Grupo Muzenza realizou evento no sábado no CT Willy Laars

Alunos do Grupo Muzenza receberam e trocaram cordas de graduação durante evento neste sábado (23)/Texto…

24 de novembro de 2024 às 18h02m

Alunos do Grupo Muzenza receberam e trocaram cordas de graduação durante evento neste sábado (23)/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava

Leandro Muller Bozza, conhecido como “Professor Pimenta”, do Grupo Muzenza. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

O Grupo de Capoeira Muzenza de Irati promoveu a 7ª edição do evento “Foi aqui que peguei meu axé” no sábado (23), no CT Willy Laars. O evento contou com uma roda de capoeira no centro de Irati, pela manhã, e pela tarde, a programação contou com apresentações e entrega de graduações aos alunos. O professor contramestre Chokito, de Curitiba, foi um dos convidados da edição deste ano.

No evento, os alunos de capoeira receberam e trocaram de cordas, como são conhecidas as graduações dentro do esporte. Cada cor da corda indica um nível de evolução do aluno. “Na capoeira, os capoeiristas são reconhecidos pelas cores das cordas que eles usam. Nós chegamos em um determinado local e já vamos conhecer. Tem as fases da capoeira onde inicia a primeira corda. Tem uma cor, a segunda corda, outra cor. Eles treinam um ano. No evento, eles recebem a sua primeira graduação ou troca de graduações”, explica o professor Leandro Müller Bozza, conhecido como “Professor Pimenta”.

Cordas que representam as graduações da capoeira. Foto: Professor Pimenta

Cores das graduações – No infantil, as primeiras cores das graduações são crua, crua-cinza, crua-amarela, crua-laranja, crua-verde, crua-azul, com uma sequência chegando até as verde-azul, aos 15 anos. Para os adultos, as graduações iniciais seguem a seguinte sequência: cinza, cinza-amarelo, amarelo, amarelo-laranja, laranja, laranja-verde, verde, seguindo até a mais alta graduação que é a cor branca, dada àquelas pessoas que se tornam mestres na arte da capoeira.

Para o professor Pimenta, o evento é um fechamento de um ano positivo para o grupo. “Esse evento marca um ano muito bom que o Grupo Muzenza teve na cidade, com vários apoios. O Grupo Muzenza vem se destacando em competições. O Grupo Muzenza vem se destacando na cultura de Irati”, disse.

História – Em Irati, o Grupo Muzenza possui 26 anos de história e reúne mais de 100 alunos, entre crianças e adultos. O projeto possui aulas entre crianças e adultos na academia da Lagoa, no Centro Cultural Clube do Comércio e também realiza um projeto social na Praça do CEU, voltado às crianças de 6 a 12 anos.

Crianças aprendem a arte da capoeira no Grupo Muzenza. Foto: Professor Pimenta

O professor Pimenta destaca que não tem idade para participar da capoeira e que ela traz benefícios para crianças e adultos. “Coordenação motora, agilidade, flexibilidade, força, todos esses benefícios você vai ter com a capoeira. Ainda mais o senso de união, disciplina dentro da capoeira. Todos os alunos pedem licença para entrar na sala de aula, pedem licença para sair da sala de aula, para ir no banheiro, tomar água. Os benefícios são claros, principalmente com as crianças, adultos também. A capoeira não tem limite de idade”, conta.

Capoeira – A capoeira é um esporte que mistura luta, dança, música, movimento e estratégia. “Como todo jogo, pode ser que dê empate e vitória de algum lado. Nós sempre procuramos os pontos dentro da capoeira. Nós temos movimentos de ataque, defesa, movimento que você usa uma estratégia para sair dessa movimentação e entrar. Temos os movimentos desequilibrantes, que são as rasteiras, tesouras. É um jogo de pergunta e resposta. É um jogo de xadrez, onde você tranca o adversário, onde você tenta derrubar o adversário. Onde muitas vezes você não precisa nem encostar o pé no teu amigo de jogo, para saber quem ganhou o jogo ou não”, explica o professor.

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Pimenta e Chokito durante demonstração de capoeira na Rua Doutor Munhoz da Rocha. Foto: Grupo Muzenza

Cultura – Conectada à história da população negra no Brasil, a capoeira é uma forma de continuar a preservar uma tradição cultural deixada pelo povo africano no país. “A capoeira é uma resposta a todo o sofrimento que o negro passou na senzala. Então, toda a violência que ele sofreu é uma resposta. Eles precisavam de uma luta para se libertar. O dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra. É de um dos principais representantes, o Zumbi. A data que é comemorada. Mas a capoeira é resistência. A cultura negra é resistência. Para nós, esse dia é muito importante”, explica o professor.

Um dos exemplos disso são os apelidos dados aos praticantes da capoeira, tradição que permanece até os dias atuais. “A capoeira teve um período que ela foi proibida no Brasil. Ela teve 47 anos de proibição. Que todo capoeirista pego em praças e vias públicas era preso e condenado a seis meses de prisão. Não era permitido no Brasil a prática da capoeira. Para os policiais e as autoridades não reconhecerem quem eram os capoeiristas da comunidade, cada um ganhava um apelido. Porque nas comunidades era fácil. Quem é o Paulo? ‘Ah, o Paulo eu conheço’. ‘Ah, o Leandro eu conheço’. Cada um recebia um apelido. Hoje em dia não é diferente. O pessoal recebe apelido, alguma característica que ele tem na capoeira, alguma coisa que ele trabalha, alguma coisa que ele faz e ele recebe o apelido dentro da capoeira”, conta.

A mescla entre cultura e esporte também é outra característica que é consequência da história da capoeira no país. “A capoeira precisou ser disfarçada em dança para não chamar a atenção dos feitores no tempo da escravidão. De fato, a capoeira é uma luta. É uma luta, é um esporte, é cultura, expressão corporal. Englobam várias coisas a capoeira”, disse o professor.

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