Honório Thomaz de Souza, gerente de Segurança do Trabalho da empresa Transportes Thomaz, destacou a importância de verificar as condições de segurança e da manutenção preventiva e preditiva dos veículos antes das viagens/Paulo Henrique Sava
A segurança no transporte coletivo de passageiros e dos profissionais que atuam nesta área começa com a manutenção dos veículos. É o que afirma Honório Thomaz de Souza, gerente de Segurança do Trabalho da empresa Transportes Thomaz, de Teixeira Soares. Nossa reportagem procurou o profissional após o acidente com um ônibus que fazia a linha Florianópolis-Foz do Iguaçu, que matou 7 pessoas na BR 277, em Fernandes Pinheiro, na última semana, com o intuito de falar sobre as medidas adotadas pelas empresas de transporte coletivo para a segurança dos passageiros e profissionais. Em depoimento ao delegado Wesley Vinícius Gonçalves da Silva, de Teixeira Soares, o motorista confessou ter dormido ao volante no momento do acidente.
Em entrevista à Najuá, Honório destacou a importância de verificar as condições de segurança e da manutenção preventiva e preditiva dos veículos disponibilizados para viagens, com o objetivo de encontrar possíveis problemas nos ônibus antes que eles venham a se tornar maiores. Ele detalhou como funciona o sistema utilizado pela empresa para fazer este tipo de verificação.
“Nós temos um sistema bem rigoroso. Todo veículo que vem para a manutenção tem itens de segurança verificados e checados. Também temos um checklist do motorista, através de um aplicativo no qual o motorista faz um checklist on-line pelo celular, preenche todos os itens e encaminha diretamente para o gestor de manutenção. Isto já está instalado no celular que está com o motorista, é prático, ele consegue passar as informações em tempo real do problema”, frisou.
O aplicativo também permite que o motorista tire fotos, caso aconteça algum problema no veículo, e as envie diretamente para o gestor de manutenção da empresa. Mesmo que o ônibus esteja no meio da estrada, o condutor conseguirá registrar e enviar as informações e fotos, desde que disponha de sinal de internet. “Ele consegue fazer este registro e encaminhar. Hoje em dia sabemos que tem internet em todos os lugares, então fica mais fácil e prático de passar estes problemas que acontecem”, comentou.
Sistema que detecta cansaço ou sonolência – A empresa também utiliza um sistema que detecta possível cansaço ou sonolência do motorista durante a viagem e emite um alerta para que ele possa parar o veículo em um local seguro. Honório contou como funciona este sistema.
“É um sistema de telemetria que implantamos em praticamente 90% da nossa frota, que tem alguns sensores e um dos principais deles é o de fadiga. Ele vai ler o motorista o tempo todo enquanto ele estiver na direção e vai detectar se ele estiver com sono, apresentar sinais de fadiga, piscar e passar a mão no rosto, que são os sinais de que a pessoa está com sono. Automaticamente o sistema vai disparar um alarme na cabine do ônibus avisando o motorista de que ele está com sinais de fadiga. Este alarme vem direto para o sistema da empresa e o coordenador de tráfego vai verificar e acionar o motorista de imediato para que ele pare o veículo ou seja substituído”, destacou. Veja no vídeo abaixo como o sistema funciona.
O acionamento por parte do setor de monitoramento de tráfego da empresa é feito via telefone, sendo contatado diretamente o motorista ou o líder da viagem, de acordo com Honório. “Todas as informações que chegam aqui são analisadas pelo departamento que faz este monitoramento de tráfego dos nossos veículos e estão o tempo todo, chegando os alertas eles dão as tratativas”, frisou.
A legislação estabelece que, em viagens longas, o motorista deve fazer uma parada para descanso a cada 4 horas. Este tempo pode ser prorrogado para, no máximo, até 5 horas para que ele possa encontrar um local seguro para estacionar o veículo. Além disso, pela legislação, o motorista deve ter pelo menos 11 horas de descanso por dia antes de iniciar uma nova jornada. Segundo Honório, mesmo em viagens mais curtas, a empresa opta por enviar dois motoristas para que haja revezamento na condução dos veículos.
“Geralmente quando são viagens mais longas, a empresa opta por enviar um segundo motorista para revezar com o principal. Enquanto um está descansando, o outro está dirigindo. Mesmo em viagens mais curtas, preferimos colocar um segundo motorista por segurança, além do sistema, pois a tecnologia veio para somar com a segurança e trazer tranquilidade para nós e para os clientes”, frisou.
Para verificar se o motorista está excedendo a jornada de trabalho, a empresa implantou um sistema de identificação do profissional via cartão magnético. Honório conta como ele funciona. “Quando inicia a jornada, ele (motorista) se identifica e o sistema automaticamente sabe que é ele quem está dirigindo. Tem um tempo de jornada e quando ele terminar a viagem, vai colocar novamente o cartão para encerrar a jornada. É como se fosse um cartão-ponto, mas durante a direção do veículo, tem como termos as informações que são coletadas posteriormente e automaticamente pelo sistema”, afirmou.
Verificação do uso do cinto de segurança pelos passageiros – Além disso, os motoristas são orientados a verificar se todos os passageiros estão com o cinto de segurança devidamente colocados, segundo Honório. “Inclusive o veículo não se desloca se todos os passageiros não estiverem com os cintos colocados, algo que é uma premissa da Thomaz e uma responsabilidade do condutor, que faz esta verificação. Inclusive, temos câmeras em cima e embaixo dentro do veículo que vai verificar caso algum passageiro retire o cinto ou fique em pé que seja possível o motorista verificar. Com certeza ele vai parar o veículo e conversar com o passageiro para que ele coloque o cinto”, frisou.
Treinamentos – Os motoristas também recebem treinamentos constantes, através de uma parceria com o Serviço Social do Transporte (SEST) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) de Ponta Grossa para a realização de cursos. Um dos últimos treinamentos foi feito no único simulador da América Latina que simula diversas situações para o motorista, como chuva ou animal na pista, por exemplo.
“Quando menos espera, o motorista encontra algo em sua frente para que possamos medir a reação e a percepção de risco dele. O último trabalho que fizemos foi no simulador, e é muito bacana esta parceria. Sempre que podemos e programamos, levamos nossos motoristas lá”, comentou.
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Clientes – Mauro Carvalho Rangel Afonso, gerente administrativo da empresa, ressaltou que os clientes têm recebido estas novidades em relação à segurança da melhor maneira possível.
“Os clientes recebem isto da melhor maneira possível, além do fato de que aumenta a cobrança em cima da empresa. Hoje os nossos clientes estão bem adeptos a esta novidade, com os motoristas temos um trabalho constante de conscientização e este sistema veio para nos auxiliar neste sentido. O controle da jornada de trabalho antigamente era feito pelo disco de tacógrafo; hoje, temos um sistema que consegue nos dar este retorno mais rápido. As viagens, quando fazemos um deslocamento que ultrapasse 5 horas, vão dois motoristas. Eles têm um sistema de identificação justamente para abrirem a jornada e, se extrapolarem o tempo, o próprio sistema identifica que foi excedido o tempo de direção do condutor e fazemos esta programação em cima destas informações”, comentou.
Tacógrafo e limite de velocidade – O tacógrafo continua sendo utilizado. A legislação prevê a obrigatoriedade do equipamento, que serve para uma conferência posterior, especialmente da velocidade desenvolvida pelo veículo. Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os ônibus podem trafegar a até 90 km por hora. Com base em estudos técnicos, a empresa limitou a velocidade de seus veículos a 80 km/h, de acordo com Honório.
“Nos baseamos muito em estudos e em pesquisas. Com o ônibus andando a 90 km ou 80 km/h, a diferença no tempo de chegada é de 8 minutos, muito pequena. Assim, temos um ganho muito grande com a segurança, porque, em uma frenagem de um ônibus, por exemplo, se ele estiver a 80 km, vai parar muito mais rápido do que se estivesse a 90 km. O tempo de resposta é melhor, além da economia de combustível, pneus, freios e peças. Tudo isto sempre é baseado em pesquisas, levando-se sempre em consideração em 1º lugar a segurança”, finalizou.