Investigadores alegaram que homem tinha eletrônicos com procedência desconhecida e passaram a pedir R$ 60 mil para não autuar a vítima. Trio será autuado por concussão
Gazeta do Povo – Rodrigo Batista e Antonio Senkovski
Três investigadores da Polícia Civil foram presos pelo Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Fazenda Rio Grande, na tarde desta quarta-feira (17). Eles foram pegos em flagrante praticando o crime de concussão. Essa prática se configura quando um servidor público – como é o caso dos policiais – exige dinheiro, utilizando o prestígio de sua função, mediante ameaça. Os investigadores trabalhavam na delegacia de Fazenda Rio Grande.
A prisão ocorreu depois que uma vítima procurou o Gaeco, órgão vinculado ao Ministério Público (MP) do Paraná. Essa pessoa disse que os policiais exigiam R$ 60 mil para não autuá-lo. O suposto infrator, que procurou o Gaeco, estaria em posse de objetos eletrônicos de procedência não comprovada, conforme a versão dos policiais. O caso ocorreu na segunda-feira (15).
Segundo o coordenador-geral do Gaeco, Leonir Batisti, seriam poucos produtos eletrônicos. “Ele disse que recebeu os objetos de um amigo. Se houve ou não procedência irregular, não nos cabe essa investigação ou prisão dele”, explicou.
Depois de fazerem essa alegação da posse dos eletrônicos sem procedência conhecida, os policiais levaram os aparelhos na viatura e passaram a fazer o pedido de dinheiro. Mais tarde, os policiais teriam colocado a vítima do crime em uma viatura e passaram a circular pela região. Nesse momento ele teria sido agredido e, quando foi solto, os policiais teriam disparado sem acertar a vítima. Após as ameaças, na terça-feira (16) a vítima procurou o Gaeco.
O flagrante foi feito na tarde desta quarta, na Delegacia de Fazenda Rio Grande. No momento da prisão, a vítima estava entregando R$ 1,5 mil aos policiais e um cheque preenchido com o valor de R$ 58,5 mil. Na delegacia foram encontrados alguns dos objetos que a vítima alegou serem os levados pelos policiais da casa dele.
De acordo com Leonir, não há histórico de que a vítima tenha sofrido alguma prática de extorsão por esses ou outros policiais, nem pesa contra esses investigadores outras acusações pelo mesmo crime.
Outro lado
A Polícia Civil, via assessoria de imprensa, informou que a operação do Gaeco foi acompanhada pela Corregedoria da Polícia Civil, que também deve abrir um processo administrativo contra os policiais.
Dois advogados do Sindicato de Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol) acompanham o caso no Gaeco.