4ª etapa acontece neste final de semana, no sábado (17) e domingo (18), no campus do IFPR. Em entrevista à Najuá, o presidente da Associação Desportiva e Paradesportiva Irati (ADEPI), Cleverton Leal de Jesus, o Cré, e o atleta Matheus Jacumasso deram mais detalhes sobre a competição e os treinos da equipe/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira
O campus iratiense do Instituto Federal do Paraná (IFPR), na Vila Matilde, sedia neste final de semana, no sábado (17) e no domingo (18), a 4ª etapa do Campeonato Paranaense de Tênis de Mesa. As três etapas anteriores foram realizadas em Londrina (27 e 28 de abril); São José dos Pinhais (25 e 26 de maio) e Foz do Iguaçu (22 e 23 de junho). Depois de Irati, ainda serão realizadas mais três etapas: Cascavel (7 e 8 de setembro); Toledo (28 e 29 de setembro) e Curitiba (19 e 20 de outubro), segundo a Federação de Tênis de Mesa do Paraná (FTMP), que promove a competição.
Esta é a primeira vez que Irati recebe uma etapa do Campeonato, conforme o presidente da Associação Desportiva e Paradesportiva Irati (ADEPI), Cleverton Leal de Jesus, mais conhecido como Cré. “Como a cidade está bem localizada, numa região central dentro do Estado, bastante atletas que estavam até há um tempinho parados resolveram vir na etapa. Por ser a primeira etapa realizada na cidade e por quererem conhecer a cidade também, então, hoje, temos 585 inscritos na chamada Competição Olímpica e 14 atletas na Competição Paralímpica. Então, são 599 inscritos para essa competição”, destaca.
Não haverá cobrança de ingresso para acompanhar o evento. Porém, Cleverton alerta que o público deverá manter o silêncio em alguns momentos porque o tênis de mesa exige a concentração dos competidores. “O público pode assistir. A única questão é a interação com o esporte, que é muito diferente de um futebol, por exemplo. Geralmente, pede-se que o público não se manifeste enquanto o ponto está rolando, devido ao nível de concentração. Quando acabou o ponto do atleta, se manifesta batendo palmas. Acabou ali, deu uns segundinhos que o atleta vai dar o saque, pedimos que a torcida se contenha para voltar a concentração do ponto”.
Quer receber notícias pelo Whatsapp?
A definição das sedes das etapas ocorre durante a reunião anual da FTMP, quando são determinadas as datas dos eventos e quem vai participar do sorteio para essas competições, segundo Cré. “Como nossa cidade está pleiteando pela primeira vez, então, no começo do ano passado, em 2023, fiz a solicitação para esse ano, para a realização. Devido a muitas exigências que a Federação faz – mesas, redes, espaço adequado para isso – então pedi um tempo um pouquinho maior para que pudéssemos organizar. Graças aos nossos patrocinadores, ao pessoal da Secretaria [Municipal] de Esportes, que nos ajudou muito, conseguimos trazer para agosto, agora, essa etapa”, explica o presidente da ADEPI. Para 2025, já estão pré-definidas as sedes de cinco etapas: Maringá, Curitiba, Paranaguá, Guaíra e Guarapuava.
Além de competidores de Irati, outras cidades que terão representantes são Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Londrina, Curitiba, Maringá, Toledo e Cascavel – campeã dos Jogos Abertos do Paraná em 2023. A equipe iratiense é composta de 17 atletas praticantes do tênis de mesa. O presidente da ADEPI explica que a Associação congrega outras modalidades esportivas que possuem paratletas, mas que este ainda não é o caso do tênis de mesa.
Naipes e categorias: Os atletas da equipe iratiense de tênis de mesa são desde o Sub 11 (nascidos em 2013 e 2014) até o V4, para veteranos na “faixa dos 40” – nascidos de 1975 a 1984. “Na competição, existe a categoria do Sub 7 – crianças abaixo de sete anos, acho que o mais novo é o atleta de Londrina, Rafael Henrique, que tem cinco anos. Ele nem alcança a mesa, mas já está batendo bola. E temos os atletas acima de 70 anos. Então, é um esporte muito eclético e dá essa possibilidade a todas as idades participarem”, destaca Cleverton.
O Campeonato possui os naipes masculino e feminino e as categorias Sub 7 (nascidos após 2017); Sub 9 (nascidos em 2015 e 2016); Sub 11 (nascidos em 2013 e 2014); Sub 13 (nascidos em 2011 e 2012); Sub 15 (nascidos em 2009 e 2010); Sub 19 (nascidos de 2005 a 2008); Sub 21 (nascidos em 2003 e 2004); Adulto (nascidos de 1995 a 2002); Absoluto (idade livre); Sênior/Lady V3, para quem está na faixa dos 30 – nascidos de 1985 a 1994; Veterano 40 – V4 (nascidos de 1975 a 1984); Veterano 50 – V5 (nascidos de 1965 a 1974); Veterano 60 – V6 (nascidos de 1955 a 1964) e Veterano 70 – V7 (nascidos antes de 1954).
Estrutura: Com tantos atletas e diferentes categorias, o campeonato demanda estrutura com mesas, material esportivo e arbitragem suficientes para a realização de várias partidas simultâneas. De acordo com o presidente da ADEPI, é atribuição da associação-sede a responsabilidade por encontrar o local para a realização da etapa. “Conseguimos, junto à diretora Patrícia [Tiuman], do IFPR, o ginásio, que tem todas as acomodações e é adaptado, que é o mais importante. A Federação que faz a organização dos jogos, a formatação dos grupos e os horários de jogos. A estrutura quem tem que fornecer é também a associação-sede. Hoje, é necessário para esse número de inscritos, no mínimo, 22 mesas. A cada rodada, acontecem 22 jogos simultâneos”, explica.
A arbitragem também fica a cargo da FTMP. Na etapa de Irati, a competição será limitada à modalidade individual, em categorias por idade. São 30 categorias, entre masculino e feminino, do Sub 7 ao V7. O Absoluto é subdividido em duas categorias: A e B. Cleverton, de 48 anos, portanto, da categoria V4, é o atleta mais velho da equipe iratiense, que não possui representantes na V5, na V6 nem na V7.
Para poder disputar o Campeonato Paranaense, a associação desportiva precisa estar vinculada à federação estadual. A associação, clube ou entidade esportiva paga uma anuidade para ter o direito de federar os atletas junto à Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, à qual a FTMP é filiada.
“Os atletas vêm até o clube, se filiam ao clube, que faz as inscrições desses atletas. É obrigatório ao clube participar, no mínimo, por dois anos, de competições de nível estadual para ter direito a [sediar] uma etapa. E, claro, seus resultados e um número crescente de atletas. Quando comecei, em 2018, estávamos com três atletas. Não poderia ter menos que isso no próximo ano. Fomos crescendo e, hoje, temos 17. Com isso, a Federação nos disponibiliza a etapa”, detalha.
Treinos: A equipe da ADEPI realiza os treinos de tênis de mesa no barracão esportivo Vadico Cabral, anexo ao Estádio Municipal Abrahm Nagib Nejm, na Rua Vitória Monte Castelo, no bairro Fósforo. “Ali, nós temos um espaço que comporta oito mesas. Temos dois horários, todos os dias, de segunda a sexta-feira, das 18h30 até 21h30. Na segunda, quarta e sexta, é a equipe de avançados, que participam das competições em si. Até temos atletas lá que ainda não estão na Federação, mas participam de campeonatos regionais, então, fazem parte do avançado. Os iniciantes, que ainda não conhecem nem como pegar uma raquete nem o que é o esporte, [treinam] nas terças e quintas. Os intermediários, também. Das 18h30 às 20h, para os iniciantes, e das 20h às 21h30 para os intermediários”, conta. Cleverton comanda as equipes dos avançados, enquanto o professor Luiz Henrique Schereda, da Associação de Tênis de Mesa de Irati (ATEMI) treina os iniciantes e os intermediários.
O atleta Matheus Jacumasso, de 15 anos, é um dos integrantes da equipe iratiense no Campeonato Paranaense. “Eu já jogava, desde mais novo, ping-pong, que é que a maioria das pessoas joga, para brincar e se divertir. Mas começar a treinar o tênis de mesa de verdade, comecei dois anos e meio atrás”, conta.
Segundo Matheus, não há como comparar o ping-pong com o tênis de mesa. “É muito efeito, muita variação”, diz. “Muita velocidade. Na verdade, existem pesquisas que comprovam que o tênis de mesa é o esporte mais complexo a ser praticado, devido à sua velocidade, tempo de reação e habilidade em detectar o que teu adversário está fazendo, para que você possa responder da forma correta e fazer uma boa recepção”, complementa Cleverton.
Matheus compete nas categorias Sub 15 e Sub 19. “Esse ano, participei de uma competição nacional, que é o TMB Challenge Plus, e consegui conquistar o 2º lugar na minha categoria (rating L)”, conta. Essa competição classifica os competidores por nível de pontuação e não por idade. Cleverton explica que a competição nacional pode classificar os atletas por nível técnico (ranqueamento) ou por idade.
Matheus treina diariamente, de segunda a sexta, três horas por dia. “Normalmente, os treinos são de repetição. Todo dia, a mesma coisa, para tentar melhorar. Às vezes, tem alguma coisa diferente, uns exercícios, mas a maioria dos dias de treino, é a mesma coisa”, descreve o atleta, para quem quanto mais se pratica, melhor fica. “Além do Matheus, temos outros atletas com enorme facilidade de aprendizado, o que ajuda muito. Sem contar o apoio da família, pois é importantíssimo que eles tenham uma frequência. O esporte é muito complexo. A bolinha tem um giro que pode chegar a 50 rotações por segundo e, se você não souber fazer a leitura, a bolinha vai para um determinado lado que você não espera. A assiduidade deles nos treinos, a família ajudando, é importantíssimo. O Matheus é um dos exemplos já consagrados, tanto é que ele é bolsista do município. Temos também o Gustavo Wachols e o Leandrinho, os dois fizeram a final dos Jogos Escolares aqui em Irati, na Fase Regional e daí foram para a Macrorregional, em Guarapuava. Aqui, Leandrinho foi o campeão e o Gustavo em 2º. Na Macro, se inverteu o resultado”, relembra o presidente da ADEPI.
Na fase final dos Jogos Escolares, Leandrinho foi eliminado nas quartas de final, quando perdeu para Henrique Rocha, de Londrina, que terminou a competição em 2º. Gustavo foi até as semifinais e, por dois pontos, deixou de ir à decisão. “Estamos muito satisfeitos, muito felizes com eles pelo desempenho. Realmente, tem que ter uma boa percepção daquilo que pretendemos repassar a eles, devido a essa dificuldade do esporte. Mas temos muitas crianças boas ali, que ainda vão dar muitos frutos legais para Irati”, aposta Cleverton.
Entre as técnicas de tênis de mesa treinadas pela equipe, Cleverton explica que há movimentos similares aos praticados no tênis de quadra. Na quadra, o forehand é quando se golpeia a bola com a parte frontal da raquete, usando a mão dominante – a direita, para destros, e a esquerda, para canhotos – com a palma da mão virada para frente. No tênis de mesa, é quando você bate a bola com a raquete no movimento do braço direito – ao lado ou na frente do corpo, com a palma da mão da raquete de frente para o oponente. O backhand, na quadra, ocorre ao golpear a bola com as costas da palma da mão dominante voltada para a rede. No tênis de mesa, a bola é rebatida com as costas da mão da raquete de frente para o oponente.
“Só que existem ângulos a serem batidos, na posição da bola, no local da bola correto, que aí chamamos de drive. Esse é o principal movimento, que faz com que a bola gire em maior rotação e ganhe velocidade ao pingar na mesa e tente dificultar a recepção do adversário. Então, insistimos muito na repetição de drives. Quanto antes conseguirmos o ponto, fica mais fácil”, detalha Cleverton.
Inspirações: Matheus conta que acompanhou todos os jogos de tênis de mesa durante as Olimpíadas de Paris, na França, em especial os do mesatenista carioca Hugo Calderano, de 28 anos. Calderano perdeu a disputa do bronze para Felix Lebrun, considerado um dos grandes prodígios do esporte francês. Mesmo assim, Calderano obteve o melhor resultado da história da América do Sul na modalidade, ao ficar em 4º lugar. “Ele é a inspiração acho que da maioria dos brasileiros, porque ele é um dos melhores do mundo atualmente. Ele chegou na semifinal e, infelizmente, perdeu, mas tinha grandes chances de ser campeão até das Olimpíadas, mas não deu dessa vez”, comenta.
Para Cleverton, é bom que os atletas mais jovens tenham essas referências para se inspirar. “Ajuda, porque eles se espelham, principalmente, na movimentação. O jogo também, apesar de ser numa mesa, exige uma movimentação de perna, uma movimentação de quadril que faz uma diferença enorme na conclusão do movimento e do ponto. Então, ter essas inspirações, eles assistirem a esses jogos, é importantíssimo. Um dos atletas que sempre conhecíamos, antes do Hugo Calderano, que era o mais renomado, era o [paulista] Hugo Hoyama, que teve o maior número de medalhas no Pan-Americano. Hoje, com o feito do Hugo Calderano, ele está ‘explodindo’ nas redes sociais e foi o melhor resultado que o Brasil conseguiu numa Olimpíada. O Brasil nunca havia passado das oitavas de final”, relembra.
Em Jogos Pan-Americanos, Hugo Hoyama obteve dez medalhas de ouro, uma de prata e quatro de bronze. Hoyama, hoje com 55 anos, está no seleto grupo de atletas com seis participações em Jogos Olímpicos: Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012).
Pontuação na competição: No Campeonato Paranaense de Tênis de Mesa, cada set vai até 11 pontos da mesma forma que nos Jogos Olímpicos. “O que difere do Campeonato Olímpico e Mundial é o número de sets. Toda e qualquer partida, isso depende da regra, que nem os Jogos Escolares, é o melhor de três sets, mas cada set é definido em 11 pontos. Se acaso os dois atletas alcançaram 10 a 10, daí vai a dois e determina quem abrir dois pontos antes. Mas, no Paranaense e no Nacional, é o melhor de cinco sets. Se ganhou três [sets consecutivos], ganhou a partida. Chegou a dois a dois, vai para o tiebreak e o último set define quem é o vencedor da partida”, explica Cleverton.
Classificação: O Campeonato Paranaense de Tênis de Mesa se estende por sete etapas. Na última, é somada a pontuação geral. A equipe que levou mais atletas ou que teve melhores resultados recebe o Troféu Eficiência e os três atletas que conseguirem as maiores pontuações vão fazer parte da seleção paranaense de tênis de mesa nas competições nacionais do ano seguinte. “O nível de atletas no Paraná é bem forte. Hoje, o Paraná é considerado a terceira força do tênis de mesa. Era a quarta, foi a quinta e hoje já é a terceira”, enfatiza.
Além do Campeonato Paranaense, ao longo do ano, a equipe de tênis de mesa de Irati disputa outras competições, a exemplo de uma em Ponta Grossa, outra em São José dos Pinhais e, semana passada, em Curitiba, no Clube Thalia, com resultados expressivos: um 1º lugar; um 2º e dois 3ºs.
Matheus ressalta que vem se preparando bastante desde a última etapa do Paranaense, que ocorreu há dois meses. “Venho treinando bastante nesse tempo, tentando me concentrar ao máximo, chegar lá bem focado para tentar ir longe nessa etapa”, garante.
Serviço
Etapa Irati do Campeonato Paranaense de Tênis de Mesa
Campus IFPR – Rua Pedro Koppe, 100 – Vila Matilde – Irati (PR)
Sábado (17) e Domingo (18), a partir das 8h