Segundo o governador, jovens queriam matar um policial militar, que revidou. Versão é contestada pelo pai de um dos jovens mortos.
Do G1 PR, com informações da RPC TV
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Brayan Périco, de 18 anos, e um amigo foram mortos por policiais em Curitiba
O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) vai investigar as circunstâncias da morte de dois jovens na noite de sexta-feira (23), no bairro São Braz, em Curitiba. De acordo com o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), os jovens foram mortos enquanto faziam uma tocaia. O objetivo deles seria matar o policial militar que um policial militar, que era escoltado por outros dois PMs do serviço reservado.
Nesta quarta-feira (28), o pai de um dos jovens mortos, Alfredo Périco, prestou depoimento no Gaeco. “Se meu filho errou, eu quero saber. E se erraram com meu filho, eu quero saber muito mais, é claro. O que eu peço é Justiça”, afirmou. O filho dele, Brayan Périco, tinha 18 anos de idade.
Alfredo acredita que a morte do filho e do amigo está ligada a uma briga entre o soldado Geraldo Mário da Conceição e Brayan, em 2012. À época, relatou o pai, um policial à paisana parou na frente da casa do jovem, afirmando que o rapaz estava atirando pedras em carros e o agrediu. Além disso, o pai denunciou que, depois do assassinato, policiais entraram na casa da mãe de Brayan sem mandado judicial. Segundo o pai, eles reviraram móveis e arrombaram o carro que era do filho.
De acordo com o Boletim de Ocorrência (B.O), o soldado Geraldo Mário da Conceição estava dentro do carro esperando por uma pessoa na Rua Clara Filla, no bairro São Brás. O agente estava acompanhado por uma equipe de inteligência da Polícia Militar por causa das ameaças de morte. Ainda conforme o B.O, os policiais teriam percebido a aproximação de dois jovens armados e atiraram para salvar a vida de Geraldo Mário da Conceição.
Foram onze tiros – cinco disparados pelo soldado Geraldo Mário da Conceição, e outros seis que saíram da arma do tenente Adilson Martendal de Oliveira Santos, que estava do lado de fora do veículo. Os dois jovens não atiraram. Richa, entretanto, disse que recebeu a informação de que houve confronto entre os agentes e os dois rapazes. Ainda conforme o governador, os jovens estavam fortemente armados, e um deles possuía “uma longa ficha corrida na polícia de crimes e delitos”.
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O coordenador do Gaeco, promotor Leonir Batisti, afirmou que a vida pregressa dos dois jovens deve ser levada em conta durante as investigações do caso. “Em qualquer circunstância que haja um crime, a vida anterior e o comportamento anterior, tanto das vítimas, no caso, quanto daqueles que foram os agentes do ato, são vistos e apurados” pontuou.
O Comando-Geral da Polícia Militar do Paraná afirmou que os policiais estão afastados para acompanhamento psicossocial. Além da Corregedoria da Polícia Militar, as mortes também são investigadas pela Polícia Civil. A delegada Márcia Rejane Marcondes não tem comentado o caso. Ela afirmou apenas que tem ouvido testemunhas e que aguarda laudos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico-Legal (IML).
De acordo com o secretário de Segurança Pública do Paraná, Leon Grupenmacher, o caso faz parte de uma grande operação que não pode ter os detalhes divulgados. “Mas ninguém de boa fé está a noite, dentro de um carro, acompanhando e observando um policial militar (…). Não estavam no local certo e nem fazendo a coisa correta”, resumiu.
Diferentemente das primeiras informações de que os jovens estariam a pé, o secretario afirmou que os rapazes pararam o carro e abordaram o policial, que tinha sido chamado para aquele encontro. Segundo o secretário, a intenção era executar o policial. “Já tinham tentado executá-lo alguns dias antes, porém, por uma batida, por um evento na região, não pode ser feito”.