Iratienses opinam sobre cancelamento do Carnaval 2016

Verba de R$100 mil que seria utilizada nas festividades será destinada para início de projeto…

08 de fevereiro de 2016 às 10h53m

Verba de R$100 mil que seria utilizada nas festividades será destinada para início de projeto que visa evitar alagamentos no Rio das Antas e seus afluentes

Paulo Henrique Sava


No início do ano, o prefeito de Irati, Odilon Burgath (PT) convocou a imprensa iratiense para comunicar o cancelamento do Carnaval 2016 no município. O orçamento de R$ 100 mil que seria destinado para as festividades foi redirecionado para a primeira de oito etapas de um amplo projeto que visa impedir alagamentos na região do Rio das Antas e de seus afluentes. O projeto já foi aprovado pelo Ministério das Cidades e, no entanto, os recursos para a execução total das obras – estipuladas em cerca de R$ 1,4 milhão – ainda não haviam sido empenhados. 

Atitude semelhante foi tomada em 2014, após a maior enchente da história da região, que aconteceu no início de junho, com o cancelamento do Rodeio daquele ano, para que os recursos fossem aplicados na recuperação dos prejuízos causados aos moradores e as comunidades.

A reportagem da Najuá saiu às ruas para saber a opinião dos iratienses sobre o cancelamento do Carnaval 2016. Para Joel Domingues, morador do bairro Pedreira, as melhorias precisam ser realizadas. No entanto, ele opina que a prefeitura poderia procurar outros meios para a realização do Carnaval. Para Joel, a festividade é tradicional no município. “Eu sou a favor da realização do Carnaval, porque a prefeitura tem outros meios de conseguir recursos, e a alegria do povo da nossa cidade jamais pode ser tirada. Isto tinha que ter sido visto bem antes. Como é que agora vão se mexer e fazer cortesia com isso?”, questionou.

Para Gauchinho, do Palmital, a não realização do Carnaval fará com que a festa caia no esquecimento por parte do povo iratiense. “É uma diversão do povo, a gente respeita, e eu acho que [a prefeitura] tem que tomar iniciativa para que isto aconteça”. 

A vendedora Jayne Karvoski opina que a atitude tomada pela prefeitura foi muito boa. “Assim, o prefeito vai poder investir em coisas para a cidade, ao invés de trazer coisas que não têm benefício nenhum para o município”, comentou.


Para o empresário Altevir Soares, que tem sua loja na rua Munhoz da Rocha, o cancelamento do Carnaval é excelente. “Se o prefeito vai deixar de fazer alguma coisa pelo bem dos comerciantes e da população das ruas Carlos Thoms e Munhoz da Rocha, é bom, porque Carnaval hoje não tem, mas no futuro pode ter. O que tem que fazer mesmo pela cidade é uma benfeitoria. Se ele [prefeito] deixar de gastar com o carnaval e nos ajudar com o rio, para nós será ótimo, porque desde o ano passado estamos esperando, e agora vamos aguardar que o prefeito faça alguma coisa por Irati para ficar com o nome gravado na história da cidade. Se ele fizer alguma coisa, o povo vai aplaudir”, comemorou.

O vendedor Airton José Vieira acredita que o valor de R$100 mil não irá resolver todo o problema dos alagamentos enfrentados pelos comerciantes e moradores da região. Entretanto, ele opina que o cancelamento do carnaval foi uma ótima idéia. “Foi bom porque a nossa cultura não é carnavalesca. Eu, particularmente, não gosto, e tem muita gente aqui que também não gosta, sem contar que, para nós, do comércio da região, aquele palco que era montado aqui interditava muito a rua, e o nosso movimento caía. Eram três ou quatro dias perdidos para o comércio devido ao palco, que trancava a rua, trazendo muito prejuízo porque o movimento era muito fraco, e se você está passando nas proximidades e não tem lugar para estacionar, acaba indo no concorrente”, comentou.

A empresária Andréia Duda diz que ficou muito feliz com a iniciativa tomada pelo Executivo. Porém, ela destaca que a atitude foi tomada tardiamente, uma vez que a comunidade vem sofrendo já há muito tempo com os alagamentos que vêm acontecendo frequentemente na região. Somente no mês de dezembro, foram três ocorrências na área central da cidade. “Não é um desastre natural, como o que aconteceu em julho de 2014, é uma coisa que vem sendo muito desgastante. Então, não conseguimos ficar em nossas empresas tranquilos, não conseguimos dormir à noite, ficamos pensando que qualquer chuvinha vai alagar”, comentou.

Andréia relata que um grupo de 20 empresários da região sofre com as consequências dos alagamentos e estão preocupados com os prejuízos materiais e psicológicos. “Antes tarde do que nunca, mas a gente fica bastante feliz e vemos que algo tem que ser feito mesmo. Não podemos deixar que, na nossa cidade, que vem crescendo e tem muito a nos oferecer, este tipo de coisa venha ocorrendo. Não quero mais ver estas notícias de desastres, principalmente aqui no centro da cidade, que é a nossa entrada, e não podemos deixar que isso aconteça”, ressaltou.

A empresária destacou que o cancelamento do carnaval irá minimizar os prejuízos que os comerciantes locais têm neste período do ano. “Normalmente, uma semana antes do carnaval, a rua é fechada, tem todo aquele transtorno de estacionar, o pessoal já não vem mais para os nossos comércios. Por isso, não apoiamos o carnaval na nossa rua. É como a gente diz: vem o carnaval, por que não o Natal?”, indagou.

Andréia acredita que as obras no Arroio dos Pereiras já poderiam ter sido providenciadas. “Eu acredito que já deveria ter uma iniciativa por parte dos nossos políticos, mas esperamos que tudo corra bem, que dê certo e que realmente este projeto saia do papel, que não fique somente na promessa”, frisou.


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