Feira de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade reúne mais de 120 expositores e 4 mil visitantes em Irati

Evento, realizado no último fim de semana no Centro de Eventos do CT Willy Laars,…

21 de setembro de 2022 às 12h15m

Evento, realizado no último fim de semana no Centro de Eventos do CT Willy Laars, reuniu produtores e visitantes de diversas partes do país/Paulo Henrique Sava

Feira de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade reuniu centenas de produtores e pelo menos 4 mil visitantes no Centro de Eventos do CT Willy Laars, em Irati. Foto: Paulo Henrique Sava

A 18ª edição da Feira de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade reuniu mais de 120 expositores no Centro de Eventos do CT Willy Laars no último fim de semana. O evento também reuniu cerca de 4 mil visitantes de diversas partes do país e ofereceu uma grande variedade de sementes, produtos alimentícios, bebidas e artesanato à população.
O evento, que inicialmente seria feito em Fernandes Pinheiro, foi realizado pela primeira vez em Irati. Em entrevista à Najuá, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Irati, Edílson João dos Santos, destacou que o evento abrirá espaço para outras coisas que podem auxiliar no desenvolvimento da agricultura familiar. “As sementes continuam sendo o futuro da humanidade. Os nossos ancestrais tinham, nós temos e amanhã ou depois nós precisaremos de alimentos para pôr à mesa e nos alimentarmos bem”, comentou.

O produtor Pedro Licheski, da localidade de Taquaral do Bugre, município de São Mateus do Sul, atua há 40 anos na agricultura. Ele expos 12 variedades de feijão, 5 de milho e sementes de abóbora, amendoim, alho poró, vagem e plantas ornamentais. O agricultor também vende seus produtos na feira livre de São Mateus. “Nós cultivamos todas estas variedades para vender na feira livre para o pessoal, tanto as sementes como o milho verde. Temos semente de abóbora, alho, feijão de vagem e temos mais coisas que cultivamos em casa, enxertos, fazemos de tudo um pouco”, comentou.

A produtora Maria Aparecida Alves, do assentamento João Maria Agostinho, em Teixeira Soares, expôs, além das sementes de amendoim, feijão, abóbora de quatro tipos, coentro, erva-doce, quiabo, alguns quitutes como cocadas, espetinhos de chocolate e “coquinho” (coco cortado em pedacinhos cobertos de açúcar). Ela e o esposo produzem sementes há mais de 30 anos. Na avaliação de Maria, esta foi a melhor feira da qual ela participou. “Esta feira foi a melhor que tivemos de todas as que participamos, é muito boa e produtiva e nós vamos querer mais”, frisou.

Produtora Maria Aparecida Alves, de Teixeira Soares. Foto: Paulo Henrique Sava

A produtora Matilde, que se aposentou recentemente e reside em Irati, não abandonou totalmente a propriedade, na localidade de Cadeado Santana e aproveitou a feira para pegar sementes novas para plantar na chácara, onde atua há 35 anos. “Nós continuamos, deixamos a chácara lá porque não dá para desperdiçar as coisas boas e hoje estamos pegando coisas novas para levar e plantar lá. Vim com meu esposo para ver estas novidades que a gente encontra aqui”, comentou.

Produtores de outros estados também estiveram presentes, como foi o caso de Valdir Schüzel, de Bela Vista do Toldo, planalto norte de Santa Catarina, produz licores, vinhos e geleias artesanais com frutas produzidas pela própria família na propriedade de maneira agroecológica. Ele acredita que a realização da feira em Irati fortaleceu ainda mais os agricultores. “Isto vem a nos dar mais força para nos mantermos neste caminho. Isto mostra que nós, os pequenos agricultores, temos uma força muito grande na produção de alimentos”, frisou.

Ao centro, de boné, o produtor de licores Valdir Schüzel, de Bela Vista do Toldo, planalto norte de Santa Catarina. Foto: Paulo Henrique Sava

Durante a feira, os visitantes puderam adquirir também o artesanato produzido pelos indígenas da Casa de Passagem de Irati. Antônio Crispim, coordenador da casa, afirmou que a exposição foi importante para que as pessoas conhecessem de perto o trabalho feito pelos índios. “Eu digo para o meu pessoal que pelo menos as pessoas vêm para conhecer o nosso trabalho, se não comprarem, pelo menos estamos mostrando nosso trabalho”, frisou.

Representantes do grupo de mulheres da Associação dos Produtores Rurais da localidade de Invernada, município de Rio Azul, levou compotas, conservas, sementes, pães, cerveja caseira e outros produtos para a feira. A produtora Maria Terezinha Oliveira Chescoski relatou que o grupo atua há 9 anos na comunidade e atualmente conta com cerca de 13 mulheres, que conseguiram recentemente o título de Guardiãs das Sementes. “Graças a Deus temos nossa certificação da propriedade e isto nos deixa bastante felizes e seguras. Hoje estamos colaborando pela primeira vez nestas feiras, tivemos várias feiras municipais em nossa comunidade”, frisou.

Maria Terezinha e o esposo, que eram produtores de tabaco, decidiram trocar a cultura e trabalham com agricultura familiar há mais de 15 anos. “Faz 15 anos que paramos de plantar o fumo e ficamos surpresos, pois achamos que iríamos passar necessidade, mas não comemos fumo. Começamos a plantar todas estas sementes que já eram do meu sogro e do meu pai, como o arroz e o feijão. Hoje, temos isto na propriedade, plantamos e multiplicamos, passando nas feiras para pessoas que queiram, e isto é muito bom”, comentou.

Mulheres da localidade de Invernada, em Rio Azul. Foto: Paulo Henrique Sava

Em seu discurso, a procuradora do Ministério Público, Margarete Matos de Carvalho, destacou a importância da agricultura familiar para a que a cultura dos transgênicos deixe de existir. Ela defendeu a criação de mais políticas públicas para os agricultores. “Vocês são a resposta para que isto deixe de existir. É mais uma responsabilidade que vocês têm, mas para que isto se torne realidade, precisamos de mais políticas públicas, créditos e investimentos na agricultura familiar, e isto vai acontecer brevemente, eu espero”, destacou.  
Ao centro, de preto e vermelho, a procuradora do MP, Margarete Matos de Carvalho. Foto: Paulo Henrique Sava

O secretário de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar, Raimundo Gnatcoski (Mundio) destacou que os programas administrados pela pasta, como o Ecotroca e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), são responsáveis pela compra de grande parte dos produtos da agricultura familiar. Somente o PNAE adquire 80% da produção da agricultura familiar.
“Fortalecer tudo isto é nossa meta e buscar esta proximidade para procurar tecnologia de produção dentro da agricultura orgânica e ecológica também é uma das nossas metas. Esta proximidade com o Instituto Equipe e todos que trabalham com agroecologia é necessária”, frisou.

Fotos: Paulo Henrique Sava

Prefeito Jorge Derbli e a vice-prefeita Ieda Waydzik participaram do evento

Produção de licores de Santa Catarina

Banda Mãe Terra

Artesanato indígena

Mandala feita por alunos do campus Irati do IFPR

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