Intenção da ACIAI e do Sindilojas é que nova lei autorize a abertura das lojas em horários diferenciados desde que sejam respeitadas as leis trabalhistas e as convenções estabelecidas com os sindicatos dos trabalhadores/Paulo Sava, com edição de texto de Rodrigo Zub
A Câmara Municipal pretende discutir um projeto de lei que visa flexibilizar o horário de funcionamento do comércio iratiense. A proposição está sendo discutida em parceria com a Associação Comercial e Empresarial (ACIAI) e o Sindicato do Comércio Varejista de Irati (Sindilojas).
Caso seja aprovada no legislativo e sancionada pelo prefeito Jorge Derbli, a nova lei possibilitará a abertura das lojas em horários diferenciados e até mesmo aos domingos e feriados, desde que sejam respeitadas as leis trabalhistas e as convenções estabelecidas com os sindicatos dos trabalhadores.
A reportagem da Najuá foi às ruas para saber a opinião de funcionários e da população em geral sobre o tema. A vendedora Maria Makiolki diz que não é favorável à abertura das lojas aos finais de semana. “Está ótimo no sábado até às 15 horas, pois os funcionários precisam descansar um pouco também, está ótimo o horário assim”, frisou.
Já para Eliton José Pires, cliente do comércio iratiense, o funcionamento das lojas no fim de semana dará oportunidade às pessoas que não têm possibilidade de fazer compras de segunda a sexta. “No final de semana até seria legal porque muita gente não pode ir às lojas durante o meio da semana para comprar as coisas. Seria bom, lógico que teria mais serviço, mas digamos que teria folga no meio de semana para os funcionários. É bom para quem precisa comprar alguma coisa e trabalha das 8h da manhã até as 5 horas da tarde, ficando com pouco tempo para ver as coisas. Eu acho que seria interessante”, pontuou.
Opinião semelhante foi compartilhada pelo cliente Paulo Bocko, que também compra no comércio de Irati. “Para mim, é uma boa, é muito viável abrir principalmente aos domingos. Às vezes, temos compromissos e não temos horário durante a semana. Assim, poderemos sair com a esposa e os netos, dar um passeio e aproveitar para comprar alguma coisa quando o comércio estiver aberto, principalmente as lojas”, opinou.
A gerente de loja, Patrícia das Graças Ferreira, citou que a extensão do horário de atendimento do comércio vai gerar outras demandas como a criação de novas vagas em creches para atender os pais que não tem onde deixar os filhos. Patrícia também salienta que as mulheres precisam de um tempo para se dedicar a outras atividades.
“Que a gente consiga vender e trabalhar bem, mas que também tem meninas que têm criança na creche e marido e precisa trabalhar. Tem que ter um horário bom para elas poderem ir para casa e fazerem as coisas. Não é só trabalhar e trabalhar, tem que fazer um horário que seja bom para ambas as partes. Tudo bem que você precisa do emprego, mas também é necessário ter vida própria”, frisou
A cliente Luci Fabri avalia que o horário de atendimento do comércio que está em vigor é satisfatório. “Eu acho que o horário de atendimento está bom, trabalhar à noite já não fica muito bem. Eu tenho comércio, e se for para trabalhar à noite não rola. Trabalhar no sábado até vai, mas no domingo não. Domingo é para descansar”, frisou.
O comerciante aposentado Sebastião Rodrigues também acredita que o horário de atendimento do comércio está bom e atende as necessidades dos consumidores. “Eu acho que, do jeito que está, é bom, porque abrir e fechar mais tarde não adianta, para mim não faz diferença hoje não”, comentou.
Já na opinião do iratiense William Diego de Oliveira, que passava por um estabelecimento comercial quando foi abordado pela reportagem, a abertura do comércio nos finais de semana seria uma opção de lazer para as famílias. “É muito bom, a gente sai com a família nos finais de semana e o comércio fechado deixa de ganhar e todos nós perdemos. A cidade não cresce, não tem renda e sábado só até meio-dia não resolve, tem que ser o final de semana inteiro, dá uma opção de compra a mais”, comentou ele, que também é cliente das lojas de Irati.
Para o gerente Ismael Gomes de Oliveira Júnior, a ampliação do horário de atendimento vai obrigar os empresários a contratarem novos funcionários. No entanto, segundo ele, o retorno financeiro para as empresas se manterem não é garantido.
“Na verdade, seria uma boa, mas teríamos que reestruturar o nosso quadro porque não podemos sobrecarregar nossos funcionários. Por exemplo, o horário hoje é até às 18 horas, então o ideal seria até 18h30, no máximo. Porém, tem que ver como vai ser a reestruturação do quadro funcional, mas nossos funcionários têm uma vida fora do comércio. Se tivesse um retorno financeiro, automaticamente poderia ficar aberto até as 09 horas [da noite], mas tem que ver se existe isto para nós. Temos retorno financeiro na época do Natal, mas fora disso se torna inviável”, frisou.
Já o cliente Manuel questionou a falta de transporte público nos domingos e feriados, o que dificultaria o deslocamento tanto de funcionários quanto de clientes para o comércio.
Na opinião de José Hur, conhecido como “Nego”, “Irati não tem potencial para abrir o comércio em horário estendido e feriados, como estão querendo. Nosso comércio não tem movimento nos dias normais”, comentou.
Já na opinião do ouvinte Tadeu, o comércio precisa ser livre. “Abre quem quer e vai de acordo com os funcionários”, frisou. Ele contou que trabalhou durante muitos anos em plantões e que só tinha os finais de semana para de folga. Alem disso, ele lembrou que existem outros estabelecimentos que também abrem todos os dias, como postos de combustíveis, lanchonetes, farmácias, entre outros.
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Na opinião da ex-vendedora Aline, o salário pago pelos empresários do comércio não é alto. Além disso, ela diz que “quem tem filhos, dá graça de chegar em casa e poder curtir a residência, os filhos, o esposo, a esposa, e sábado até as 15 horas está ótimo. Até chegar em casa, já é 16 horas e tem pouco tempo para ficar com a família. O domingo é o único dia inteiro para aproveitar”, comentou, reclamando sobre a possibilidade de abertura do comércio aos domingos.
O ouvinte Sérgio Meira acredita que o comércio não deve abrir aos finais de semana porque as pessoas vão às lojas somente para passear e acabam não comprando nada, e disse que domingo é dia de descanso.
Já a ouvinte Eva diz que o comércio deve abrir aos domingos e feriados, a exemplo do que ocorre em cidades como Ponta Grossa e Curitiba. Isto, segundo ela, possibilitaria a contratação de novos profissionais, incrementando a geração de empregos no município.
Nelson Lima, que também é cliente das lojas iratienses, também questionou a falta de CMEIs para as trabalhadoras do comércio deixarem seus filhos nos horários estendidos do comércio. “Haverá creches abertas nos domingos, feriados e finais de semana para que os pais possam deixar seus filhos?”, questionou ele, que ressaltou ainda que não há possibilidade de comparar o comércio iratiense com o de Curitiba ou Ponta Grossa, que são cidades maiores e têm maior fluxo de clientes que Irati.
O sapateiro Amorim também acredita que Irati não tem suporte para abrir aos finais de semana. “Isto iria aumentar a carga de serviços e acarretar prejuízos para os donos de estabelecimentos”, frisou.
O ouvinte Renato disse ser favorável à flexibilização do horário do comércio. “Se o proprietário quiser abrir, está ótimo, pois vai gerar mais emprego e deve ter revezamento de funcionários. Como no projeto não é obrigatória a abertura, sou favorável”, comentou.
Na opinião da cliente Mariângela, o horário de fechamento do comércio às 18 horas é limitado, pois a maioria das pessoas trabalha até este horário, e se houver a flexibilização, vai movimentar o comércio. “Terá mais escalas de trabalho e assim teremos mais empregos”, frisou.
Antônio, morador do Jardim Virgínia, diz não ser favorável à abertura do comércio aos domingos. “Eu acho que tem gente que diz para abrir porque vai gerar emprego, mas acho que esta pessoa está em casa, sossegado com a família. Tem que pensar pelo lado do empregado, que trabalha a semana inteira e vai trabalhar aos domingos e feriados. Quem trabalha também tem família para passar o final de semana. A questão não é trabalhar sábado, domingo e feriados para gerar emprego, mas sim de Irati criar vergonha e começar a abrir empresas para começar a gerar empregos em dias de semana, e não aos finais de semana. Veja o nível de Ponta Grossa, quanta empresa tem, e é isto que Irati tem que fazer e abrir mais fábricas para dar empregos, e não trabalhar aos feriados, sábados e domingos. Isto não vai gerar empregos, mas sim a escravidão do coitado que trabalha nestes dias”, afirmou.
O ouvinte Renato, de Prudentópolis, afirma que o funcionário vai trocar a folga do domingo por um dia da semana, o que pode causar prejuízo aos trabalhadores. “O funcionário já vai trocar a folga do domingo, em que ele podia sair com a esposa e os filhos, trabalha domingo e dão folga para ele no dia da semana. Na semana, geralmente a esposa vai trabalhar e os filhos vão para a escola, e ele perde o lazer e a folga do domingo. E ainda, os patrões não pagam este domingo, porque foi trocado por folga. Eu já passei bastante por isto, eles mandam você ir trabalhar no domingo, e trocam por uma folga na semana e não pagam este domingo para você. Isto é certo? Gostaria de saber disso também”, pontuou.