Seminarista André David Piskorz, de Rebouças, foi vereador entre 2013 e 2016 e candidato a vice-prefeito em 2016. Em entrevista à Rádio Super Najuá, ele conta sobre a escolha pelo sacerdócio/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Henrique Sava
O ex-vereador de Rebouças, André David Piskorz, virou seminarista no município de União da Vitoria. Os estudos sacerdotais iniciaram no ano passado após uma trajetória política, com um mandato de vereador entre 2013 e 2016, além de uma candidatura a vice-prefeito em 2016. Em entrevista à Rádio Super Najuá, o seminarista contou como foi sua descoberta da vocação.
André conta que sempre foi muito participativo das atividades da comunidade católica de Rebouças. “Eu faço parte do grupo do Apostolado da Oração, fiz parte por um tempo da RCC, do grupo de oração aqui da Paróquia e sempre eu era convidado para fazer leituras nas missas dominicais aqui de Rebouças. Acredito que tudo isso foi somando com esse desejo de poder servir à igreja com mais dedicação, com mais afinco, algo mais próximo assim”, explica.
Contudo, foi uma viagem em 2016 ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, no estado de São Paulo, que foi determinante na sua escolha para o sacerdócio. “A partir daquele momento, daquela data, eu já comecei a sentir uma espécie de uma inquietação no coração. Um incômodo, no bom sentido da palavra. Senti que poderíamos, quem sabe, se dedicar um pouco mais à igreja, com uma dedicação integral. A partir dessa viagem que eu fiz à Aparecida – foi a primeira vez que eu fui até lá – próximo à imagem verdadeira de Nossa Senhora Aparecida, que foi encontrada nas águas do rio Paraíba do Sul, em 1717, por três humildes pescadores, a partir dessa data que eu senti que poderia [entrar no sacerdócio]”, disse.
André conta que apesar do pensamento de seguir para o sacerdócio, ele ficou relutante em correr atrás desse desejo. Decidiu iniciar a faculdade de Jornalismo, quando voltou a ter o pensamento de se tornar seminarista. “Aquela inquietação acabou vindo cada vez mais forte, cada vez mais presente na minha vida. Quando eu estava na metade do curso de Jornalismo, eu decidi realmente ingressar no seminário. Mas para não ter aquela sensação de que começamos com alguma coisa e não concluiu, eu achei melhor concluir a faculdade de Jornalismo, primeiramente, com toda calma, com toda tranquilidade. Apresentei o TCC [Trabalho de Conclusão de Curso], fui aprovado e ingressei no seminário no início do ano passado, no dia 1º de fevereiro de 2022”, conta.
Como a paróquia que frequenta em Rebouças pertence à Diocese de União da Vitória, André seguiu para o seminário de lá para iniciar seus estudos. “Cada Diocese tem autonomia para poder definir o tempo de estudo de cada seminarista, mas no caso da nossa Diocese de União da Vitória, só na parte acadêmica são sete anos, mais a carga de estágio, mais um ano e o diaconato, que leva de seis meses até um ano, que é chamado de Diaconato Transitório. Para facilitar, a conta do início até a ordenação, que Deus ajude que cheguemos até lá, serão nove anos”, conta.
Reação da comunidade – De férias em Rebouças, André conta que a decisão de ir ao Seminário chocou mais as pessoas em geral do que a sua própria família, mas que agora a comunidade já recebe bem. “Muitas pessoas foram pegas de surpresa com essa escolha minha. A família já estava ciente dessa escolha, dessa decisão, os pais, os irmãos, mas a comunidade de modo geral, foi pega um pouco de surpresa. Mas é muito bom podermos estar de férias agora e poder rever amigos. Como é bom receber palavras de apoio, de incentivo e de carinho. Esse período que Rebouças está sendo muito feliz em poder rever a família, rever os amigos e ser muito bem acolhido. É algo muito bom recebermos esse carinho. Isso fortalece muito a caminhada”, disse.
Formado em Administração e Jornalismo, André conta que deseja usar os conhecimentos adquiridos durante a sua vida no seu sacerdócio. “Eu espero sim, se Deus me dar essa graça, de realmente ser ordenado, para servir à igreja com mais dedicação, com a dedicação mais integral, certamente eu pretendo colocar em prática todos esses conhecimentos que eu pude adquirir durante a vida acadêmica que foram as duas formações acadêmicas a qual eu tenho, que foram Administração e Jornalismo, mas também as especializações e pós-graduações que eu também possuo”, disse.
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Desafios – Ele reconhece que ainda há desafios a superar, mas acredita que possa dar suas contribuições por meio de seus conhecimentos. “Sabemos que os desafios são imensos, de modo especial, a Igreja Católica, sabemos que são muitos desafios que nós temos. Às vezes, até internos mesmo, da própria igreja, para serem sanados, para serem resolvidos. O Jornalismo certamente vai ser uma ferramenta fundamental para poder facilitar a comunicação com os fiéis, entre o próprio Clero da Diocese, com a própria comunidade porque a igreja sem o povo, ela não existe. Tem que ter os fiéis, tem que ter as pessoas, os mais diversos movimentos e pastorais que nós temos dentro da igreja, cada qual com seu carisma, com a sua particularidade, mas que remete também a esse contato mais próximo”, explica.
O seminarista também contou que a formação humanística dentro do Seminário é importante, especialmente na convivência e no acolhimento das pessoas. “Nós estamos convivendo em 15 seminaristas. Oriundos de diversas paróquias, de uma das 25 paróquias da Diocese de União da Vitória. Cada qual na sua formação, hermenêutica, filosofia, teologia e percebemos as diferenças de cada um. Cada um com o seu jeito, cada um com as suas características, cada um com seu jeito de ser, com as respectivas educações que receberam em casa, mas em prol do mesmo objetivo que é a formação rumo ao sacerdócio. Com toda certeza essa formação humana, se não for a principal, certamente é uma das principais que nós temos em voga na igreja, que é a questão humana, atrelado à questão acadêmica, à questão religiosa, à questão espiritual, mas essa questão da acolhida da questão humana, certamente é algo muito intenso e deve ser muito próximo”, disse.
André ainda destacou que todas as experiências que teve antes do Seminário devem acompanhá-lo na sua missão sacerdotal. “Eu acho que tudo que vivemos na vida temos que tirar lições e tem que tirar proveitos daquilo que vivemos. Às vezes, experiências boas, às vezes, as experiências não tão boas assim, mas eu creio que devamos sempre tirar alguma lição e sempre tirar algum proveito. Nessa parte política, eu acredito que deu para conhecer muitas pessoas. Valeu a pena”, conta.