Pessoas sem sintomas, mas que sejam contatos diretos de pessoas diagnosticadas com Covid-19, podem fazer teste rápido após o sétimo dia de contato; Novo protocolo também traz recomendação de fazer o teste RT-PCR após os primeiros sintomas/Karin Franco, com reportagem de Jussara Harmuch
Testes de antígeno serão realizados a partir desta segunda-feira, 21, na unidade Sentinela, que funciona no estádio Municipal Abrahm Nagib Nejm. Foto: Jussara Harmuch |
Iratienses que tiveram contato direto com pessoas diagnosticadas com coronavírus deverão ir até a Unidade Sentinela, que fica no estádio Municipal Abrahm Nagib Nejm, para realizar o teste rápido, mesmo que não tenha sentido nenhum sintoma da doença. O município recebeu 2.250 testes rápidos que ajudarão a monitorar os casos assintomáticos.
O coordenador do Centro de Operações Especiais e Fiscalizações (COEF), o enfermeiro Agostinho Basso, explica que os testes serão aplicados após orientação da Secretaria de Estado da Saúde (SESA). “Aqui no Paraná, especificamente através de orientação da SESA, que ela está orientando agora e distribuiu para o município de Irati, nós recebemos 2.250 testes rápidos para os contatos diretos do paciente positivado. O que significa isso? Supondo que tenha um parente meu que positivou hoje. Então, ele positivou hoje, esse parente meu. Minha esposa, meu pai, minha mãe, alguém que mora junto comigo ou que tenho contato direto, eu não preciso mais esperar ter sintomas para fazer meu teste. Esse teste é específico para contatos diretos de pessoas positivadas”, conta Agostinho.
No entanto, o teste rápido nessas pessoas que tiveram contato direto com alguém com Covid-19 será realizado apenas no sétimo dia após o último contato. “Ele deve ser feito no sétimo dia, do meu último contato com essa pessoa. Por exemplo, estou trabalhando na Secretaria de Saúde, trabalho com contato direto com um colega meu. Ele positivou e está em casa, em isolamento, se tratando e tudo mais. Quando fizer sete dias desse último contato, eu posso me dirigir a uma Unidade Sentinela e fazer o meu teste. Ou seja, estou sem sintoma, sem nada, apenas por ter sido contato direto com essas pessoas, eu posso fazer o teste. Esse teste é o teste rápido, que veio 2.250 e está sendo disponibilizado lá na Unidade Sentinela”, explica o coordenador do COEF.
Agostinho destaca que os exames serão realizados na Unidade Sentinela porque há pessoas treinadas para a leitura do teste. A equipe também confere se a pessoa teve contato com alguém contaminado. “E justamente porque nós sabemos através da Epidemiologia e do setor de monitoramento quem são os contatos, ela tem que chegar lá para nós e dizer: ‘Eu sou Agostinho Basso, eu venho aqui porque sou contato de fulano de tal que está positivado’. Eles vão conferir na lista que está no programa do computador e vão fazer o teste em mim. Então, não basta eu querer fazer o teste, neste momento eu tenho que ser contato direto”, disse.
O objetivo com essa medida é bloquear a contaminação. “O que se quer com esses testes por exemplo é que você sabendo de antemão quem está positivado, mesmo que ele não tenha sintomas, você isola a pessoa na hora também”, destaca. “Até então, os contatos tinham que ficar em casa, observando os sintomas. Se aparecesse o sintoma, ele procuraria a unidade e realizava o RT-PCR. Agora não. Como esses contatos tem a possibilidade de fazer o teste rápido e mesmo assintomático, saber que está positivo. Se der positivo, já fazer o isolamento, ou seja, o bloqueio é muito mais efetivo. Evita a pessoa estar contaminando outra pessoa sem saber. E já faz o rastreamento e bloqueio”, disse.
Outra mudança é em relação à primeira procura da Unidade Sentinela. Pessoas que sentirem algum sintoma gripal deverão buscar atendimento no primeiro momento e já farão o exame RT-PCR. “Se eu tiver qualquer sintoma gripal, também mudou o protocolo. Antes você tinha, com o sintoma gripal, procurar para fazer o teste do terceiro ao quinto dia dos sintomas. Isso também mudou. Agora, qualquer sintoma gripal eu posso ir no primeiro dia e procurar a Unidade Sentinela para fazer o RT-PCR. Isso é muito bom também porque adianta em três, quatro dias. Porque demorava três dias para sentir os sintomas, mais dois dias para vir o resultado, já dava cinco dias”, explica Agostinho.
A mudança ocorreu após o aparecimento de novas variantes da Covid-19. “Teve uma nova resolução da SESA e do Ministério da Saúde, tendo em vista a nova variante que é muito mais agressiva, ou seja, quanto antes eu souber que eu estou com coronavírus, eu já início um possível, mas eficaz, um tratamento de sintoma. Eu já vou ter a possibilidade de estar diante de um profissional médico que vai me avaliar e vai me dar algumas medicações que vai achar prudente que vai me ajudar para que essa doença não se agrave”, disse.
O coordenador do COEF destacou que é importante conseguir identificar as pessoas infectadas antes de uma maior contaminação. “Quanto antes nós sabermos que essa pessoa está contaminada e iniciarmos a questão do acompanhamento e de um possível tratamento de sintomas, uma vez que o Covid-19 não há tratamento específico para doença, e sim para os sintomas, e quanto antes tratado esses sintomas, você consegue quase que eliminar e diminuir bastante o caso grave que vai acabar indo numa UTI”, afirma.
Atualmente, os testes para Covid-19 também estão disponíveis na rede particular. Segundo Agostinho, a rede particular tem ajudado a atuar em conjunto com a rede pública de saúde. “A rede particular vem em auxílio ao Sistema Público de Saúde (SUS), oferecendo também o teste, tanto o RT-PCR como também o teste rápido, e outro teste de antígeno, que seria também para ver a questão do próprio sistema imunológico da pessoa se respondeu a contento ou não a questão da vacina quanto da própria doença. Os testes são muito parecidos com diferença de fornecedores, da indústria em si”, explicou.
O coordenador do COEF afirma que as pessoas que forem diagnosticadas com coronavírus em um teste realizado na rede particular também serão acompanhadas pela Secretaria de Saúde de Irati. “Deve ficar claro que todos os testes na farmácia, no laboratório ou na Unidade Sentinela, uma vez que deu positivo, ele já entra num sistema único e um programa de computador que já informa nosso serviço de Epidemiologia e nosso serviço de monitoramento. Essas pessoas deverão receber uma ligação no mesmo dia ou até 24 horas, no máximo em 48 horas, no telefone que elas deram. É muito importante que, às vezes, a pessoa diz que não recebeu ligação nenhuma, mas, às vezes, não atendeu ou não reconheceu o número diferente da saúde e não atendeu a ligação. Mas o monitoramento liga para essas pessoas e começa acompanhá-las”, disse.
Todos os iratienses infectados recebem uma folha de orientação onde constam algumas regras como a volta direta para casa e o isolamento, após o resultado positivo do teste.
Testes rápidos: Outro modo de realizar testes rápidos é aplicá-los em massa, ou seja, fazer o teste rápido com toda a população, de forma espontânea. Na região, o município de Guamiranga tentou realizar esses testes rápidos em massa para conseguir verificar mais rapidamente os casos positivos na região.
De acordo com o coordenador, os testes rápidos em massa enfrentam algumas dificuldades. “A primeira delas é a logística porque um teste desse, apesar do nome rápido, leva em torno de meia-hora por paciente porque tem que fazer todo um credenciamento, faz uma ficha, depois colhe o material, faz o teste, demora 12 minutos para a leitura, esse é o tempo que o teste pede para uma leitura confiável. Sendo positivo, tem toda uma notificação a um sistema de Vigilância Epidemiológico e a orientação do paciente. Esta seria a logística, a demora em si”, disse.
Outro problema é em relação à periodicidade. “Não adianta fazer o teste em massa uma única vez. Ou seja, eu posso fazer o teste ali na Munhoz ou na Unidade Sentinela, deu negativo e à tarde, eu passei no comércio e acabei me contaminando. Ou seja, adiantou? Não adiantou porque eu posso pegar hoje de tarde, posso pegar amanhã. Ele tem que ser feito, no mínimo, a cada 15 dias. O ideal seria a cada sete dias”, explicou Agostinho.
Outro problema é o falso negativo, quando a pessoa faz o exame, mas o teste não consegue detectar que a pessoa está com o Covid-19. “Ele dá uma sensação de segurança, mas por alguma questão técnica ou até qualidade do teste, ele deu falso negativo”, afirma.
Diminuição de casos: O coordenador do COEF ainda comentou sobre a redução de casos de coronavírus após um período de restrição em Irati. Agostinho afirmou que as medidas adotadas ajudaram a diminuir a circulação dos iratienses. “Uma vez que ele foi bem mais restritivo, ele acabou diminuindo mesmo a circulação das pessoas que é o que a gente pensa e quer quando faz um decreto”, disse.
Agostinho destacou que antes do decreto, no dia 18 de maio, o município contabilizava 76 casos por dia, em média. Após as restrições, a partir do dia 3 de junho, a circulação diminuiu e 15 dias depois é possível verificar a diminuição de casos. “Nessa última semana, a média diária de casos baixou para 35.1, ou seja, exatamente 50% de casos dia. No dia 3 de junho, que foi o primeiro dia que começamos a colher os frutos daquele decreto, nós tivemos 35 casos apenas”, conta.
O coordenador do COEF voltou a destacar que os números diminuíram. “Naquelas semanas lá tínhamos 680 casos em isolamento domiciliar, mais 300 em investigação e agora a gente baixou, nós estamos com 210 apenas em isolamento domiciliar e 58 em investigação. É inegável o resultado, o fruto é positivo quando se tem um decreto mais restritivo”, afirmou.