Gaeco prende cinco pessoas em Irati

Armas, munições, dinheiro, cheques e carne de caça ilegal foram apreendidos durante a operação João…

18 de setembro de 2014 às 11h56m

Armas, munições, dinheiro, cheques e carne de caça ilegal foram apreendidos durante a operação João de Barro, em Irati

Da Redação

 Resultado da operação

No total, foram cumpridas 36 conduções coercitivas, 22 buscas domiciliares e três buscas em estabelecimentos comerciais. Além disso, uma madeireira foi interditada e 14 pessoas foram presas em flagrante por posse irregular de arma. Foram apreendidas, ainda, 24 armas longas (espingardas e carabinas), três revólveres, duas pistolas e uma garrucha, bem como mais de 6 mil munições (inclusive de calibre restrito).

Durante a operação, também foram apreendidos R$ 34 mil em espécie, mais de R$ 27 mil em cheques e aproximadamente 4 mil dólares, cerca de 22 quilos de carne de animais silvestres, provenientes de caça, e outros objetos usados por caçadores, como punhais, mira a laser, lunetas, rádio comunicadores e faroletes.

Investigação

A ação do Gaeco e da Polícia Militar é resultado de uma investigação do Gaeco de Guarapuava e aponta situações, ocorridas desde 2010, de crimes de corrupção ativa e passiva e crimes ambientais, como corte ilegal de árvores, obstáculo à fiscalização, comercialização e transporte ilegal de madeiras. A investigação aponta o envolvimento de policiais da Força ambiental, de servidores do Instituto Ambiental do Paraná e de empresários e funcionários do setor madeireiro. 

As medidas foram cumpridas nos municípios de Curitiba, Guarapuava, Imbituva, Ivaí, Guamiranga, Irati, Inácio Martins, Laranjeiras do Sul, Ponta Grossa, Prudentópolis, Reserva, Teixeira Soares e Tibagi. 


 O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Militar do Paraná realizaram na terça-feira, 16, a operação João de Barro, em 13 cidades do Paraná, com o objetivo de combater a prática de crimes ambientais. Na região Centro-Sul foram cumpridas medidas judiciais em Irati, Inácio Martins, Prudentópolis, Teixeira Soares, Imbituva e Guamiranga. 

Irati

Segundo dados repassados pelo coordenador estadual do Gaeco, o procurador de justiça Leonir Batista, foram cumpridos cinco mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é encaminhada para prestar depoimento imediatamente) e seis buscas domiciliares em Irati. Ainda foram apreendidas oito armas (cinco espingardas, uma carabina, uma garrucha e um revólver calibre 38). Cinquenta munições de diversos calibres, equipamentos de recarga de munições e dez quilos de carne de javali também foram apreendidos em Irati. A operação ainda resultou na prisão de cinco pessoas em flagrante, que não tiveram os nomes revelados pelo Gaeco, e na apreensão de 15 frascos de palmito in natura. Também foi realizada a apreensão de documentos diversos de interesse da operação, além de R$ 20.918 em cinco cheques, e R$ 8 mil em espécie. 

Inácio Martins

Em Inácio Martins, foram cumpridos três mandados de condução coercitiva, realizadas três buscas e apreensão em residências e uma busca e apreensão em um estabelecimento comercial. Assim como em Irati, também foram apreendidas oito armas em Inácio Martins, sendo seis espingardas, uma carabina calibre 38 e uma pistola 380. Mais de 400 munições de calibres variados, equipamentos e materiais para recarga de munições, seis rádio comunicadores, seis cartucheiras para caça, uma luneta, um punhal e quatro faroletes também foram apreendidos em Inácio Martins. A operação resultou em duas prisões em flagrante. Já a quantidade de carne de caça apreendida foi de 2,26 kg.

Prudentópolis

Em Prudentópolis foram cumpridos cinco mandados de condução coercitiva, realizadas duas buscas domiciliares e efetuada uma prisão em flagrante.  Foram apreendidas duas espingardas calibres 20 e 28, mais de 500 munições de diversos calibres, um punhal, duas lunetas para serem acopladas em carabinas, uma mira a laser e equipamentos e materiais para recarga de munições. A operação ainda resultou na apreensão de documentos e de 10 kg de carne de paca.

Outros municípios da região

Em Teixeira Soares, Imbituva e Ivaí foram cumpridos dois mandados de condução coercitiva. Já em Guamiranga foi cumprido um mandado de condução coercitiva.

Ponta Grossa

Em Ponta Grossa foi apreendida uma quantidade expressiva de dinheiro em espécie (R$ 19 mil) e também de dólar (U$ 4.127). Foram cumpridos nove mandados de condução coercitiva, realizadas seis buscas e apreensões em residências, uma busca e apreensão em um clube de tiro e efetuadas cinco prisões. No total, foram apreendidas 12 armas (oito espingardas, dois revólveres e duas pistolas), mais de 5 mil munições, além de equipamentos e materiais para recarga de munições.

Tibagi

Em Tibagi, na região dos Campos Gerais, foi cumprida uma condução coercitiva, uma busca e apreensão em residência e uma busca e apreensão em madeireira. Foram apreendidos R$ 7 mil em espécie e dois cheques, totalizando R$ 6.700. Segundo o Gaeco, também foi apreendida uma grande quantidade de pinheiro araucária em toras e beneficiado e de documentos diversos de interesse da operação.


 Guarapuava

Duas conduções coercitivas e uma busca e apreensão em residência foram realizadas pelo Gaeco e a PM, em Guarapuava. Também foram apreendidos documentos diversos de interesse da operação.

Curitiba

Em Curitiba foi realizada uma prisão em flagrante, três conduções coercitivas e três buscas e apreensão em residências. No total, 374 munições foram apreendidas. 

Reserva

Em Reserva houve apenas o registro de uma condução coercitiva. 

Policiais e fiscais do IAP afastados

Oito policiais militares ambientais, dois fiscais do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e um ex-funcionário do IAP foram investigados. Dos oito PMs, cinco ainda estavam trabalhando em Guarapuava e Ponta Grossa e foram afastados. Só com um dos fiscais do IAP foram encontradas 300 unidades de munição de calibres diferentes, incluindo munição de uso restrito das Forças Armadas. Uma madeireira em Tibagi foi interditada. No local, foram encontradas 1.200 araucárias cortadas. Outras cinco empresas tiveram as atividades econômicas suspensas. O Gaeco não informou a procedência, ou seja, o município de origem das empresas impedidas de atuarem.

Crimes ambientais
 
O Ministério Público acredita que os envolvidos faziam parte de um esquema de corrupção e crimes ambientais com donos de madeireiras. Os policiais ambientais e os fiscais do IAP estariam facilitando a atividade dessas empresas avisando sobre possíveis fiscalizações e facilitando o trabalho ilegal. 

“Foi uma série de lugares que havia desmatamento irregular, documentos forjados para dar aparência de regularidade à derrubada de árvores e outros problemas ambientais, inclusive comercialização de toras de araucárias, pinheiro como é conhecido no Paraná. Em alguns casos dificultando a fiscalização, impedindo a fiscalização do IAP e da Polícia Ambiental, em casos de pessoas idôneas, e outros que eram corrompidos para não fiscalizar ou para fazer vistas grossas ou regularizar o âmbito de atuação dessas empresas. Houve envolvimento de empresários, funcionários dessas empresas que sabiam que as coisas estavam erradas e aderiram a essa situação. A operação objetivou apreender documentos, computadores e outros elementos para levar a apresentação da justiça como ação penal”, explicou Leonir, em entrevista concedida a reportagem da Najuá.

Nota do IAP

Em nota, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) informou que afastou dois servidores lotados na sede do escritório regional de Guarapuava, que estão sendo investigados na operação João de Barro.

“Caso sejam condenados os servidores responderão a processos administrativos e medidas legais cabíveis. A portaria nº 203/2014 que afasta os servidores será publicada em Diário Oficial do Estado nessa quinta-feira (18), atendendo a referida decisão judicial”, diz um trecho da nota.

O documento encaminhado para a imprensa também afirma que nenhum dos servidores do IAP está preso por corrupção ou má conduta nas atividades praticadas na instituição.  “Eles apenas foram chamados para prestar esclarecimentos a promotoria quanto as suas atividades profissionais realizadas nos anos de 2009 e 2010. Conforme decisão da presidência, o IAP apoia as investigações, fornecendo documentos e informações em todos os questionamentos feitos e colocando à disposição seu quadro de fiscais para colaborar com as investigações”, informa o IAP na nota de esclarecimento. 

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