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O Grêmio foi excluído por unanimidade da Copa do Brasil nesta quarta-feira, em julgamento realizado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), em razão das ofensas racistas de parte de sua torcida contra o goleiro Aranha, do Santos, em jogo disputado na última quinta, em Porto Alegre. A decisão marca a primeira vez na história do futebol que um clube é tirado de uma competição por causa de comportamento racista de seus torcedores. Ainda cabe recurso da sentença ao Pleno do STJD.
O advogado do Grêmio no caso, Miguel Assef Filho, argumentou que não poderia haver uma “caça às bruxas” utilizando o clube gaúcho como bode expiatório, já que tirar o time da Copa do Brasil não acabaria com o racismo. Argumentando que os autores das ofensas foram “apenas quatro pessoas no meio de 30 mil torcedores”, ele pediu a absolvição da equipe tricolor.
Porém, os quatro membros do tribunal votaram a favor da exclusão do clube do torneio, além de uma multa de R$ 50 mil. Já o árbitro da partida, Wilton Pereira Sampaio, recebeu uma suspensão de 45 dias e R$ 800 de multa por não ter relatado nada sobre as ofensas racistas contra Aranha na súmula original do jogo – apenas em um adendo no dia seguinte. Os auxiliares Kleber Lúcio Gil, Carlos Berkenbrock e Roger Goulart também foram suspensos, mas por 30 dias, e multados em R$ 500.
Também houve punições menores de R$ 4 mil para o Grêmio (por atraso na entrada do time em campo e papéis higiênicos atirados no gramado) e R$ 4 mil para o Santos (por atraso na entrada em campo no início do jogo e no intervalo).
O presidente do Grêmio, Fábio Koff, confirmou que o clube vai recorrer da decisão por “discordar tecnicamente” da interpretação dos auditores do STJD. “Não digo que tenha havido injustiça, houve exagero de interpretação da regra. O Grêmio fez o possível para identificar os autores, e identificou alguns”, declarou o dirigente.
Na partida da última quinta-feira, na Arena do Grêmio, um grupo de torcedores tricolores atrás do gol do Santos começou a fazer ofensas racistas contra o goleiro Aranha no segundo tempo, usando termos como “macaco”, “preto fedido” e imitando sons simiescos, de acordo com o próprio jogador. Todos os torcedores que participaram do episódio e foram identificados por imagens de TV estão proibidos de frequentar estádios por 720 dias.