Vandir Fracaro relata que documento foi anexado em cima da hora para evitar instalação de inquérito e perícia de provas, apesar disso, refuta tese da defesa de João Fernando Nedopetalski
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| Advogados Edson Gonçalves e Vandir Fracaro, atuam na acusação no júri de Fernando Nedopetalski |
O assassinato de Ivanilda Kanarski, ocorrido na presença dos filhos do casal, na manhã do dia 26 de julho de 2018, no Parque Aquático de Irati, comoveu a sociedade e vem mobilizando ativistas de direitos humanos em defesa da proteção à mulher. Vandir Fracaro, que atua na acusação do réu, João Fernando Nedopetalski, que matou sua ex-esposa e foi preso em flagrante, concedeu entrevista à Rádio najuá, na tarde desta terça-feira (8). O júri acontece nesta quarta, dia 9, e será transmitido pelo Youtube. Não será permitida a entrada de cidadãos, nem mesmo da imprensa, em atendimento às restrições impostas pela pandemia da Covid-19.
Mais cedo, o advogado de defesa, Jeffrey Chiquini, falou a respeito de um fato novo, até então desconhecido pela sociedade. Ele se referiu a um ou mais boletins de ocorrências que retratariam a intenção de, ao contrário, Ivanilda, em conluio com um suposto amante, tramar o assassinato do seu companheiro.
“Este documento novo, dito ‘importantíssimo para absolvição do réu’, se assim o fosse, por que não foi apresentado antes? Pois poderia ter retirado o réu da prisão. Foi juntado três dias antes do júri para ter o fator surpresa e não dar tempo de instalar um inquérito e pedir uma perícia”, indaga Fracaro.
A respeito do boletim em si, o advogado estranha que uma pessoa fez um boletim na delegacia dizendo que supostamente estava sendo ameaçada por uma moto de trilha que passou ao seu lado dando tiros para o alto, mas não deu andamento. Ele diz que consta no próprio boletim o pedido para que fosse arquivado e afirma que nem ele, nem a defesa tinham conhecimento disso no decorrer do processo. “É um documento criado por eles e pela própria testemunha do réu”.
A tese da defesa mira em convencer que uma pessoa com a honra abalada pode ter seus atos, no caso, assassinato, justificados. “A tese da defesa é difícil porque vai tentar convencer o júri de que se você tiver a honra abalada, pode matar alguém. Arriscada. Se for usar esta tese, a Ivanilda, sofrendo ameaças, agressões e apanhando por sete anos, também tinha honra. Então ela poderia ter matado o réu? Não. Nem por isso porque um crime não justifica o outro”, comenta.
Vandir Fracaro está confiante na condenação. Segundo ele, ainda que se alegue traição ou planos de assassinato, não há provas. “O jurado tem de seguir pelas provas do processo, a autonomia encontra obstáculos quando se tem de levar em conta as provas do processo. Não há prova de traição indo para o caminho da tese de sustentação da defesa”, informa Fracaro que prevê condenação com pena máxima. “Cabendo recurso chegaria a 27 anos e já cumpriu dois, talvez em pena máxima pode resultar em 12 e 13 anos”.
