Município contabiliza perdas na cidade, com alagamentos, e no interior, com lavouras destruídas por causa das chuvas, com prejuízos de aproximadamente R$ 25 milhões, conforme dados iniciais da prefeitura/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava
O município de Irati pretende decretar estado de emergência por causa do excesso de chuvas. Até o início da tarde desta segunda-feira, cerca de 124 pessoas tinham sido afetadas pelas chuvas do fim de semana. O mau tempo no mês de outubro ainda causou estragos para agricultores que perderam plantações, com prejuízos estimados em R$ 25 milhões, além da destruição de pontes e bueiros.
De acordo com o prefeito de Irati, Jorge Derbli, o decreto de emergência pode auxiliar o município a conseguir contratar empresas terceirizadas para recuperar pontes e bueiros. “Através desse decreto de emergência, abre a possibilidade, no que pare a chuva, de fazermos várias frentes de trabalho, terceirizando algumas empresas porque eu confesso para vocês, só a prefeitura, com equipamento que nós temos da prefeitura e com o efetivo, com os funcionários, nós não vamos conseguir atender tudo. Pelo menos de imediato. Com esse decreto de emergência, abre a possibilidade de eu contratar algumas empresas terceirizadas para nos ajudarem a fazer o serviço de maior emergência, como a recuperação de pontes, refazer bueiros e alguns pontos aqui da cidade também”, disse.
A documentação foi preparada na tarde desta segunda-feira (30), na prefeitura de Irati, e será encaminhada para os governos estadual e federal. “Esse decreto vai para Curitiba, no governo estadual, e no governo federal, em Brasília. Nós precisamos ter um respaldo com informações, com esses questionários, para que eles deem para nós também anuência. Não adianta eu decretar só em Irati e não ter o respaldo do governo estadual e federal. Nós estamos atrás de recursos. Vamos buscar ajuda do governo do Estado e do governo federal. Eles precisam constatar isso através do documento”, conta Derbli.
Na área rural de Irati, houve problemas em estradas das comunidades de Rio Preto, Água Mineral, Cerro da Ponte Alta, Rio do Couro, Rio Corrente, Pinheiro Machado e Linha E do Itapará, onde uma ponte foi arrastada. Conforme a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Irati, alguns locais que haviam sido afetados e recuperados neste mês, foram danificados novamente.
Houve destruição de pontes e de bueiros. A Secretaria de Viação e Serviços Rurais informou que houve perdas de 80 bueiros, problemas entre 15 a 20 cabeceiras de pontes, além de duas que foram arrastadas pela água, em Linha B e Linha E de Itapará.
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Um dos maiores prejuízos com as chuvas é com a agricultura. Há perdas nas produções de fumo, trigo, feijão, soja, frutas e cebola, além de problemas com a retirada do leite das propriedades e pastagens encharcadas. “Na questão da agricultura, que nós estamos vindo de um mês bastante chuvoso, nos relataram problemas na produção de soja. O que foi cultivado até agora, não nasceu, não germinou, não consegue desenvolver. A mesma coisa acontecendo com perdas no feijão, tabaco e também nas frutíferas, no cultivo de cebola, que está justamente no auge da colheita e agora estão com meia colheita – que está na roça colhida, mas não conseguem trazer para os barracões – e também que está abaixo da terra”, explica a coordenadora da Defesa Civil Municipal, Rosenilda Romaniw Bárbara.
Além das 124 pessoas afetadas pelas chuvas, há duas famílias que saíram de suas residências. Um caso foi na rua Padre Delile Ribeiro, onde uma pessoa saiu por vontade própria, já que sua casa é precária e foi atingida por um alagamento. Ela pediu auxílio para a prefeitura, que encaminhará a equipe da Secretaria de Habitação para visitar e vistoriar o local. Outro caso aconteceu na rua Cesário Fortes, onde uma família teve que sair porque a residência está próxima a um barranco. O caso também será encaminhado para a Secretaria de Habitação.
O prefeito explica que as pessoas que tiveram que sair de suas casas por causa das chuvas poderão ter aluguel provisório por meio da Secretaria de Assistência Social. Pela Secretaria de Habitação também é possível o encaminhamento das famílias para os programas habitacionais que acontecem no município. “Nós estamos num processo de adquirir várias casas. Dois processos, um é na Caixa Econômica Federal que estamos aguardando a liberação para a compra de 64 casas. Tem mais 18 casas da prefeitura através do Finisa [Programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento]”, conta.
A dragagem do Rio das Antas é outra medida que será retomada. “Nós temos sempre que estar fazendo esse trabalho contínuo, de fazer essa dragagem do rio. Agora recentemente o pessoal do IAT, antigo IAP, esteve aqui em Irati. Nós estávamos em uma briga, entre aspas, com eles, para renovação de uma autorização para continuarmos a dragagem do rio que estava vencida. Venceu este ano, nós pedimos a renovação. A constatação deles, quando eles vieram aqui em Irati, eu os levei para visitar todos os pontos aqui. No mesmo dia, à noite, me avisaram e liberaram para iniciarmos novamente essa dragagem. Tão logo a chuva abaixe, eu quero entrar com mutirão dentro desse Rio das Antas, começando pela Vila São João até à BR 277, fazer um rasgo e abrir esse rio. Na minha visão, a única coisa que ajuda aqui em Irati é abrir esse rio e deixar ele totalmente para que tenha uma vazão muito rápida da água, que tenha correnteza, no linguajar meu, para que a água vá logo embora e não alague”, conta Derbli.
O município de Irati também pretende dar continuidade às obras de drenagem. “O governo federal abriu uma frente de programas que se chama de Aceleração de Crescimento. Nós estamos também com a demanda de já pensar em obras estruturantes, que elas estão no plano de drenagem, para que nós possamos avançar um pouco mais e fazer obras que venham a reduzir as inundações e as enxurradas que temos dentro do município. Nos próximos dias, estaremos também trabalhando. Temos até dia 10 de novembro para apresentar as nossas propostas aqui de Irati”, explica a coordenadora da Defesa Civil.
Enquanto as obras não são feitas, a prefeitura pede que as pessoas tenham cuidado e não se arrisquem em caso de alagamento. “Seria um momento de cautela, que eu peço para a população, principalmente do interior para ter esse cuidado. À medida que dê condição de trabalhar, nós vamos entrar com todas as equipes, tanto aqui da cidade, como no interior, o pessoal para começarmos a refazer os bueiros, as pontes, todo o serviço se fizerem necessários”, disse o prefeito.
Quem for atingido e está em um local de risco, pode entrar em contato com o Corpo de Bombeiros pelo 193 ou pelo WhatsApp, no número (42) 3423-2181. Na prefeitura, o número geral é (42) 3132-6100.