Falta de apoio do diretório estadual do PSD pode levar Ieda Waydzik a deixar partido

Ieda é pré-candidata à prefeitura de Irati; Diretório estadual do PSD manifestou interesse de apoiar…

03 de abril de 2024 às 20h49m

Ieda é pré-candidata à prefeitura de Irati; Diretório estadual do PSD manifestou interesse de apoiar a pré-candidatura de Emiliano Gomes para as eleições majoritárias de Irati/Texto de Karin Franco, com entrevista realizada por Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

Ieda Waydzik é pré-candidata a prefeita de Irati. Foto: Rádio Najuá/Divulgação

A vice-prefeita de Irati e pré-candidata a prefeita, Ieda Waydzik, pode deixar o Partido Social Democrático (PSD) por falta de apoio da executiva estadual do partido na eleição deste ano. A informação foi confirmada pela pré-candidata em uma entrevista no programa “Meio Dia em Notícias”, da Super Najuá, na terça-feira.

A troca de partido está sendo cogitada após a informação que integrantes do diretório estadual teriam manifestado apoio à candidatura de Emiliano Gomes, que também é pré-candidato a prefeito pelo PSD. “A Executiva Estadual do PSD tomou algumas decisões, sem nos ouvir. Como existe na base do governo vários partidos, existem várias pessoas com possibilidades e com vontade [de disputar a eleição]. Eu acho quem tem que decidir quem é o candidato é a cidade que esse candidato vai estar disputando a eleição. Seria o nosso diretório. A nossa provisória que deveria fazer essa escolha, com as pessoas nossas, com os filiados nossos. Mas não temos o poder de mudar essa realidade. Se o diretório estadual tomou essa decisão, nós estamos avaliando. Vamos definir mais adiante, se eu continuo lá ou se eu vou para outro partido. Nós vamos definir isso até sexta-feira”, explica Ieda.

A vice-prefeita considera que a escolha do diretório estadual foi “machista”. “O fato de o PSD ter tomado essa atitude de fazer uma escolha via diretório estadual, demonstra, no meu ponto de vista, um certo machismo e uma certa condição de desvalorização de nós mulheres”, disse.

Ieda citou como exemplo a prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt, que deixou o PSD e migrou para o União Brasil, após não receber apoio na pré-candidatura à reeleição. Segundo a vice-prefeita de Irati, o diretório estadual decidiu não apoiar a reeleição da atual prefeita. “A prefeita Elizabeth foi também tirada da possibilidade de concorrer à prefeitura de Ponta Grossa para reeleição pelo [PSD] diretório estadual. Isso me parece uma conduta, no mínimo, deselegante porque não conversaram conosco, não expuseram as razões. Isso traz um prejuízo na imagem do partido e traz um prejuízo na comunidade, como em geral. Eu penso que as mulheres ficam pensando, mas por que será que nós mulheres não temos essa opção? Não podemos participar do processo de eleição? É uma pergunta que eu também deixo no ar. Por quê?”, indaga.

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Como o prazo máximo para trocar de partido termina na sexta-feira (5), a pré-candidata ainda discute em qual sigla deve se filiar caso deixe o PSD. “Eu tenho recebido alguns convites de alguns partidos, nós ainda estamos avaliando e vamos definir até dia 5, na sexta-feira. Mas ainda não há uma decisão do grupo porque política você não se faz sozinho. Você não é candidato de si mesmo. Não é só eu quero ser candidato e vou ser. Você tem que ter um grupo. Você tem que ter pessoas que possam te assessorar”, avalia a pré-candidata a prefeita.

Ieda preferiu não divulgar com quais partidos estabeleceu contatos. “Eu preferia não citar. Eu acho que nós estamos em negociação. Eu não quero expor nenhuma liderança partidária porque não se sabe ainda, exatamente, para que lado vamos ou qual é a opção. Para não prejudicar, inclusive, as conversas que estamos tendo, eu não gostaria de declinar o nome nesse momento”, disse.

O prefeito de Irati e presidente do diretório municipal do PSD de Irati, Jorge Derbli, tem apoiado a pré-candidatura de Ieda. “Com relação à candidatura, nós estamos tranquilos. O prefeito Jorge me apoia e ainda hoje [dia da entrevista 02/04] estive com ele, dizendo que vinha aqui. Ele disse: ‘Pode afirmar, tranquilamente, que nós estamos juntos, como estivemos todos esses anos’”, disse.

Ieda analisa que a experiência durante os últimos três anos na prefeitura auxiliou a se sentir preparada para disputar a eleição ao Executivo Municipal. “É uma posição que não é uma posição muito fácil. A Prefeitura de Irati é uma potência. É a maior empresa que nós temos na cidade. Eu estou lá com o prefeito Jorge Derbli, que tem me dado todo o apoio. Tivemos uma convivência muito boa durante todos esses três anos e poucos meses. Para mim, foi uma escola maravilhosa. Mais do que qualquer universidade porque numa universidade você aprende a teoria. Numa escola, você aprende nos livros. Com o prefeito, que ele me deu oportunidade de estar sentada com ele junto no gabinete, eu aprendi efetivamente a conhecer os dados, a saber os procedimentos e a tomar decisões. Decisões administrativas na área pública, que são decisões muitas vezes difíceis”, disse.

A definição de um nome para vice-prefeito deve acontecer apenas em junho, mas Ieda conta que tem ouvido as sugestões. “Nós estamos ouvindo as pessoas para que elas também se sintam incluídas no processo, que é o que precisamos ter: a inclusão tanto do grupo político, como da sociedade”, explica.

Ieda não descarta a possibilidade de uma chapa com Emiliano Gomes, mas destaca que é preciso diálogo para que possa ter uma candidatura conjunta. “Nesse momento não foi possível nada disso, mas não se sabe se nos próximos meses, essa condição possa mudar. Nesse momento, o que eu posso dizer é que eu sou pré-candidata à prefeita e que tenho muitos sonhos para realizar junto com a minha população, com as minhas pessoas da comunidade que me apoiam, que me buscam bastante para que tenhamos essa participação política efetiva”, disse.

A participação das mulheres na política também foi mencionada na entrevista pela pré-candidata. Ieda aponta que a dificuldade de mais mulheres participarem da vida política é antiga. “Historicamente, nós temos a situação de que as mulheres sempre ficaram mais dentro de casa, sem se envolver demais na vida política efetiva, nos mandatos. Embora, saibamos que toda mulher dentro de casa dá os seus palpites e tem a sua opinião. É de pouco tempo para cá que temos visto que as mulheres têm conseguido galgar a cargos administrativos e no Legislativo, para fazer uma representatividade das mulheres”, conta.

Para Ieda, a política precisa da participação de mulheres. “O que no meu ponto de vista é muito necessário porque sempre que você tem um lado só, uma visão só, a discussão fica mais pobre. Quando você ouve mais pessoas, quando você põe opiniões diferentes, olhares diferentes, a decisão, por exemplo, de construir uma creche e o local disso, visto por uma mulher e por um homem, pode ter diferença na vida da pessoa que vai ser a usuária, que vai precisar deixar a sua criança na creche. Existem muitas decisões que, nós mulheres, temos mais facilidade de tomar e que, talvez, tomemos decisões que possam se aproximar mais da realidade das pessoas”, explica.

Em Irati, a vice-prefeita destaca que há nomes que podem fazer uma contribuição ao município. “As mulheres iratienses são muito atuantes. As mulheres iratienses tem visão. Nós temos muitas mulheres que têm vontade, que tem trabalho prestado e que podem concorrer a candidatas a vereadores. Seriam ótimas vereadoras. Nós precisamos de mais pessoas. Nós precisamos ter outros olhares, precisamos de outras pessoas que ajudem a gestão a identificar os problemas, a trabalhar, a fazer uma legislação mais adequada para todos e sem o olhar feminino, uma legislação não fica completa”, afirma.

A pré-candidata ainda convidou as mulheres para que entrem na política e participem das eleições desse ano com suas candidaturas. “Mulheres, dá tempo ainda. Até dia 5, dá para se filiar no partido político e participar conosco. Precisamos das mãos e da cabeça de vocês”, disse.

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