Em entrevista à Najuá, secretário Beto Preto disse que o estado está mandando mais respiradores para o Pronto Atendimento de Irati. Recentemente, prefeitos da região haviam solicitado mais equipamentos em virtude do aumento de casos e mortes por Covid-19/Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira
Beto Preto disse que governo estadual repassará respiradores para tratamento de pacientes de Irati com Covid-19. Foto: Geraldo Bubniak/AEN-Arquivo |
O objetivo é melhor a estrutura da saúde pública da região para uma terceira onda de coronavírus que pode atingir o estado neste mês. Os casos tem aumentado nas últimas semanas e representantes da região tem buscado auxílio do governo estadual para ajudar a salvar mais vidas.
Uma das ações aconteceu na semana passada, em uma reunião virtual, quando prefeitos da região da Associação dos Municípios do Centro-Sul do Paraná (Amcespar) solicitaram apoio do Governo Estadual em função do aumento de casos e mortes pela Covid-19.
Na reunião, um dos pedidos foi a reabertura do hospital de Imbituva que poderia ajudar no atendimento dos pacientes diagnosticados com o coronavírus. Os prefeitos também pediram atenção especial aos municípios da 4ª Regional de Saúde, que possuem a Santa Casa de Irati como referência. Atualmente, o hospital está sobrecarregado e consequentemente, hospitais de pequeno porte como de Rebouças (Darcy Vargas) e Rio Azul (São Francisco de Assis), e também prontos atendimentos da região estão tendo que continuar com casos graves internados.
Durante entrevista à Najuá, o secretário reconheceu que os hospitais pequenos tem sido importante ferramenta no combate à Covid-19. “Os hospitais da região, inclusive o de Imbituva, todos eles têm se colocado à disposição, muitos deles já estão atendendo pacientes com Covid. Agora estamos no meio de uma onda muito forte, os hospitais de pequeno porte e também os prontos atendimentos municipais são importantes neste momento porque conseguem dar uma estabilização para o paciente quando nos faltam leitos dentro dos hospitais maiores”, disse Beto Preto.
Ainda na reunião da semana passada, o secretário se dispôs a ajudar a região, mas ressaltou que a saúde no Paraná está em um momento crítico. Ele apontou que os municípios devem fazer medidas restritivas em conjunto. O secretário voltou a defender essa medida. “Mesmo assim é um momento muito crítico, muito dramático e nada substitui nesse momento o ponto alto da vacinação e também da tomada de decisão de toda a região no sentido de tentar interromper [a contaminação] com algumas medidas restritivas”, reitera.
Segundo Beto Preto, é preciso que a decisão seja regional para conseguir controlar que mais casos surjam. “A taxa de positividade tem ficado entre 35% e 40%. Quando uma epidemia normal isto estaria entre 5% e 15%. Estamos com níveis muito alto de transmissão comunitária e circulação do vírus. É necessário que os municípios se reúnam e tome decisões parecidas. Não estou aqui defendendo fechamento do comércio, nada disso, eu vejo que são importantes, que todos trabalhem juntos. Somente Irati tomar uma decisão não vai repercutir nos outros municípios que vão continuar indo à Irati”, disse.
Tratamento precoce: O secretário também se pronunciou sobre os medicamentos do chamado tratamento precoce. Ele explicou que o Governo não proíbe a distribuição do medicamento, mas a decisão de prescrição é exclusivamente o médico. “O Governo do Estado desde o início tomou a decisão de escrever no seu plano de contingenciamento que se por ventura o médico, qualquer que seja o colega médico na extensão territorial do Paraná, tomar a decisão de assinar embaixo e passar a medicação que ele deve passar, ele assume a responsabilidade e nós não vamos fazer nenhum tipo de objeção a isso”, disse.
Apesar disso, Beto Preto destacou que não há comprovação cientifica sobre o tratamento precoce. “Não existe reconhecidamente um medicamento como foi o Tamiflu na gripe de 2009 que interrompia a replicação do vírus e por isso nós não temos medicamento que consiga efetivo, exatamente efetivo, para a interrupção da doença. Existe muitas tratativas, existe a Ivermectina, Cloriquina, Hidroxicloroquina, mas efetivamente nenhum estudo robusto de grande reconhecimento científico conseguiu avançar e fechar isso”, afirmou.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os resultados do Ensaio de Solidariedade do órgão revelam que não há benefícios em termos de mortalidade ou hospitalização para tratamento com remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir/ritonavir e regimes interferon. A OMS ainda não recomenda o uso de ivermectina para quaisquer outros propósitos diferentes daqueles para os quais seu uso está devidamente autorizado, como para tratamento de oncocercose e sarna.
Imunidade de rebanho: A imunidade de rebanho é uma proteção indireta de uma doença infecciosa que ocorre quando uma população é imune por vacinação ou adquire imunidade desenvolvida por infecção anterior.
No Paraná, o secretário afirma que quase metade da população do estado já deve estar imune, seja por vacina ou por ter tido a Covid-19. “Nós devemos estar hoje com metade da população, um pouco menos da metade, já imunizada de alguma forma. A minha preocupação é que ao longo do tempo as cepas vão se modificando, a maneira de atingimento do organismo dos cidadãos, das cidadãs se faz de forma diferente e estas variantes podem atingir o paciente, mesmo aquele que teve a doença no ano passado”, conta.
Beto Preto destaca que as variantes são uma preocupação para os órgãos de saúde. “Essa doença tem várias facetas. O vírus do ano passado não é mais o vírus desse ano. Já existe uma variante chamada P2 que é a variante da cepa chamada Ancestral que é a do ano passado. A P1 que é a amazônica brasileira tem 75% de prevalência no território paranaense nesse momento. Então, ela é mais rápida, contagia mais gente e por isso leva ao caos, ao colapso na porta do pronto socorro, na porta do pronto atendimento”, alerta.
É por causa das variantes que o secretário alerta que a vacinação contra a Covid-19 deverá ser contínua e repetida nos próximos anos. “Por isso, o comportamento das vacinas. Daqui a pouco nós vamos ter um contexto muito parecido com o contexto a gripe Influenza, que todo ano precisa de uma nova vacina para provocar, induzir a imunidade no organismo das pessoas e que traz cepas variantes do inverno europeu do ano passado. Isso possivelmente vai acontecer com relação ao coronavírus”, explica.