Intervalo para tomar a 3ª dose da vacina de Covid-19 diminui para quatro meses

Quem tomou a 2ª dose há quatro meses, poderá tomar a 3ª dose de reforço…

04 de janeiro de 2022 às 20h20m

Quem tomou a 2ª dose há quatro meses, poderá tomar a 3ª dose de reforço a partir de sexta-feira, 07/Karin Franco, com reportagem de Paulo Henrique Sava


Aplicação da 3ª dose da vacina contra a Covid-19 será retomada na próxima sexta-feira, 07. Foto: Arquivo Najuá

O intervalo para tomar a 3ª dose da vacina contra a Covid-19 diminuiu novamente. Agora, quem tomou a segunda dose há 4 meses, já pode ir a um posto de vacinação tomar a 3ª dose de reforço. “Este intervalo já está sendo adotado aqui em Irati”, disse a secretária municipal de Saúde, Jussara Aparecida Kublinski Hassen. Entretanto, a Secretaria de Comunicação publicou um comunicado na tarde de hoje, 04, suspendendo a aplicação da 1ª, 2ª e 3ª doses com imunizantes da Pfizer em todas as unidades de Irati. A imunização deve ser retomada a partir da próxima sexta-feira, 07, com a chegada de novas doses. A dose de reforço da Janssen continua sendo aplicada normalmente. 

Contudo, o intervalo de 4 meses não é válido para gestantes. “As gestantes mantêm intervalo de cinco meses. Nós não temos autorização ainda para vacinar com prazo menor, então continuam com cinco meses”, explica a enfermeira-chefe do setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde, Denise Homiak Fernandes. A vacinação não está disponível durante as consultas de pré-natal, mas a equipe de saúde pede a realização da vacina. A gestante pode fazer a vacina em qualquer posto de saúde com sala de vacinação.

Já quem tomou a vacina da Janssen, com dose única, deverá tomar mais uma dose de reforço da mesma vacina. O intervalo entre as doses também diminuiu. “Agora tem a dose de reforço para fazer também. Ela é aplicada a partir de dois meses dessa dose única. Aqui em Irati, essa vacina foi aplicada no final do mês de junho e começo do mês de julho. Então, todos os iratienses que foram vacinados já estão aptos a tomar a dose de reforço”, destacou Denise.

Outra redução foi no intervalo entre tomar a 1ª dose e a 2ª dose da vacina Pfizer. “Todos os que tomaram a vacina da Pfizer, agora o intervalo da dose 1 para a dose 2 reduziu para 21 dias. Todos que estão com as doses atrasadas, peço que fiquem atento ao Facebook da prefeitura, também está sendo divulgado diariamente, mas que cada um pode ver por si nas carteirinhas de vacinação, fazer as contas ali certinho. Deu 21 dias da primeira dose, já pode estar procurando para tomar a segunda”, explica a enfermeira-chefe.

Segunda dose – Segundo as autoridades de saúde, a preocupação é com quem ainda não tomou todas as doses. “Nós estamos com um déficit de pessoas de 1ª para 2ª dose, mais de 7 mil pessoas que não procuraram tomar a segunda dose. O esquema vacinal dessas pessoas não está completo e elas estão vulneráveis a pegar o Covid-19”, conta a secretária.

Um dos grupos com maior atraso são os caminhoneiros que receberam a vacina Janssen no ano passado. Muitos ainda não foram fazer a segunda dose de reforço para quem tomou a dose única da vacina Janssen. “Nos caminhoneiros, na primeira dose, foram feitas 997 vacinas. Até agora, na segunda dose, foram feitas duas vacinas”, revela a secretária.

O número de pessoas que procuram se vacinar em Irati está abaixo do esperado. “Estamos tendo procura, mas não é uma procura significativa com o total de pessoas que nós temos aptas a receber a dose”, disse.

A secretária de Saúde apela para que as pessoas tomem as doses de vacina que estão atrasadas. “Nós precisamos que as pessoas procurem. Foi tanta briga, tanto desespero pela vacina. Agora estamos com as vacinas estocadas e ninguém procura. O Covid está aí, a pandemia não acabou, o vírus continua e as pessoas estão sendo contaminadas. E não estão procurando pelo menos a segunda dose, que dirá a terceira. Se na segunda dose estamos com 7 mil pessoas em atraso, você imagina com a terceira dose?”, disse.

A preocupação é maior porque o número de casos tem aumentado após dois meses com queda nos registros. Em menos de uma semana, os casos triplicaram passando de oito diários casos registrados na terça-feira (28) para 39 casos diários confirmados na terça-feira (04). Ao todo, são 146 casos confirmados que estão em isolamento domiciliar. Não há registros de pessoas em UTI, nem internadas em enfermarias.

Segundo a secretária, o atraso na vacinação e as festas de fim de ano são algumas razões para esse aumento. “Esse atraso ajudou muito. Sem contar as festas, as aglomerações que está tendo. A vida precisa continuar, mas você precisa estar imunizado para a vida continuar. Não adianta dizer: ‘Tomei a primeira dose, estou imune’. Não está. Se o esquema vacinal não tiver completo, não vai adiantar”, conta.

A necessidade de realizar doses de reforço também tem feito com que muitas pessoas fiquem desconfiadas. Mas a enfermeira-chefe do setor de Epidemiologia explica que ainda não há certeza sobre a quantidade de doses que é preciso para estar totalmente vacinado. “O pessoal questiona: ‘Quantas doses de vacina do Covid a gente vai ter que tomar?’. Ninguém sabe. A campanha da Influenza acontece todo ano. Todo ano a vacina muda, o vírus vai mutando e a gente tem que estar aplicando novamente as doses. A vacina do Covid foi criada junto com a pandemia. Quantos tempo os anticorpos vão durar? Isso os estudiosos ainda estão analisando. E eles estão vendo que a quantidade de anticorpos, quem tomou a primeira dose, vai diminuindo. Quem tomou a segunda dose, foi reduzindo novamente com o passar do tempo. Tanto que agora estamos aplicando mais uma dose de reforço”, conta.

Apesar da desconfiança, a vacinação continua seguindo. Até esta terça-feira (04) foram 49.133 pessoas vacinadas com a primeira dose, 43.263 pessoas com a segunda dose e mais 8.085 pessoas com a dose de reforço.

Para a secretária de Saúde, a vacinação já trouxe resultados pois mesmo com o aumento de casos de Covid-19, não há nenhum registro de internamento em enfermaria ou UTI. “Temos visto pessoas, essas cento e poucas pessoas, não estão internadas. A maioria está vacinada. Eles estão com o Covid, alguns que já tomaram as duas vacinas. Mas não estão internados. Há uns meses víamos: pegava o Covid, hospital, UTI, e muitos iam a óbito. Nós não queremos deixar acontecer isso. Não tínhamos a vacina. Hoje temos a vacina”, explica.

A terceira dose é realizada com a vacina na Pfizer e é direcionada para todas as pessoas com mais de 18 anos e que tenham completado quatro meses da segunda dose. Quem for imunossuprimido, terá que fazer mais doses de reforço. “Os imunossuprimidos é uma situação específica porque eles já tomam quatro doses. Eles tomaram a primeira dose, tomaram a segunda com intervalo recomendado de acordo com o fabricante da vacina. Tomaram uma dose adicional após 28 dias da segunda dose e agora já podem receber a dose de reforço, quatro meses depois da dose adicional que receberam”, conta Denise.

A Prefeitura de Irati disponibiliza semanalmente em seu site um cronograma de vacinação contra a Covid- 19 em todas as unidades de saúde que possuem sala de vacinas

Quem fez a vacinação das duas primeiras doses em outro município, pode se vacinar em Irati com a terceira dose. Contudo, é preciso estar atento a alguns detalhes. “Tanto a 2ª dose, quanto a terceira, a gente aplica porque a vacina é distribuída a nível nacional, ela não é vacina do município. O que cobramos e tem que estar certo, é o registro da informação no sistema. A informação da primeira para a segunda dose tem que estar exatamente igual na carteirinha de vacina e no sistema de informação porque qualquer divergência é um erro de imunização se eu aplicar de um laboratório diferente da primeira dose. Então, eu tenho que ter 100% de certeza do que estou fazendo”, disse Denise.

Já quem sentir algum sintoma gripal, também precisa ficar atento antes de tomar a vacina. Para o setor de saúde, pode haver suspeita de Covid-19 nestes casos. “Todos os sintomas gripais, pensamos em suspeita de Covid. Ela precisa descartar, passar por uma consulta médica, fazer o exame de Covid para ver se está positivo ou negativo. Se o exame dela der positivo para Covid, ela precisa aguardar 30 dias para tomar essa dose da vacina. Agora, se o exame dela der negativo para Covid, assim que ela melhorar dos sintomas, ela já pode receber a vacina”, explica a enfermeira-chefe.

Assim que cheguem as vacinas da Pfizer, a vacinação continuará sendo feita em todas as unidades de saúde com sala de vacinação e também no Parque Aquático, entre às 8h e 16h, não fechando ao meio-dia. 

Desinformação – Para a secretária de Saúde, a desinformação também é um dos motivos que desencoraja muitas pessoas a se vacinarem. Segundo ela, é preciso que as pessoas se atentem às informações que recebem em redes sociais.

Um dos exemplos é da adolescente de 16 anos que morreu no ano passado após ter tomado a vacina contra a Covid-19. Contudo, após investigação, a Anvisa concluiu que a morte da adolescente não teve relação com vacina da Pfizer. “Que vem do WhatsApp: ‘Ah porque morreu uma criança de 16 anos porque tomou a vacina’. Você foi lá investigar? Você passa aquela informação, mas você foi investigar por que essa criança morreu? Eu tenho uma filha em casa que quando acontece isso, ela vai investigar e vai até o último. ‘Ó mãe, ela morreu por isso, por aquilo’. Mas foi um caso no meio de milhões e a gente não pode se apegar naquele único caso”, disse a secretária.

Há ainda informações falsas como a que a vacinação pode causar infarto ou AVC que desestimulam a procura por vacinação. “Onde está a comprovado isso? Nós não temos comprovação científica nenhuma que venha dizer para nós que a vacina Y, a vacina B, a vacina A vai causar isso. A única coisa que sabemos é que as vacinas vão imunizar, vão salvar vidas. Isso sabemos. Mas se vai causar infarto da vacina até agora não tivemos nenhuma comprovação oficialmente dizendo que a vacina A ou B causou infarto ou AVC”, explica a secretária.

Denise ainda destaca que a vacinação possui reação assim como muitos medicamentos. “Qualquer medicamento que usamos já tem o poder de provocar qualquer tipo de reação adversa. Com as vacinas, não é diferente. Eu estou aplicando uma substância diferente do que está circulando no meu organismo. Então, meu organismo vai responder a essa solução que estás sendo injetada, vai produzir anticorpos. Quanto mais a reação, quanto mais forte, maior quantidade de anticorpo meu organismo está produzindo e eu estou mais protegido”, disse.

Muitas das reações à vacina como dor no braço e no corpo já são esperadas. “Elas têm sim a possibilidade de dar alguma reação, mas são eventos adversos, são esperados que aconteçam e que não vão trazer nenhum mal à pessoa. Muito pelo contrário. Vai trazer maior produção de anticorpos e isso significa maior proteção contra o Covid”, conta Denise.

As reações estão previstas na bula das vacinas que estão disponibilizadas no site da Prefeitura de Irati

Vacinação para crianças – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacinação para crianças de 5 a 11 anos em dezembro do ano passado. Contudo, o Ministério da Saúde decidiu realizar antes uma consulta pública e uma audiência pública sobre a vacinação.

A audiência pública foi realizada nesta terça-feira (04), em Brasília. De acordo com o jornal Metrópoles, a maioria dos especialistas ouvidos se posicionou a favor da vacinação. Para a enfermeira-chefe do setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde, é importante ouvir os posicionamentos. “É bem importante ouvir a opinião de especialistas e da população em geral, a gente soube que o Hospital Pequeno Príncipe se posicionou a favor da aplicação porque realmente tem muito caso em crianças. Por mais que não sejam casos graves, são casos ativos e podem estar disseminando ainda o vírus. Então, quanto mais conseguirmos frear a disseminação do vírus, tudo isso é muito importante”, disse.

Durante a audiência pública, o Ministério da Saúde divulgou resultados da consulta pública que teve a participação de mais de 99 mil pessoas. A maioria foi contra a obrigatoriedade da exigência de prescrição médica para a vacina. A pesquisa ainda mostrou que a maioria concordou com a não obrigação da vacinação e a priorização de crianças com comorbidades.

Segundo o jornal Metrópoles, o Ministério da Saúde divulgará um documento nesta quarta-feira (05) com algumas decisões sobre a vacinação em crianças. A expectativa é que a vacinação possa começar ainda em janeiro.

Secretária de Saúde, Jussara Aparecida Kublinski Hassen, e a enfermeira-chefe do setor de Epidemiologia, Denise Homiak Fernandes. Foto: Reprodução Facebook

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