O que começou como a promessa de um agricultor, cresce a cada ano, e emociona quem acompanha a chegada/ Diego Gauron

O que começou com uma promessa individual se transformou em uma tradição de fé que cresce a cada ano. Mais de 100 fiéis de Rio Azul caminharam cerca de 45 quilômetros até o Morro da Santa, em Irati, em homenagem a Nossa Senhora das Graças nesta semana. A caminhada, que teve início na comunidade de Marumbi dos Ribeiros, no interior do município, é um gesto de gratidão e devoção que já emociona toda a região. Assista aqui.
A jornada, feita a pé, atravessa estradas de chão, trechos de rodovia e a longa escadaria que leva até a imagem da Santa. O agricultor Sauli André Duzanoski, idealizador da caminhada, relembra que tudo começou de forma simples, com uma promessa feita em 2021.
“Eu não imaginava que ia atrair tanta gente. A primeira vez foi só eu e só minha esposa saba; e depois começou a crescer: veio meu irmão, o cunhado, os amigos… Hoje são dezenas de pessoas. Era uma promessa, mas se Deus me usou pra isso, é porque é uma coisa boa”, contou Sauli, emocionado ao chegar ao topo do morro.
De uma promessa solitária à fé que se espalha
Na primeira edição, Sauli fez o trajeto sozinho. Em 2022, cerca de dez pessoas se juntaram à caminhada. Desde então, o número de participantes só aumentou.
“É muito bom, a gente alcança muitas graças no decorrer do tempo. Quem faz essa caminhada recebe muitas bênçãos”, disse o agricultor, que completou sua quinta caminhada neste ano.
O irmão dele, Ivair José Dusanoski, participa desde o início e ressalta a importância da fé e da preparação.
“A caminhada até o Morro da Santa tem uns 45 quilômetros. É um desafio físico, mas, acima de tudo, espiritual. Quando você chega lá, o cansaço desaparece. É gratificante chegar aos pés da Nossa Senhora e agradecer.”
Mais de 100 fiéis em um mesmo propósito
A cada edição, a caminhada reúne mais pessoas e se consolida como um símbolo de fé para a comunidade de Rio Azul. “A sensação é maravilhosa. O cansaço vem junto, mas quando a gente chega, o sentimento é de que tudo valeu a pena. Esse ano foram mais de cem pessoas participando, e ver tudo isso acontecendo motiva a gente a continuar”, destacou Ivair.
Entre os participantes, há quem participe todos os anos e quem tenha vivido a experiência pela primeira vez.
A agricultora Marlise Golemba contou que cada caminhada é um novo encontro com a fé. “Cada um que vem tem uma intenção. A gente volta já planejando o próximo ano. É pedir e agradecer, não só pedir.”
Fé que inspira outras pessoas
A devoção dos fiéis de Rio Azul também inspirou moradores de outras cidades. Um exemplo é o senhor Nilson de Campos, morador de Irati, que decidiu participar depois de ver a chegada do grupo no ano anterior.
“Ano passado eu vi eles chegando aqui na Santa, achei bonito. Prometi que no outro ano ia participar e cumpri. Foi difícil, o corpo sente, mas é a fé que move a gente. Vale a pena”, contou.
Ele completou o percurso ao lado do grupo, mesmo com o desafio físico de caminhar longas horas. “Tenho mais de 60 anos, então o corpo já sente. Mas a fé é o que faz você seguir. Acreditar que vai conseguir é o que te leva até o final.”
Devoção e emoção no alto do morro
O sentimento de fé e gratidão é compartilhado por todos que completam a jornada. Na chegada ao topo, muitos se emocionam diante da imagem de Nossa Senhora das Graças.
O agricultor Jaumar Cordeiro, um dos participantes, se comoveu ao agradecer pela caminhada e pela fé do grupo. “A gente, às vezes, tem muito pra pedir e pouco pra oferecer. Passamos uma vida inteira pedindo e esquecendo de oferecer. Eu só posso dizer obrigado a todos que ofereceram sua noite, seu cansaço, sua fé. Não existe outro caminho… só não podemos perder a nossa fé.”
Para ele, o gesto simples de caminhar representa a verdadeira essência da devoção. “A fé sem maquiagem, sem cortina, é isso aqui: simplicidade. Ver mais de cem pessoas caminhando juntas, sem precisar dizer nada, isso é fé verdadeira.”
Tradição que continua crescendo
Entre os caminhantes também estava Cidnei Bueno da Costa, que participou pela primeira vez. “Pra nós é bom demais. Cuida da saúde, do corpo e da alma.”
E apesar das dificuldades físicas, o sentimento de gratidão é o que move cada passo. Gilvano Gulbinski resumiu o significado da caminhada: “É um trajeto longo, judia um pouco, mas é um pequeno sacrifício por tudo que Nossa Senhora fez por nós, por interceder junto ao nosso Senhor Jesus Cristo.”
A cada ano, a caminhada ganha novos rostos e histórias. E, para muitos, mais do que uma tradição, ela se tornou um testemunho de fé que une comunidades e famílias inteiras.
Fé que se renova a cada passo
Ao olhar do alto do morro para a cidade de Irati, o idealizador Sauli resume o sentimento de todos: “Graças a Deus, deu tudo certo. É uma sensação de dever cumprido. A gente chega cansado, mas feliz.”
A caminhada de fé que começou como uma promessa individual agora faz parte do calendário espiritual da região, unindo Rio Azul e Irati em um mesmo propósito de devoção a Nossa Senhora das Graças.








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