Comissão de Financiamentos Externos já tinha aprovado a liberação de recursos para pavimentar estrada de Irati a São Mateus do Sul, via BID
Edilson Kernicki, com reportagem de Rodrigo Zub
Promessa de campanha do governador Beto Richa em 2010, a pavimentação da PR-364, entre os municípios de Irati e São Mateus do Sul não saiu do papel. Ao que consta, deve demorar ainda mais. Duas audiências públicas – uma em São Mateus do Sul e outra em Irati – foram realizadas em maio do ano passado, quando se dizia que os recursos federais para viabilizar a obra seriam liberados.
© Jorge Woll/SEIL/DER
Obra de pavimentação entre Irati e São Mateus do Sul é aguardada há mais de 40 anos pela população
Numa dessas audiências públicas, a realizada no campus da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro) em Irati, reunindo vários deputados estaduais, o superintendente do DER-PR, Amilton Luiz Boing, disse que os projetos geométrico, de terraplenagem e, ainda, os projetos ambientais e de sinalização e pavimentação já estavam concluídos. Outro projeto, que estava sendo preparado em maio de 2014, previa a construção de ponte sobre o Rio Marmeleiro e a intercessão em Irati, no cruzamento da PR-364 com a BR-153, no trevo de acesso ao campus da Unicentro. Esse projeto também previa melhorias no perímetro urbano nos dois municípios, como calçada, meio fio e outros. Muitas vezes, moradores acabam fazendo um desvio de 120 km de extensão (via PR-151) devido às condições desse trecho de 50 km.
O secretário estadual de Infraestrutura e Logística (SEIL), Pepe Richa, admite a necessidade e o atraso da obra e disse que ele próprio passou de carro pela região. “Realmente é importante, basta uma breve olhada no mapa do Paraná para se ver que essa região muda totalmente de configuração com essa rodovia pronta. Nas cidades do entorno é preciso dar uma volta tremenda para se chegar de uma a outra e essa estrada liga duas cidades que são importantes para a região. Traz mais competitividade ao estado, reduz o preço de deslocamentos de produtos”, afirma.
Pepe ressalta que o projeto já estava pronto, mas que no dia 13 de agosto a SEIL foi pega de surpresa, assim como a Comissão de Financiamentos Externos (COFIEX), do Ministério do Planejamento, quando o Governo Federal resolveu suspender o repasse de recursos que seriam liberados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para executar a obra, o projeto foi avaliado em R$ 130 milhões. O BID emprestaria ao Estado do Paraná US$ 500 milhões para este e outros projetos (US$ 300 milhões do BID e o restante de contrapartida do Estado do Paraná). “É um empréstimo, o Estado vai pagar. O governo federal é apenas o avalista nesse processo”, explica.
O secretário declarou que outros estados e municípios foram atingidos pela medida do governo federal em suspender esses recursos e que tem dialogado com deputados federais para tentar uma articulação para que o financiamento de obras seja liberado. Pepe disse também que o governo federal talvez tenha dificuldade em estabelecer prioridades, “e aí acaba criando esses problemas regionais muito comuns, porque a distância do governo federal é muito grande. Cabe a nós, do Estado, as lideranças locais, nossos deputados federais, sensibilizar o governo federal da importância dessa obra. Não adianta segurar [recursos] e liberar isso aí no ano que vem”, acredita. Se os recursos fossem liberados agora em setembro, a SEIL teria condições de realizar o processo licitatório para a obra ainda neste ano e começá-la já no início do ano que vem, analisa Pepe.
“Temos que encarar esse problema da logística, da falta de rodovias no Paraná, e no Brasil, de modo geral, como uma coisa a ser trabalhada e até como uma vantagem, se conseguirmos atrair investidores que topem fazer investimentos aqui e melhorar nossa infraestrutura”, argumenta o secretário.