Feira de Exposição e Comercialização do Artesanato Indígena será realizada amanhã em Irati

Evento será realizado a partir das 09 horas, na Casa de Passagem Indígena, na Avenida…

18 de fevereiro de 2022 às 19h24m

Evento será realizado a partir das 09 horas, na Casa de Passagem Indígena, na Avenida Perimetral João Stoklos/Paulo Henrique Sava, com informações da SECOM/Prefeitura de Irati

Feira de Exposição e Comercialização do Artesanato Indígena será realizada neste sábado, 19, na Casa de Passagem Indígena de Irati. Foto: SECOM

Que tal conhecer um pouco mais da cultura indígena e valorizar o trabalho desta população? Para que isto seja possível, será realizada neste sábado (19), a 1ª Feira de Exposição e Comercialização doArtesanato Indígena, a partir das 09h, na Casa de Passagem Indígena, na Avenida Perimetral João Stoklos, próximo ao Fórum Eleitoral e ao Centro da Juventude Nagib Harmuche. Os indígenas estão no local desde o final de 2019. 
Durante o evento, serão vendidos cestos de roupas, balaios, peneiras, entre outros produtos fabricados de forma artesanal pelos nativos da aldeia caingangue Terra do Ivaí, de Manoel Ribas. No dia, a população também poderá conhecer a estrutura da Casa de Passagem.

Em entrevista ao programa Espaço Cidadão, da Super Najuá, Alessandra Collesel, pedagoga que atua na casa, destacou que a feira foi organizada por conta da necessidade de comercialização dos produtos dos indígenas. A ideia foi inspirada em experiências de outros municípios que promovem este tipo de evento. “Achamos bem interessante reproduzir esta ideia aqui no nosso município, como uma maneira de incentivar este artesanato e proporcionar o acesso da população iratiense à Casa de Passagem Indígena. Este é o principal motivo, que a população vá conhecer, dialogar com os indígenas, saber quem são eles e por que estão aqui e comprar este artesanato muito bem feito por eles e que há tempos passam aqui pela nossa cidade comercializando”, frisou.

Alessandra relatou que houve em Irati episódios de preconceito contra os indígenas. “Infelizmente, já tivemos alguns episódios até de preconceito e xingamentos contra os indígenas por parte da população de Irati. Eu acredito que é preciso conhecer o outro lado da história. Os indígenas frequentam a nossa cidade desde que Irati se reconhece como tal, então a vinda deles até o nosso município é histórica”, destacou.

Antônio Crispim, coordenador da casa e representante da aldeia, trabalha com artesanato há pelo menos quatro anos. Ele contou quais produtos são feitos pelos indígenas e o tipo de material que é utilizado. “Fazemos cestos de roupas, peneiras, balaios, fruteirinhas, tem o pessoal que faz os filtros de sonhos, vai ter bastante coisa legal lá. Nos nossos artesanatos, nós usamos as taquaras mesmo, compramos tintas e tingimos elas”, relatou.

O papel da Secretaria Municipal de Assistência Social, segundo Alessandra, é promover este tipo de ação e atividade. “Vamos incentivando, na medida do possível, buscando projetos de incentivo à cultura e ao artesanato indígena. Na Casa, damos apoio através do fornecimento de alimentação e gás para que eles permaneçam na cidade. Esta é a função que fazemos e estamos exercendo junto com eles, este incentivo, e no que depender de nós, todo esforço vai ser feito para que as coisas aconteçam e deem certo”, pontuou.

Durante a feira, a população poderá ver como os produtos são feitos, segundo Alessandra. “Eu acho que é primordial que eles vejam e dialoguem com as mulheres. Temos ainda um pouco de dificuldade em relação à língua, algumas se comunicam mais fluentemente, outras não, e outras ainda são mais tímidas, mas o Toninho (como é chamado o coordenador da Casa) estará lá para fazer esta articulação e colaborar nesta conversa com a população”, comentou.

Os recursos obtidos com a venda do artesanato ficarão com os próprios indígenas, para que eles adquiram material de pintura e obtenham lucro com a venda do artesanato. Doações de alimentos poderão ser feitas no local.

Atualmente, a Casa de Passagem está com 25 pessoas, que podem ficar por até 30 dias. Se não houver outra turma organizada pela aldeia para ocupar o local, eles podem permanecer por mais 15 dias. O imóvel tem três quartos, dois banheiros, uma cozinha, uma sala, um jardim, uma lavanderia, quintal e abrigo, onde será realizada a feira.

Casa de Passagem Indígena, na Avenida Perimetral João Stoklos, próximo ao Fórum Eleitoral e ao Centro da Juventude Nagub Harmuche. Foto: Arquivo Najuá

Casa de Passagem – O coordenador da casa demonstrou gratidão à população e ao Executivo iratiense pela acolhida na Casa de Passagem no final de 2019. Antes disso, os indígenas tinham como abrigo a obra abandonada do Centro Cultural Denise Stoklos. Antônio contou o que mudou na vida dos indígenas depois da mudança. “No começo, negociamos e a Sybil foi lá (no Centro Cultural), eu estava com a minha esposa e meu filho e conversou comigo. Nós estávamos em 50, e destes a metade não aceitava (a mudança). Eu disse que queria, e que se eles não quisessem, não fossem, pois não eram obrigados. Eu estou indo, e quem quiser ir comigo, se abrace porque não vamos sofrer mais. Aí ficamos para lá e para cá, e de repente nos juntamos todos, deu certo. Os primeiros que falaram que não iriam para a Casa de Passagem Indígena foram os primeiros a ir”, comentou.

Antônio relatou a alegria de poder voltar para a Casa de Passagem depois que ela permaneceu um tempo fechada por conta da pandemia. “Para mim foi bom porque eu já estava acostumado em Irati, cidade da qual tenho saudade quando vou embora. É uma cidade onde o meu pessoal gosta de ficar. Eu jpa estava agoniado para vir e ficava ligando para Irati dizendo que queria vir, e agora deu certo. Irati é muito bom para nós, fomos bem recebidos”, finalizou.

Alessandra Collesel, pedagoga da Secretaria Municipal de Assistência Social, e Antônio Crispim, coordenador da Casa de Passagem Indígena de Irati. Foto: Paulo Henrique Sava
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