Segurança no transporte de passageiros e dos motoristas começa com a manutenção dos ônibus

Honório Thomaz de Souza, gerente de Segurança do Trabalho da empresa Transportes Thomaz, destacou a…

07 de fevereiro de 2023 às 11h46m

Honório Thomaz de Souza, gerente de Segurança do Trabalho da empresa Transportes Thomaz, destacou a importância de verificar as condições de segurança e da manutenção preventiva e preditiva dos veículos antes das viagens/Paulo Henrique Sava

Honório Thomaz de Souza, gerente de Segurança do Trabalho, e Mauro Carvalho Rangel Afonso, Gerente Administrativo da empresa Transportes Thomaz, de Teixeira Soares. Foto: Paulo Henrique Sava

A segurança no transporte coletivo de passageiros e dos profissionais que atuam nesta área começa com a manutenção dos veículos. É o que afirma Honório Thomaz de Souza, gerente de Segurança do Trabalho da empresa Transportes Thomaz, de Teixeira Soares. Nossa reportagem procurou o profissional após o acidente com um ônibus que fazia a linha Florianópolis-Foz do Iguaçu, que matou 7 pessoas na BR 277, em Fernandes Pinheiro, na última semana, com o intuito de falar sobre as medidas adotadas pelas empresas de transporte coletivo para a segurança dos passageiros e profissionais. Em depoimento ao delegado Wesley Vinícius Gonçalves da Silva, de Teixeira Soares, o motorista confessou ter dormido ao volante no momento do acidente.

Em entrevista à Najuá, Honório destacou a importância de verificar as condições de segurança e da manutenção preventiva e preditiva dos veículos disponibilizados para viagens, com o objetivo de encontrar possíveis problemas nos ônibus antes que eles venham a se tornar maiores. Ele detalhou como funciona o sistema utilizado pela empresa para fazer este tipo de verificação.

“Nós temos um sistema bem rigoroso. Todo veículo que vem para a manutenção tem itens de segurança verificados e checados. Também temos um checklist do motorista, através de um aplicativo no qual o motorista faz um checklist on-line pelo celular, preenche todos os itens e encaminha diretamente para o gestor de manutenção. Isto já está instalado no celular que está com o motorista, é prático, ele consegue passar as informações em tempo real do problema”, frisou.

O aplicativo também permite que o motorista tire fotos, caso aconteça algum problema no veículo, e as envie diretamente para o gestor de manutenção da empresa. Mesmo que o ônibus esteja no meio da estrada, o condutor conseguirá registrar e enviar as informações e fotos, desde que disponha de sinal de internet. “Ele consegue fazer este registro e encaminhar. Hoje em dia sabemos que tem internet em todos os lugares, então fica mais fácil e prático de passar estes problemas que acontecem”, comentou.

Sistema que detecta cansaço ou sonolência – A empresa também utiliza um sistema que detecta possível cansaço ou sonolência do motorista durante a viagem e emite um alerta para que ele possa parar o veículo em um local seguro. Honório contou como funciona este sistema.

“É um sistema de telemetria que implantamos em praticamente 90% da nossa frota, que tem alguns sensores e um dos principais deles é o de fadiga. Ele vai ler o motorista o tempo todo enquanto ele estiver na direção e vai detectar se ele estiver com sono, apresentar sinais de fadiga, piscar e passar a mão no rosto, que são os sinais de que a pessoa está com sono. Automaticamente o sistema vai disparar um alarme na cabine do ônibus avisando o motorista de que ele está com sinais de fadiga. Este alarme vem direto para o sistema da empresa e o coordenador de tráfego vai verificar e acionar o motorista de imediato para que ele pare o veículo ou seja substituído”, destacou. Veja no vídeo abaixo como o sistema funciona.

Imagens: Paulo Henrique Sava

O acionamento por parte do setor de monitoramento de tráfego da empresa é feito via telefone, sendo contatado diretamente o motorista ou o líder da viagem, de acordo com Honório. “Todas as informações que chegam aqui são analisadas pelo departamento que faz este monitoramento de tráfego dos nossos veículos e estão o tempo todo, chegando os alertas eles dão as tratativas”, frisou.

A legislação estabelece que, em viagens longas, o motorista deve fazer uma parada para descanso a cada 4 horas. Este tempo pode ser prorrogado para, no máximo, até 5 horas para que ele possa encontrar um local seguro para estacionar o veículo. Além disso, pela legislação, o motorista deve ter pelo menos 11 horas de descanso por dia antes de iniciar uma nova jornada. Segundo Honório, mesmo em viagens mais curtas, a empresa opta por enviar dois motoristas para que haja revezamento na condução dos veículos.
“Geralmente quando são viagens mais longas, a empresa opta por enviar um segundo motorista para revezar com o principal. Enquanto um está descansando, o outro está dirigindo. Mesmo em viagens mais curtas, preferimos colocar um segundo motorista por segurança, além do sistema, pois a tecnologia veio para somar com a segurança e trazer tranquilidade para nós e para os clientes”, frisou.

Para verificar se o motorista está excedendo a jornada de trabalho, a empresa implantou um sistema de identificação do profissional via cartão magnético. Honório conta como ele funciona. “Quando inicia a jornada, ele (motorista) se identifica e o sistema automaticamente sabe que é ele quem está dirigindo. Tem um tempo de jornada e quando ele terminar a viagem, vai colocar novamente o cartão para encerrar a jornada. É como se fosse um cartão-ponto, mas durante a direção do veículo, tem como termos as informações que são coletadas posteriormente e automaticamente pelo sistema”, afirmou.

Sensor de identificação do motorista. Fotos: Paulo Henrique Sava

Verificação do uso do cinto de segurança pelos passageiros – Além disso, os motoristas são orientados a verificar se todos os passageiros estão com o cinto de segurança devidamente colocados, segundo Honório. “Inclusive o veículo não se desloca se todos os passageiros não estiverem com os cintos colocados, algo que é uma premissa da Thomaz e uma responsabilidade do condutor, que faz esta verificação. Inclusive, temos câmeras em cima e embaixo dentro do veículo que vai verificar caso algum passageiro retire o cinto ou fique em pé que seja possível o motorista verificar. Com certeza ele vai parar o veículo e conversar com o passageiro para que ele coloque o cinto”, frisou.

Treinamentos – Os motoristas também recebem treinamentos constantes, através de uma parceria com o Serviço Social do Transporte (SEST) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) de Ponta Grossa para a realização de cursos. Um dos últimos treinamentos foi feito no único simulador da América Latina que simula diversas situações para o motorista, como chuva ou animal na pista, por exemplo.

“Quando menos espera, o motorista encontra algo em sua frente para que possamos medir a reação e a percepção de risco dele. O último trabalho que fizemos foi no simulador, e é muito bacana esta parceria. Sempre que podemos e programamos, levamos nossos motoristas lá”, comentou.

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Clientes – Mauro Carvalho Rangel Afonso, gerente administrativo da empresa, ressaltou que os clientes têm recebido estas novidades em relação à segurança da melhor maneira possível.

“Os clientes recebem isto da melhor maneira possível, além do fato de que aumenta a cobrança em cima da empresa. Hoje os nossos clientes estão bem adeptos a esta novidade, com os motoristas temos um trabalho constante de conscientização e este sistema veio para nos auxiliar neste sentido. O controle da jornada de trabalho antigamente era feito pelo disco de tacógrafo; hoje, temos um sistema que consegue nos dar este retorno mais rápido. As viagens, quando fazemos um deslocamento que ultrapasse 5 horas, vão dois motoristas. Eles têm um sistema de identificação justamente para abrirem a jornada e, se extrapolarem o tempo, o próprio sistema identifica que foi excedido o tempo de direção do condutor e fazemos esta programação em cima destas informações”, comentou.

Tacógrafo e limite de velocidade – O tacógrafo continua sendo utilizado. A legislação prevê a obrigatoriedade do equipamento, que serve para uma conferência posterior, especialmente da velocidade desenvolvida pelo veículo. Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os ônibus podem trafegar a até 90 km por hora. Com base em estudos técnicos, a empresa limitou a velocidade de seus veículos a 80 km/h, de acordo com Honório.

“Nos baseamos muito em estudos e em pesquisas. Com o ônibus andando a 90 km ou 80 km/h, a diferença no tempo de chegada é de 8 minutos, muito pequena. Assim, temos um ganho muito grande com a segurança, porque, em uma frenagem de um ônibus, por exemplo, se ele estiver a 80 km, vai parar muito mais rápido do que se estivesse a 90 km. O tempo de resposta é melhor, além da economia de combustível, pneus, freios e peças. Tudo isto sempre é baseado em pesquisas, levando-se sempre em consideração em 1º lugar a segurança”, finalizou.

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