Feira agroecológica é retomada na Vila São João

Produtos orgânicos serão vendidos todos os sábados, das 9 às 14 h. Feira é realizada…

19 de outubro de 2023 às 20h54m

Produtos orgânicos serão vendidos todos os sábados, das 9 às 14 h. Feira é realizada pelos agricultores da Associação Assis/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

Vários produtos são vendidos na feira agroecológica como banana, mandioca, alface, repolho, cebola, cenoura, pêssego, tomate, entre outros. Foto: Divulgação

A feira agroecológica da Associação Assis foi retomada no sábado (14) em Irati. Os produtos orgânicos serão comercializados todos os sábados, das 9 às 14 h na rua Espírito Santo, na Vila São João, próximo ao posto de saúde. Entre os diversos produtos vendidos estão legumes, geleias, hortaliças, mel, conservas, café, frutas e erva-mate.

A feira é realizada pela Associação Assis, uma entidade que reúne cerca de 70 produtores da região que possuem certificado de produção orgânica ou estão em processo de adquirir o certificado. Devido às chuvas na última semana, cerca de 10 a 15 agricultores conseguiram participar da feira na primeira edição, mas a intenção é que as quase 40 famílias agricultoras que já produzem produtos orgânicos possam participar.

Segundo Rodrigo de Souza, um dos representantes da associação, a feira foi retomada para que esses agricultores tivessem mais um espaço onde possam comercializar os seus produtos. “A nossa proposta é que tenhamos alternativas para os agricultores, além dos programas. Existe programas que compram alimentos, como o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar], e nós precisamos apostar em alguns meios de comercialização que sejam independentes disso. A feira é esse espaço”, conta.

O retorno da feira acontece no ano em que ela irá comemorar 20 anos de criação. O vice-presidente da associação, Gelson de Paula, explicou que o retorno também aconteceu em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação, celebrado na segunda-feira (16), que traz a discussão sobre a necessidade de uma alimentação saudável. “A questão de retomar a experiência da feira é também em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação, que faz refletirmos em como que está a nossa alimentação. Eu sei que o que eu estou consumindo é saudável? Como é produzido? Com o que é produzido? De onde vem? É importante refletirmos sobre aquilo que consumimos porque sabemos que tem muitos alimentos com excesso de corante, conservante e até o próprio agrotóxico, tem muitos alimentos com agrotóxico, que também precisa tomar esse cuidado”, disse.

Vice-presidente da Associação Assis, Gelson de Paula, e um dos representantes da entidade, Rodrigo de Souza, comentaram sobre os produtos que serão vendidos na feira agroecológica durante participação no programa “Meio Dia em Notícias” da Super Najuá. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

A feira também quer auxiliar na discussão dos preços dos produtos e tornar mais acessível o consumo de produtos sem agrotóxico. “O alimento orgânico e agroecológico tem uma discussão que o pessoal acha que é muito caro para se comprar. O pessoal não compra porque é muito caro. Mas estamos fazendo uma discussão de tirar essa cultura do pessoal de achar que o alimento é caro. Dá para produzir alimento orgânico e agroecológico sem ser muito caro. Essa discussão queremos fazer com os consumidores. Quem quiser também sugerir e avaliar a questão dos valores, dos preços, durante a feira também pode fazer esse trabalho. A média das hortaliças e dos tubérculos é de R$ 4 a R$ 5, para menos”, conta Gelson.

Os agricultores que participam da feira passaram por um longo processo para receber uma certificação de produção orgânica. O processo inclui a participação do agricultor em grupos que são ligados a um núcleo que se reúne uma vez por mês. Para manter os certificados, os produtores devem participar dessas reuniões. O núcleo também é ligado a uma rede de agricultores dos três estados da região Sul que também se encontram. É no núcleo também que há um trabalho mais burocrático, com a reunião da documentação das propriedades. “Tem todo o processo de documentação. O agricultor tem que fazer o plano de manejo, tem que fazer o cadastro, tem que participar todo mês da reunião. Se ele faltar três reuniões, ele já está fora, perde o certificado”, explica o vice-presidente da associação Assis.

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As propriedades também são fiscalizadas pelos próprios agricultores que verificam se o local está apropriado para a produção orgânica. “Também tem uma norma que todo ano o agricultor tem que receber a visita de todas as famílias do grupo na propriedade para conferir. Todo mês tem reunião em uma propriedade, que todo mês o grupo todo, de certa forma, fiscaliza como estão as barreiras para proteger das áreas que o pessoal usa agrotóxico, ver como é que está a organização da propriedade, da produção de nascente, dos lixos, da fossa”, revela Gelson.

O vice-presidente da Associação Assis destaca que a propriedade precisa ter alguns cuidados específicos para poder produzir. “A propriedade, para certificar, tem que estar bem feita as barreiras para não contaminar a sua produção. Tem que estar com a proteção de nascentes. Se tiver nascente na propriedade, tem que estar protegida. Não pode também ter água de pia solta. Tem que ter a fossa bem organizada. Também não pode ter lixo esparramado pela propriedade, pela casa, pelo quintal. E se quando der reunião na casa do agricultor, se tiver alguma coisa desorganizada, o grupo fica suspenso por um tempo e se não organizar, ele pode ser excluído do grupo e da rede também”, disse.

A documentação do agricultor é conferida pelo Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC), uma entidade dentro da rede de agricultores, que cuida da documentação. “Os planos do manejo, a documentação, o cadastro, as atas e toda a documentação dos grupos chega nessa associação, que chama OPAC. Ali, uma equipe pega e confere todos a documentação. Se está tudo certo, se não tem falha. Ela confere. Se tiver tudo certo, a documentação retorna para o núcleo, que retorna para o grupo e chega até o agricultor que está tudo certo. Então, pode fazer o certificado, pode renovar o certificado porque certificado vence todo ano também. Todo ano tem que renovar certificado. Se tiver tudo certo, a própria OPAC manda a documentação para o Ministério da Agricultura (MAPA), para receber o certificado. Para receber o certificado, você tem que estar com todo esse processo em dia”, conta.

O vice-presidente da associação Assis destaca que o agricultor deve estar atento ao processo para conseguir manter a certificação. “Nós sabemos que tem muita dificuldade dentro da certificação porque a legislação é bem exigente. Não pode fugir da legislação. Cada vez muda a questão da legislação. Nós, agricultores, temos que nos adequar à legislação. Tem que tomar bastante cuidado. Por isso, a dificuldade. O pessoal acha que alimento agroecológico é só não usar o produto químico. Mas tem toda essa burocracia, todo esse processo para você garantir, porque você tem que garantir que o teu produto é agroecológico”, afirmou Gelson.

Com a feira, a associação também quer aproximar o agricultor do consumidor, para que o processo de produção e certificação seja conhecido. “O importante é esse diálogo entre agricultor e consumidor, para saber como que é produzido, de onde veio. A dificuldade também do agricultor de fazer esse processo de transição para a agroecologia porque tem que mudar todo o sistema na propriedade”, disse.

Confira abaixo mais fotos dos produtos vendidos na feira agroecológica

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