Enfermeira que sobreviveu a acidente na BR 277 recebe alta e é recepcionada por colegas em Teixeira Soares

Joelma Geovana dos Santos Neves estava no carro da Secretaria de Saúde do município que…

25 de agosto de 2022 às 11h33m

Joelma Geovana dos Santos Neves estava no carro da Secretaria de Saúde do município que se envolveu em um engavetamento com dois caminhões no dia 17 de agosto, na rodovia BR 277, na altura da serra de São Luiz do Puruná, em Balsa Nova/Paulo Henrique Sava

Enfermeira Joelma Geovana dos Santos Neves, de 34 anos, foi recebida com festa pelos colegas do Hospital de Teixeira Soares no último domingo,21. Foto: Arquivo pessoal
A enfermeira Joelma Geovana dos Santos Neves, de 34 anos, foi recebida com festa pelos colegas do Hospital de Teixeira Soares no último domingo,21. Ela estava no automóvel Sandero da Secretaria de Saúde do município, que se envolveu em um engavetamento com dois caminhões na rodovia BR 277, na altura da serra de São Luiz do Purunã, em Balsa Nova, no dia 17 de agosto. O acidente resultou na morte de três pessoas.

Joelma teve fratura no fêmur e no antebraço direito e feriu a cabeça no acidente. Ela permaneceu internada por alguns dias no Hospital do Rocio, em Campo Largo, de onde teve alta no domingo. Em contato com nossa reportagem, ela contou que estava acompanhando o pai, Adair Antônio dos Santos, conhecido por Dalico, de 63 anos, que fazia tratamento contra o câncer no Hospital Erasto Gaertner e morreu no acidente. Ela contou que acabou dormindo durante o retorno, uma vez que a viagem de ida aconteceu às quatro da manhã.

“Eu acabei dormindo e só lembro assim da Rose (Roseli da Aparecida Rosa Borges, de 46 anos, que era cuidadora de uma instituição de amparo a idosos e também faleceu no acidente) batendo no meu ombro com a mão e me falando para colocar o cinto porque acho que ela viu que ali estava perigoso e tinha muita neblina, aí acordei meio sonolenta. Neste momento, o Gelço (Gelço Antônio Freitas da Silva, de 57 anos, motorista da Secretaria de Saúde de Teixeira Soares) freou brusco e conseguiu segurar bem o carro para não bater no caminhão que estava parado à frente com o pisca-alerta ligado”, detalhou.

Havia muita neblina no local. Joelma conta que conseguiu virar o corpo e viu o outro caminhão vindo na direção do carro. “Eu lembro só de ter falado que o caminhão não conseguiria segurar. Nisso, eu apaguei, não sei se dormi ou se foi com a pancada. Quando eu acordei, vi que estava presa nas ferragens e que havia uma equipe do Corpo de Bombeiros ali para tentar tirar a gente”, destacou.

Joelma ficou presa entre os bancos traseiro e do motorista, que também sobreviveu e tentou sair do carro sozinho, porém não conseguiu. Ela conta que tentou acalmá-lo, pois ele estava bastante agitado. “O Gelço estava nervoso, tentando sair e bastante agitado. Eu falei que ele precisava se acalmar para que não me machucasse mais porque meu braço estava com fratura. Eu pedi para ele respirar fundo e tentar ficar calmo porque a equipe tiraria a gente de lá. Ele disse que não conseguiria, mas eu disse que ele conseguiria sim”, frisou.

Momento da chegada de Joelma ao Hospital de Teixeira Soares. Foto: Reprodução Facebook
Em seguida, Joelma orientou os bombeiros a iniciarem o resgate das vítimas pelo motorista, pois ela estava presa entre os dois bancos. Porém, ela foi avisada de que o trabalho só poderia começar a partir do momento da chegada de um outro caminhão que transportava um equipamento específico para cortar a lataria do veículo. Neste meio tempo, a enfermeira entrou em desespero porque começou a sentir sua perna queimar e achou que o veículo poderia estar pegando fogo.

“Eu falei assim: ‘moço, eu preciso sair daqui porque minha perna está queimando muito. Ele disse ‘se acalme, eu sou enfermeiro também e nós já vamos tirar vocês daí. Nisso, escutamos a sirene do caminhão, que estava chegando. Foi a maior sensação de felicidade porque o bombeiro falou que não poderia tirar (as vítimas) com uma ferramenta porque havia muito combustível e o risco de pegar fogo era muito grande. Nisso, o pessoal do outro caminhão desceu com a máquina certa, que era um alicate, e começaram a cortar as ferragens e tiraram o Gelço e logo em seguida eu. Depois, fomos para o hospital”, relatou.

A recuperação vem acontecendo de forma lenta e dolorida, segundo Joelma. Ela não consegue sequer pegar o próprio filho, de 1 ano e 7 meses no colo por conta das fraturas. “Ele quer meu colo e eu já não posso pegar, até tento fazer do outro lado, mas é complicado”, pontuou.

Joelma agradeceu a Deus por estar viva, mas ficou emocionada ao falar sobre a morte do pai. “Nós, vendo os vídeos e a situação toda, percebemos que estamos inteiros. Agradeço a Deus pela vida e sinto pela perda do meu pai, mas é isso aí”, declarou.

A enfermeira acredita que renasceu após o acidente. “Acredito sim que eu tive uma nova chance de vida, com certeza. Agradeço a Deus todos os dias por estar aqui, pois sem ele eu acho que não teria saído disso com vida”, comentou.

Em postagem nas redes sociais, a equipe da Associação de Amigos do Hospital de Teixeira Soares demonstrou alegria ao receber a colega. “Não poderia ser de outra forma recepcionada por seus colegas, amigos e familiares. Ao som da música Raridade e com balões brancos em homenagens as demais vítimas. Seja bem-vinda Joelma, saiba que tua missão aqui na terra ainda não terminou. Amamos você”, diz um trecho da postagem.

O motorista Gelço Antônio Freitas da Silva, de 57 anos, continua internado no Hospital do Rocio, mas passa bem e deve ter alta no próximo sábado, 27.

Motorista Gelço Antônio Freitas da Silva, de 57 anos, está bem e deve ter alta no próximo sábado, 27. Foto: Amauri Klossowski
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