Família Kasprzak doa terreno ao Conder para construção de aeródromo regional

Aeródromo regional será construído em Fernandes Pinheiro. Primeira doação que seria feita ao município não…

31 de outubro de 2023 às 21h29m

Aeródromo regional será construído em Fernandes Pinheiro. Primeira doação que seria feita ao município não foi aprovada na Câmara de Fernandes Pinheiro/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava

Pista de pouso da família Kasprzak, que foi doada para a AMCESPAR, como objetivo da construção de um aeródromo no local. Foto: Paulo Sava

A construção de um aeródromo regional em Fernandes Pinheiro ganhou novos capítulos recentemente. A família Kasprzak doou um terreno de 12 alqueires para a Associação dos Municípios do Centro-Sul do Paraná (Amcespar). A doação foi assinada no dia 10 de outubro.

A construção será viabilizada por meio do Consórcio para o Desenvolvimento Regional (Conder), que reúne os dez municípios da associação. Há ainda o indicativo de recursos do governo estadual para a construção da infraestrutura necessária.

A assinatura acontece após os vereadores de Fernandes Pinheiro não aprovarem o projeto que tratava sobre a doação do terreno ao município.

A prefeita de Fernandes Pinheiro, Cleonice Schuck, conta que conversou com os vereadores para explicar sobre o projeto. “Eu solicitei uma reunião, depois da primeira votação negativa. Sentei com os vereadores, tentei sensibilizá-los da necessidade desse aeroporto, da importância de tudo isso, mas infelizmente não teve acolhimento por parte do presidente, dos demais vereadores da oposição, que se colocam como oposição à gestão hoje. A alternativa que nós tivemos foi levar para o Conder. Acredito que tenha sido também um fortalecimento, o envolvimento de todos os prefeitos, e mostrar, principalmente, que os gestores da Amcespar estão unidos, estão alinhados ao Governo do Estado e o nosso interesse é só o desenvolvimento da nossa região”, disse.

Com a rejeição do projeto na Câmara, a prefeita buscou opções para viabilizar o aeroporto. “Fomos procurar outra alternativa e fomos para avaliação do estatuto do Conder, que é um conselho de desenvolvimento, dentro da Amcespar e percebemos a possibilidade de estar fazendo esta doação diretamente para o Conder. Assim foi feito”, conta.

De acordo com a prefeita, a doação não precisa mais passar pela Câmara Municipal porque o legislativo já aprovou o estatuto do Conder anteriormente, que previa a possibilidade da doação.

A próxima etapa é a realização de um anteprojeto que definirá os valores da construção da obra. O terreno doado conta com um aeroporto registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), mas que recebe apenas pequenas aeronaves já que possui uma pista de terra de cerca de 600 metros. O objetivo é modernizar o espaço para receber aeronaves maiores.

O município de Fernandes Pinheiro tem custeado esse início do projeto, com o pagamento da escrituração do terreno. “Nós temos até a obrigação de estarmos ajudando e arcamos com esse custo, que é um custo muito pequeno, em torno de R$ 8 mil a escrituração de 12 alqueires. Até porque essa obra vai sair no município de Fernandes Pinheiro e a empresa que vai realizar a obra estará recolhendo o ISS, que terá um valor alto, para o nosso município. Eu, por livre e espontânea vontade, me propus, diante dos outros prefeitos, de arcar com esses custos, visto que Fernandes Pinheiros será o mais beneficiado. Agora, estamos contatando com empresas para fazer o anteprojeto desse aeroporto, para depois fazer a licitação da contratação do projeto executivo e da obra em si, que esperamos que já inicia no ano que vem”, explica Cleonice.

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Há uma indicação do Governo do Estado em liberar recursos para a construção do aeroporto. Apesar de uma indicação positiva do Estado, o recurso ainda não está totalmente confirmado. “Nós ainda estamos nessa tramitação, mas acreditamos fielmente que o nosso governador vai atender ao anseio de todos os municípios e todos os munícipes, que serão mais de 200 mil pessoas beneficiadas diretamente”, conta.

A prefeita ainda afirma que ainda não é possível ter a dimensão de quanto a obra irá custar. Mas a expectativa é que a obra fique em torno de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões. Cleonice ainda destaca que esses recursos estão dentro do orçamento estadual e não podem ser transferidos para outros setores. “Esses recursos que são destinados para infraestrutura do Estado do Paraná são utilizados para esse fim, para a construção de rodovias, aeroportos, toda a movimentação logística dentro do Estado. Ele é um recurso com uma fonte para infraestrutura. Ele não pode ser gasto em educação, em saúde, assistência social. Ele é um recurso destinado para esse fim. Se não viesse esse recurso para nossa região, para construção do aeroporto. Com certeza, iria para outra região”, explica.

Para a prefeita de Fernandes Pinheiro, a construção do aeroporto será benéfica para o desenvolvimento da região. “Acreditamos que será assim como outros municípios, que tiveram alavancados os seus setores industriais, comerciais, o seu crescimento e, principalmente, o recolhimento de impostos que dá a sustentabilidade dos municípios, principalmente, aos municípios menores, como é o caso de Fernandes Pinheiro”, disse.

A prefeita destaca que já há empresas indicando interesse na região com a possibilidade de construção do aeroporto. “Só da cogitação do aeroporto, algumas empresas já se interessaram em vir para cá. Temos até o interesse de uma empresa já com investimento de R$ 30 milhões em Fernandes Pinheiro. Temos uma empresa que está em cogitação de vir para Irati. Se vir para o Paraná, provavelmente vem para Irati, é mais de R$ 1 milhão de investimento”, conta.

Para o empresário William Kasprzak, representante da família que doou o terreno, a assinatura é a concretização de um sonho de seu pai, que foi um dos últimos sócios do aeroclube de Irati. “Todos os outros sócios já haviam falecido e a única pessoa com poder para doar o terreno era meu pai. Procurado pelo então prefeito Rodrigo Hilgemberg, ele fez um pacto com a prefeitura e foi feita a doação para a instalação, na época da Siemens, que hoje é a Yazaki. Dali iniciou-se o processo de doação e iniciou-se o processo de que Irati teria que ter um novo ponto de aeroclube, de aeroporto e que a prefeitura de Irati se comprometeria de fazer a compra de um terreno, ou alguma coisa nesse sentido, para instalação do novo aeroclube de Irati”, disse.

A prefeitura de Irati chegou a buscar um terreno que acabou não tendo condições para a instalação do aeroporto. “Com a vinda da Siemens para Irati, logo a seguir, acabamos pactuando com as prefeituras de Fernandes, de Teixeira e de Irati, para que fosse feito um aeródromo dentro da nossa propriedade. Foi feito, existe já há vários anos. Esse aeródromo é legalizado, consta na carta de navegação da aérea do Ministério da Aeronáutica. É um aeroporto legal. Só que é um aeroporto pequeno e de terra. Em dias de chuva, não permite operação e ele está lá funcionando, regularizado, tudo em ordem. Mas ele não tem a infraestrutura que hoje precisa”, conta.

Com a doação, William conta que é possível devolver o aeroporto para a população. “Esse aeródromo que existe hoje, ele é particular. Ele está na nossa propriedade, mas como o meu pai se sente na obrigação de devolver um aeroporto para Irati, ele carrega com ele esse desejo. Nós, como filho, estamos com a família toda tentando viabilizar. Esse terreno que era particular, nós estamos fazendo uma ampliação da área que vai ser doada porque este primeiro pedaço são três alqueires de terreno. A nova ampliação vai para 12 alqueires. Os três que eram utilizados eram particulares, não era de ninguém. Agora não. Agora os 12 alqueires pertencem ao Conder”, disse.

O empresário conta que no sentido particular, a concretização da doação é a realização de um sonho do seu pai e da família, mas que a ação deve auxiliar no desenvolvimento regional. “Vejo empresários vindo à Irati, que hoje muitos usam a aviação. Eu vejo a questão da possibilidade da instalação de uma escola de pilotos em Irati – que o meu irmão Vilmar conhece o pessoal e já se interessaram com o posicionamento. Eu vejo que para todos os municípios isso traz benefícios e grandes porque um aeroclube particular é uma coisa, um aeródromo regional, daqui a pouco eu tem alguma empresa aérea fazendo transporte de passageiros, interligando Foz do Iguaçu a Curitiba, com uma estacionada em Irati, e conseguimos levar pessoas daqui para outra cidade”, conta.

Atualmente, pequenas aeronaves realizam pousos na pista de terra da família Kasprzak. Foto: Paulo Sava
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