul diz que procuradoria do município reconheceu irregularidades;
  • Juiz da Comarca de Rebouças não quis comentar o caso.

A Justiça da Comarca de Rebouças autorizou a Câmara de Vereadores de Rio Azul a retomar a CPI contra o prefeito Leandro Jasinski, que investiga uma suposta compra irregular de óleos lubrificantes para automóveis da Prefeitura de Rio Azul. Cabe recurso ainda para a Prefeitura contra a retomada das investigações.

Em entrevista à Najuá, a presidente da Câmara de Rio Azul, Jussara Martins, falou sobre a decisão da Justiça, que autoriza a retomada da CPI.

“Gostaria de informar a toda a população que o Poder Judiciário negou o pedido do prefeito Leandro Jasinski no processo em que ele tentava anular a CPI que investiga possíveis irregularidades em contratos da Prefeitura. O prefeito havia conseguido uma liminar que suspendeu os trabalhos da CPI por um momento e chegou até a comemorar esta decisão como uma vitória. No entanto, a Justiça agora analisou o caso de forma definitiva e entendeu que a Câmara agiu corretamente ao abrir as investigações. Nesta sentença, o juiz reconheceu que a CPI foi criada de acordo com a lei, como demandam todos os critérios de dentro da Câmara Municipal”, frisou.

Segundo Jussara, o juiz destacou que a própria procuradoria jurídica da Prefeitura emitiu um parecer reconhecendo irregularidades nos contratos e reforçando a necessidade de a Câmara dar continuidade nas investigações. Ela detalhou qual será o procedimento na Câmara para a retomada da CPI.

“A partir de agora, a CPI vai continuar normalmente os trabalhos, ouvindo os servidores, requisitando documentos e apurando os fatos com transparência e responsabilidade. Esta não é uma nova CPI, mas é a mesma que foi aberta e que o prefeito tentou anular os nossos trabalhos naquele momento. Nós entramos com a defesa e o juiz agora avaliou dando totais e plenos direitos de continuarmos o nosso trabalho. Deixamos bem claro que estamos apenas investigando possíveis irregularidades. A única coisa que queremos como vereadores, como a lei nos ampara, é investigar, que é o nosso trabalho de fiscalizar o trabalho do prefeito”, pontuou.

Jussara Martins, presidente da Câmara de Rio Azul. Foto: Diego Gauron

O Jornal O Combate publicou em suas redes sociais um trecho da decisão judicial proferida pelo juiz James Bordignon, na qual a Justiça reconhece ilegalidade na prorrogação de contratos citada pela vereadora.

“A existência de parecer técnico-jurídico da própria Administração reconhecendo a irregularidade da prática investigada desconstrói a tese de ausência de fato determinado e evidencia que a CPI se funda em indícios concretos e objetivos, não em meras conjecturas ou animosidades políticas”, destacou o juiz na sentença.

Na época da instauração da CPI, em maio deste ano, o ofício lido pelo vereador e 1º secretário da casa, Edson Paulo Klemba, afirmava que a natureza jurídica do contrato não contemplaria a compra direta dos materiais citados.

“Os fatos a serem apurados podem configurar graves ofensas aos princípios da legalidade, moralidade e eficiência da administração pública, e envolve as seguintes condutas, não as limitando: indicação e utilização indevida do contrato de prestação de serviços para aquisição dos bens”, comentou.

A presidente da Câmara reiterou que estes fatos estão sendo apurados. “Nós estamos averiguando, e o que vai dizer se de aconteceu é a conclusão da nossa CPI. Temos agora 90 dias para concluir e com certeza vamos manter a imprensa e, em especial, a população rioazulense informada sobre o que, de fato, está acontecendo”, afirmou Jussara.

A CPI tem como integrantes os vereadores Renato PK (Presidente), Vanderlei Lopes (Membro) e Silvio Paulo Girardi (relator). Em entrevista à Najuá na época da instauração da CPI, o prefeito Leandro Jasinski negou a existência de irregularidades no contrato investigado pela CPI. “Não existe nenhuma irregularidade, podem virar a prefeitura de ponta cabeça, porque quem não deve, não teme”, apontou.

No final de maio, a Justiça havia determinado a suspensão da CPI. Na oportunidade, o prefeito alegou em liminar que “foi instaurada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostas irregularidades na aquisição de insumos automotivos pela Prefeitura, mas o ofício de instauração não indica fato determinado nem individualiza os responsáveis, impedindo o exercício da ampla defesa e contraditório”.

A liminar ainda apontava que o único documento recebido pelo prefeito foi a Portaria de instauração e ao requerimento da CPI, que contém acusações genéricas e não indicam claramente os contratos ou licitações investigadas. A decisão do juiz aponta ainda que “não foi concedido acesso integral ao procedimento investigatório, descumprindo-se o direito à obtenção de cópias dos autos e contrariando a Súmula Vinculante nº 14 do STF”.

Nossa reportagem procurou o prefeito Leandro Jasinski para falar sobre a retomada da CPI, mas ele não quis falar sobre o assunto. O juiz James Bordignon também foi procurado, mas não quis gravar entrevista.

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