Faça chuva ou faça sol, que venha a geada, vai ter morango/Jussara Harmuch
Assim como aconteceu com o pêssego, o morango tem tomado espaço nas plantações em Irati, especialmente na agricultura familiar. Faça chuva ou faça sol, que venha a geada, vai ter morango. Com a produção em ambiente controlado e o cultivo de espécies adaptáveis ao nosso clima, vindas do Chile, a Albion e San Andréas, o morango é produzido o ano todo. Na Feira do Produtor Iratiense conversei com o secretário de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar, Raimundo Gnatkowski (Mundio), e com a produtora Nilaine Koltun, que comercializa morangos na Feira do Produtor Iratiense, agora com nova fachada.

“São variedades importadas do Chile, Albion e San Andréas, são variedades que doze meses do ano você tem colheita. Isso faz com que a oferta não pare no comércio. Eles estão produzindo sem contato com o solo, ele é levantado do solo então o agricultor não tem se quer dor nas costas para colher, o que é bom né? É diferente da nossa época que nós recebíamos o teu pai lá Jussara, seu Nagib, e tinha que é se arcar para colhe. Hoje não, se colhe de pé, é melhor ainda”, relata Mundio.
O sistema adotado por produtores de Irati é semi-hidropônico, onde um cano de PVC grosso, chamado de “slab” recebe o composto de substrato e a muda é plantada.
“O sistema é semi-hidropônico, leva os nutrientes na água pelo cano que é chamado de ‘slab’, um cano grosso de plástico e dentro dele está todo o composto, o substrato, e a muda tá ali dentro”.
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Alguns produtores trabalham com a planta de forma orgânica, com controle exclusivamente biológico, é o caso do Maurício Henke, da Vila Rural. A secretaria pretende fazer mais cursos com os produtores para que eles comecem a trabalhar com o cultivo orgânico de forma experimental e ganhem confiança.
“Tem produtores que estão trabalhando com o orgânico. A tecnologia do controle biológico chegou na soja, no milho, em olericultura e no morango da mesma forma. Inclusive esse ano nós vamos fazer cursos para eles ganharem confiança no biológico. Se usa, por exemplo, o óleo de Neem [óleo obtido a partir da prensagem à frio das amêndoas de sementes de Neem indiano]. Não é plantar a Deus dará, plantar e deixar que ele se vire. Não, você ajuda a planta, coloca nutrição orgânica e ajuda ela a controlar o ácaro, os insetos com óleo de Neem.”
A demanda é maior que a produção. Hoje no município o morango é produzido em 15 propriedades diferentes e são mais de 25 estufas, gerando, em média 50 toneladas por ano.
“Nós temos 15 produtores, eu já diria, mais de vinte e cinco estufas. Só um produtor tem sete estufas. Fazendo a conta, com 25 estufas seriam dois mil pés em cada estufa, daria cinquenta mil pés ou mais, plantados. Então, se pode contar um quilo por pé, são cinquenta toneladas de morango produzido por ano aqui em Irati”.
O morango é uma fruta que está se adaptando muito bem. Com o cultivo em estufa a quantidade de água não encharca a raiz e não sofre com intempéries climáticas.

Nilaine Koltun é produtora e abre sua banca na feira as segundas e quartas, das 14h às 19horas e aos sábados das 7h ao meio dia. Ela vende morangos frescos, geleia e polpa. O vidro pequeno de geleia custa R$ 12,00 e o quilo de morango fresco, 25,00.
A polpa é o morango congelado que é vendido a R$ 10,00 o quilo. Se preferir, você pode levar em pacotes menores, com a dose certa para um copo. O processo é muito simples.
“Às vezes o morango tem algum machucadinho, tá um pouco magoado, a gente limpa ele e faz a polpa do morango. É só limpar, secar e congelar”, conta Nilaine, que vende o copo de suco a R$ 6,00 ou 8,00, se for com leite, de acordo com o gosto do freguês.
Eu tomei suco em boa companhia. Sentada no banco bem na entrada, Dona Meri Keller me contou que faz feira todas as semanas e prefere vir nas quartas. Ela sugeriu que a chácara da Nilaine seja aberta para visitas e assim as pessoas possam conhecer como é feito o cultivo de morangos em estufa. Ela também me passou a sua receita de geleia.
“Coloco morangos, um pouco de limão e o mesmo tanto de açúcar e coloco para cozinhar, quando levanta a fervura, conto 20 minutos e tá pronta a geleia”.