Irati realiza campanha de Prevenção e Diagnóstico de Câncer Bucal

Campanha realizada na semana passada por profissionais do hospital Erasto Gaertner buscou a identificação de…

14 de novembro de 2023 às 23h15m

Campanha realizada na semana passada por profissionais do hospital Erasto Gaertner buscou a identificação de casos precoces na região

População preencheu questionário e passou por exames clínicos para identificar lesões e patologias que envolvam a boca. Foto: Paulo Sava

A 7ª Campanha de Prevenção e Diagnóstico de Câncer Bucal levou atendimento gratuito para a Rua da Cidadania, no centro de Irati, na semana passada. Foram realizados exames clínicos com profissionais do hospital Erasto Gaertner, de Curitiba.

A campanha é realizada em Irati desde 2017 e busca a prevenção e o diagnóstico de lesões e patologias que envolvam a boca, em especial casos de câncer. O secretário Municipal de Saúde, João Almeida Junior, destaca que o objetivo é a prevenção “É para nós diagnosticarmos precocemente o câncer. Para que nós tenhamos tratamento, para que nós possamos ter como tratar a população e como fazer com que a pessoa saia de uma doença dessa saudável, com pleno gozo de toda a sua atividade, toda a sua vida no pós-doença”, disse.

De acordo com o coordenador de saúde bucal da secretaria de Saúde de Irati, Roberto Van der Laars, a região é propensa a ter casos de câncer. “A nossa região tem um alto índice de prevalência. Acontece muito o câncer em Irati porque a nossa população é de pele com muito clara, olhos claros, agricultores que estão se expondo ao sol com muita intensidade, sem a proteção adequada. O câncer de lábio acontece muito frequentemente. Nós temos uma região que tem uma prevalência um pouquinho fora da curva em relação à média do País”, conta.

O público-alvo das avaliações foi de pessoas acima de 30 anos. Quem participou da atividade, recebeu informações de educação preventiva, como fotos de lesões e folhetos explicativos de autoexame e medidas profiláticas.

Roberto destaca ainda que é importante que as pessoas façam os exames e percam o medo de identificar alguma doença. “Nós temos visto, infelizmente, muitos casos aparecendo e o nosso apelo é para que as pessoas não fiquem na dúvida. Venha tirar dúvida porque a pessoa tem medo. Eu abordei uma senhora mais cedo. ‘Venha fazer o exame’. Ela falou que não. ‘Não quero fazer o exame porque eu tenho medo de que se encontre algo’. Mas você não tem que ter medo de encontrar algo. Você tem que ter medo é que aquele algo te encontre e você tem uma evolução de uma doença que é gravíssima, que causa sequelas gravíssimas e que causa a morte. Um exame simples, que dura cinco minutos, pode potencialmente salvar a vida da pessoa”, disse.

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O diagnóstico precoce permite que o paciente tenha uma maior recuperação. “Quando você tem o diagnóstico precoce, você descobriu cedo que você tem um câncer de boca, uma lesão bem Inicial, você tem índices de potencialmente de cura acima de 90%. Se você já tem uma lesão que cresceu, que ela já se infiltrou para os tecidos adjacentes, ou seja, ela não está só na parte mais superficial, já pode ser mais difícil de tratar e, às vezes, até o tratamento se torna inviável, de uma maneira conservadora, você tem que acabar mutilando a pessoa, tirando partes da pessoa”, explica o coordenador de saúde bucal.

Nos casos de diagnóstico tardio, há mais chance de mutilação do paciente, já que é preciso retirar a parte onde está o tumor. Roberto alerta que o tratamento do tumor quando ele está pequeno dá mais chance ao paciente. “Nenhuma lesão começa grande. Todas elas começam muito pequenas. Toda a lesão de câncer começa com uma célula apenas. Ela vai se multiplicando, vai aumentando e vai aumentando. Se você pega ela pequena, você tem um índice de cura muito alto. Se você pega ela já infiltrada, já enraizada, você vai ter um índice de cura cada vez menor e um índice de mutilação cada vez maior. Isso causa problema seríssimos na vida social da pessoa, na qualidade de vida da pessoa”, conta.

O diagnóstico tardio pode impossibilitar a cura do paciente. É o que aconteceu com um paciente que foi atendido na campanha realizada no ano passado. “Infelizmente, o ano passado tivemos um paciente que se apresentou aqui. Veio a falecer em menos de dois meses depois. Ele já estava com uma lesão bem grande. Já era uma lesão que tinha o tamanho de uma bola de ping pong. Quando está assim, geralmente já não está localizada. O câncer pode ir para outras partes do corpo. Isso se chama metástase. O câncer começa, por exemplo, na boca e algumas dessas células mutadas vão pelo sangue e se alojam em outra parte do corpo e lá formam um novo tumor”, disse.

O coordenador de saúde bucal destaca que o câncer em estágio inicial não apresenta sintomas graves e que quando há dor, é sinal de que o tumor já está evoluído. “Quando dói já está evoluído esse problema. Geralmente uma lesão de câncer quando ela é bem inicial, ela não apresenta sintoma. É por isso que é importante buscar um atendimento profissional. A pessoa não consegue ser autodiagnosticar”, conta.

Entre os fatores que podem auxiliar o aparecimento de algum câncer está a falta de uso de protetor solar e abuso de álcool e cigarro. “O sol é um fator muito importante, então a proteção solar é muito importante. Usar chapéu, usar protetor solar. Você tem o álcool. A pessoa que faz abuso do consumo de bebida alcoólica. O tabaco, que é o cigarro. A associação do álcool e o tabaco é uma fórmula que é praticamente causadora, já não se chama mais de fator de risco, se chama de fatores causadores, o tabaco e o álcool”, disse.

No caso do cigarro, são diversos fatores que causam um tumor. “O tabaco tem vários fatores só nele. A temperatura, a fumaça e as milhares de substâncias nocivas que tem na fumaça. O principal problema do tabaco é a nicotina, que é o que faz o cidadão adquirir o vício em relação ao tabaco. Quanto mais a pessoa fuma, maior é a chance de desenvolver problemas, seja de câncer de boca, de pulmão, problemas como enfisema pulmonar e outros tantos problemas que podem causar”, explica.

O coordenador de saúde bucal da secretaria de Saúde de Irati alerta que os cigarros de palha, feitos à mão, são ainda mais perigosos. “O cigarro de palha é mais prejudicial do que o cigarro industrializado. Cada cigarrinho de palha vai ter uma equivalência aproximada com quatro a cinco cigarros industrializados”, alerta.

Nos cigarros eletrônicos, o risco não é a temperatura, mas a densidade da fumaça que é inalada. “Ele diminui a temperatura naquela fumaça que é inalada. Ela é fria. Então, não tem o fator da temperatura, mas ela tem a questão de que a densidade de fumaça que é tragada é muito maior. Vai causar problema no pulmão, a regeneração alveolar vai ficar comprometida. Os cigarros eletrônicos, os vapes, pods, esses aparatos que são utilizados atualmente também são potencialmente causadores de problemas como câncer de boca, esôfago e pulmão”, explica.

Outro fator de risco são as temperaturas de bebidas como café e chimarrão. “Por exemplo, a pessoa toma o café muito quente, toma o chimarrão muito quente ou mesmo comidas muito quentes, que vão ali maltratando diariamente aquela língua, aquela garganta. Isso pode também desenvolver”, conta.

Segundo Roberto, a temperatura ideal é de 60°C. “70 °C é o que tem de limite de dor. Se você colocar algo a 70 graus e encostar no seu lábio vai doer. Se você vai pôr a boca na bomba do chimarrão e doer um pouquinho o seu lábio, aquilo está muito quente. Existem até garrafinhas que tem termômetro. Você pode ter no aparelho que esquenta a água, existe de esquentar água que você regula a temperatura”, aconselha.

Quem não tem termômetro pode usar a tática da palma da mão. “Não pode doer. Você não pode sentir absolutamente nenhum desconforto ao tocar aquela temperatura no lábio, na língua. Da mesma maneira que você vai testar a mamadeira do bebê para não dar muito quente para ele tomar, você também tem que testar para você tomar”, explica.

A genética é outro fator que pode auxiliar no aparecimento de algum tumor. “A pessoa tem uma pré-disposição genética a desenvolver certo tipo de doença e o câncer também se enquadra com o fator genético sendo bastante importante”, disse.

Para se proteger, além de evitar o uso de substâncias nocivas, também é preciso usar protetor solar. No caso da boca, há protetores solares especiais para os lábios. “O jeito ideal é protetor solar labial. A manteiga de cacau não protege o lábio contra o sol, contra queimaduras. Ela vai basicamente engordurar os lábios e se você for para o sol com gorduras vai fritar o seu lábio. A manteiga de cacau não é indicada como proteção para o lábio em relação ao sol, de jeito nenhum. O que se deve usar é o protetor solar para lábio. Aí você vai ter uma proteção adequada”, conta.

A escovação dos dentes é outro meio eficaz para a proteção, especialmente antes e depois de dormir. “Durante o sono, dormimos por várias horas e durante o sono a nossa boca produz menos saliva. Tende a ficar mais ácida. A acidez é inimiga da saúde dentro da boca. Quanto mais tempo passa você sem escovar os dentes, mais ácida a sua boca vai ficar e maior probabilidade de se desenvolver problemas com a boca estando ácida. A frequência ideal de escovar os dentes é a cada quatro a cinco horas. Claro que ninguém vai acordar de madrugada para escovar os dentes porque dormiu mais que quatro horas. Mas sempre evitar de toda maneira dormir sem escovar os dentes e também escovar os dentes depois que acordar, antes de sair de casa e após todas as refeições”, disse.

Roberto alerta que a escolha da escova precisa ser adequada para cada tipo de pessoa. “Escova boa é a escova macia. Evitar escovas duras ou médias. Procurar sempre as macias, com a cabeça pequena. Tem aquele número: escova número 30, número 35. Aquele número são quantos tufinhos de cerdas tem na cabeça da escova. Se uma pessoa é uma pessoa menor, ela tem que usar uma escova menor. Se ela é uma pessoa maior, ela pode usar uma escova maior. É importante sempre usar uma escova do tamanho adequado e, de preferência, com as cerdas mais macias que você encontrar. Macias ou extra macias. A escovação sempre após qualquer refeição, sempre antes de se deitar, antes de dormir e sempre ao levantar”, conta.

O cuidado da higiene pessoal é importante para que a prevenção seja eficaz. “A relação de cuidado diário já vai ter uma resposta porque se a pessoa tem um cuidado diário adequado, ela vai se observar mais. Ela vai ver uma alteração antes. Se uma pessoa não tem um cuidado diária adequado, é uma pessoa que, infelizmente, seja mais desleixada, ela vai descobrir depois alguma coisa que tiver causando problema. O cuidado diário é fundamental”, disse.

Os pacientes que tiveram alguma alteração durante a campanha foram encaminhados para uma avaliação mais detalhada em unidades de referência. “Quando nós diagnosticamos uma lesão potencialmente maligna aqui, ela vai poder ter dois caminhos. Ela vai diretamente para o braço de Curitiba [Erasto], se for uma lesão um pouco mais evoluída ou ela vai poder entrar pela Secretaria de Saúde, com o nosso departamento, para fazer o que se chama de biópsia, que é quando você remove um pedaço ou a totalidade dessa lesão e encaminha para o laboratório para fazer o exame para determinar que tipo de lesão ela é. A partir disso, você teve a confirmação desse diagnóstico, através do exame do laboratório, você vai rapidamente caminhar para o tratamento no centro especializado de tratamento oncológico. Sai da odontologia e vai para oncologia”, explica.

A campanha é uma iniciativa do hospital Erasto Gaertner em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e do Conselho Regional de Odontologia do Paraná.

Atendimentos: No último mês, o Hospital Erasto Gaertner liberou códigos de atendimento para pacientes oncológicos da 4ª Regional de Saúde. A partir deste mês de novembro, serão 100 códigos liberados por mês. Para o secretário de Saúde, João Almeida Junior, a ação auxilia nos atendimentos de casos de câncer da região. “Isso é uma independência nossa na região. Nós não vamos ficar dependendo pedindo por favor. Não vamos ter mais aquelas filas de 30, 40, até 80 pacientes que nós chegamos a ter, esperando o atendimento precoce. Fortalece a saúde na região”, conta.

O secretário explica que com o código é possível ter um atendimento local. “Esse código de transação parece uma coisa muito pequena, mas não é. É um passo gigantesco de toda a região para que nós tenhamos o atendimento que nossa população merece, sem estar que pedindo, implorando por favor para que os hospitais da região metropolitana dessem o código de transação. Muitas vezes, o paciente – e isso que sempre me comovia – eu penso num paciente lá do interior do Inácio Martins. Ele teria que sair da sua casa praticamente 9 , 10 h da noite, para ser atendido lá em Campina Grande do Sul, no Angelina Caron, no outro dia, 10 horas da manhã, passando todo esse atendimento e voltando praticamente meia-noite para casa. O paciente ficava mais de 24 horas na dependência desse atendimento. Agora com o Erasto aqui, com os códigos aqui, esse paciente vai ser diagnosticado, vai ser tratado e vai ser iniciado o tratamento mais rápido aqui na região”, explica.

No setor odontológico, o secretário destacou que há novidades para os pacientes de Irati, com a ampliação de serviços. “Nós estamos agora licitando, por exemplo, no Alto da Lagoa. Nós vamos ter um consultório no Alto da Lagoa. Colocamos dentista, por exemplo, na linha de Gonçalves Júnior, Rio do Couro, Guamirim. Nós temos alguns problemas pontuais com auxiliares, que nós não temos no quadro da prefeitura para colocarmos, para chamarmos do concurso. Estamos vendo com o Jurídico como nós podemos fazer isso, mas queremos ampliar esse atendimento e ampliar também os horários de atendimento para que a população tenha, como nós temos na rede de medicina e na rede de enfermagem, todas as equipes com atendimento completo, nós queremos fazer isso até o final do ano com a odontologia”, disse.

O objetivo é auxiliar na infraestrutura para o atendimento dos pacientes. “Nós estamos equipando todos os consultórios. Queremos fazer com que os consultórios tenham toda a estrutura para que os profissionais tenham condições de trabalho e atender a população da maneira melhor possível”, conta.

Tenda onde foi realizada a campanha foi montada na Rua da Cidadania. Foto: Paulo Sava
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