Pesquisas apontam que anticorpos da vacina aplicada na mãe passam através do cordão umbilical para a criança. Em Irati, uma criança, que faleceu por outra doença, contraiu a enfermidade/Paulo Sava
A vacinação contra coqueluche durante a gravidez é essencial para proteger mães e bebês. Pesquisas apontam que a imunização protege a gestante e transmite anticorpos ao bebê, oferecendo proteção nos primeiros meses de vida, quando ele é mais vulnerável.
Em Irati, uma criança acabou contraindo a doença e acabou falecendo. Porém, uma investigação feita pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA) apontou que a criança tinha outra doença de base e que a coqueluche não foi a principal causa da morte. Em contato com nossa reportagem, a chefe do setor de epidemiologia da 4ª Regional de Saúde, Paola Emiliano de Morais, contou quais foram os procedimentos adotados.
“Ela estava com coqueluche quando foi a óbito, mas não morreu de coqueluche, ela tinha uma outra doença de base. Fizemos um grupo técnico, que fez uma análise. Em discussão, foi compreendido que o óbito ocorreu de complicações que culminaram em um choque cardiogênico, entendendo-se que a coqueluche e a bronquiolite por rinovírus foram concomitantes e complicadores do quadro clínico, e não a causa básica. Por isto, não aparece como óbito por coqueluche no site da SESA, como informação oficial, porque esta criança morreu por outro motivo. Ela tinha outra doença de base agravada pela coqueluche”, comentou.
Vacinação de gestantes – Em entrevista à Najuá, a coordenadora de epidemiologia da Secretaria de Saúde de Irati, Isabela Barbosa dos Santos, destacou a importância da procura da vacina por parte das gestantes. “É bem importante que as gestantes procurem esta vacinação a partir da 20ª semana, que é a DTPA. Ela confere uma imunidade para a criança até que ela possa tomar a primeira dose da vacina, com dois meses de idade. É importante que as mães que estão esperando bebê, a partir da 20ª semana, tome a DTPA, que tem em todas as unidades de saúde com sala de vacinação e é gratuita. Ela é de suma importância, só vai fazer bem e conferir imunidade transplacentária, enquanto a criança não puder tomar suas próprias vacinas”, frisou.
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Vacina para bebês – Para o bebê, as doses da vacina contra a coqueluche devem ser aplicadas aos dois, quatro e seis meses de idade. Já as doses de reforço devem ser tomadas com 1 ano e 3 meses e aos 4 anos. Por isso, a pediatra Marina Panka destacou que é importante as mães se imunizarem contra a doença. Ela destacou que a coqueluche é conhecida como “doença da tosse comprida”.
“Ela é causada por uma bactéria, a borotela pertusis, que afeta principalmente o nosso sistema respiratório, causando estas crises de tosse, que podem ser bem severas. Os sintomas começam como ser fosse um quadro respiratório comum, um resfriado. Ele pode ter coriza (nariz escorrendo), febre mais baixa, tosse mais leve. Dali a uma ou duas semanas, estas crises de tosse podem piorar, fazer a tosse comprida e, após a crise de tosse, no momento da inspiração, o paciente faz um som agudo, que chamamos de guincho, bem característicos da coqueluche”, frisou.
Casos graves – Nos casos mais graves, a doença pode evoluir, com o paciente podendo apresentar insuficiência respiratória. Se a coqueluche não for tratada, pode levar à morte. Adultos e crianças podem contrair a doença, porém ela pode ser mais severa para bebês, especialmente os que estiverem com o calendário vacinal incompleto. Por este motivo, a pediatra reforça a importância da vacinação das gestantes, pois, desta forma, elas passam anticorpos que reforçam a imunidade do feto.
“É nesta questão que entra a vacinação das gestantes, com as 20 semanas de gestação, para elas passarem os anticorpos para o feto enquanto ainda na barriga da mãe e garantir a proteção nos primeiros meses de vida”, pontuou. Pessoas que atuam na área da saúde e que trabalham com crianças devem fazer o reforço da vacina contra a coqueluche em qualquer idade.
Tratamento – O tratamento da coqueluche é feito com medicamentos antibacterianos. Em caso de bebês, há necessidade de internamento hospitalar. A secretária de Saúde, Ismary Llañes, solicita que os pais procurem atendimento médico imediatamente caso os filhos tenham qualquer sintoma da doença.
“Se alguma criança tiver algum sintoma, procure as unidades de saúde para descartar que seja coqueluche e que seja uma gripe comum. Como os sintomas são muito parecidos, procure uma unidade de saúde para que um profissional capacitado diagnostique e possa diferenciar se é uma gripe comum, uma coqueluche ou outro tipo de vírus”, pontuou.
Apesar de não apresentarem a forma grave da coqueluche na maioria dos casos, os adultos podem ser vetores da bactéria causadora da doença e transmiti-la para as crianças, segundo Ismary.
“O adulto não chega a ter, na maioria dos casos, uma situação grave de saúde, um quadro grave de coqueluche, mas ele consegue transmitir para a criança e ela desenvolve um quadro mais grave”, comentou.
Preparação dos profissionais – Marina garante que todos os médicos dos postos de saúde estão aptos para diagnosticar a coqueluche. “Todos os profissionais, mesmo que não tenha pediatra no posto, têm capacidade para fazer o diagnóstico e tratar a doença. Se tiver alguma dúvida e ainda assim o diagnóstico não estiver fechado, dá para procurar uma unidade que tenha pediatra para fazer o acompanhamento”, finalizou.