“Encontramos muitos animais abandonados”, diz Wagner Beida sobre atendimentos no Rio Grande do Sul

Secretário de Defesa Animal de Irati relatou qual foi o cenário encontrado por ele e…

24 de maio de 2024 às 18h20m

Secretário de Defesa Animal de Irati relatou qual foi o cenário encontrado por ele e pelos voluntários iratienses que estiveram no estado gaúcho para ajudar a atender animais atingidos pelas enchentes/Paulo Sava

Foto mostra um dos abrigos para onde animais estão sendo levados em Canoas-RS. Foto: Wagner Beida

Em entrevista ao programa Espaço Cidadão da Super Najuá na última quarta-feira, 22, o secretário de Defesa Animal de Irati, Wagner Beida, descreveu o cenário encontrado por ele e pelo grupo de veterinárias voluntárias que foram até Canoas, no Rio Grande do Sul, para auxiliar no atendimento a animais que foram afetados pela enchente que atinge o estado.

Ele conta que o cenário encontrado no local, de uma forma geral, foi lamentável. “São muitos cães e outros animais abandonados, e eles (população) estão resgatando todos os dias. É um cenário bem complicado porque tivemos alguns pontos como o bairro Mathias, de Canoas, que tem 100 mil habitantes e 90% do bairro está debaixo d’água. Eles colocaram que tem 70 mil pessoas desabrigadas só deste bairro. A concentração de Esteio e em volta está indo tudo para o Mathias, em um abrigo improvisado. O que me passaram por último é que tem 3 mil cachorros neste abrigo, e todo dia chegam cachorros que estão sendo resgatados”, afirmou.

Outro local que está recebendo animais salvos da enchente no Rio Grande do Sul. Foto: Wagner Beida

Como a água subiu muito rápido, muitos animais que estavam amarrados e foram deixados nas residências acabaram morrendo, segundo Wagner. “Tinha muitos animais que estavam amarrados e acorrentados com colheitas e acabaram se afogando. Os que estão sendo resgatados vêm desidratados e anêmicos por terem ficado ilhados muitos dias por causa da enchente. É lamentável de ver a situação dos animais. Para a Prefeitura, vai ser um desafio ver o que vão fazer depois com estes animais. Muitos proprietários estão indo buscar, mas não têm casas nem para eles. Então, não sei como eles vão proceder daqui para a frente”, comentou.

Não foi possível informar quantos animais, ao todo, foram atendidos pela equipe de veterinários iratienses. “Não tenho bem certo, mas no primeiro dia fomos a um colégio que tem aproximadamente 1 mil pessoas abrigadas. Tinha uns 60 cães das pessoas que estão lá e atendemos todos. Fomos ao Sindicato dos Metalúrgicos, onde tinha uns 40 animais e atendemos todos. Depois, fomos ao Mathias, ponto mais crítico, onde estão chegando mais animais. Ficamos em uma linha de atendimento, mas não tenho nem ideia de quantos animais foram atendidos lá”, pontuou.

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Doenças – A maior parte dos casos atendidos foi de cachorros atendidos com leptospirose, anemia e desidratação. Em algumas situações, foi necessário fazer pequenas cirurgias, curativos e aplicação de soro em um pequeno centro cirúrgico montado por voluntários de Canoas.

A maioria dos animais resgatados foi levada para um abrigo provisório, onde permanecerão até que os donos apareçam para apanhá-los. No entanto, o local já estava com 3 mil cachorros. Outro abrigo estava com 2 mil animais, totalizando 5 mil cachorros desabrigados em Canoas.

Wagner Beida atendendo um porco no RS. Foto: Arquivo pessoal

Os veterinários de Irati atenderam todas as espécies de animais, entre eles um porco. Para Wagner, o maior desafio foi ver a situação dos animais nos locais por onde passou nos dias em que esteve no Rio Grande do Sul. “A situação está bem precária, vendo as pessoas deste bairro, com casas boas em que a água levou tudo. Para restabelecer a cidade, vai muito tempo. O que vai ser pior é quando a água baixar, daí virá um estrago maior. O vereador Rodrigo estava nos dando uma ajuda para falar os pontos onde estavam precisando de veterinário para irmos fazer o atendimento. Ele fez um vídeo da casa dele, que estava toda debaixo da água e perdeu tudo, não deu tempo de tirar nada. São várias famílias nesta situação”, ressaltou.

Apoio – O grupo contou com uma rede de apoio para realizar os trabalhos em Canoas. “Eu tenho alguns conhecidos lá, então tem uma empresa para a qual eu dou aulas à noite, no curso de auxiliar de veterinário, orientando onde eu poderia ir. O vereador Rodrigo me orientou a ir no Sindicato e no Colégio. Eu tive contato com os secretários de Defesa Animal de Canoas e São Leopoldo. Estávamos sempre em contato com eles, vendo onde mais precisava de ajuda. Como levamos bastante medicamento daqui, chegávamos e montávamos a tenda. A Prefeitura me liberou para ir com a caminhonete da Secretaria e uma tenda para fazer os atendimentos. A veterinária Shaiane já vinha arrecadando estes insumos e eu peguei um pouco da minha clínica, arrecadamos mais um pouco e montamos uma estrutura para fazer os atendimentos”, comentou Wagner.

Emocional – O lado emocional do ser humano ficou abalado por ver toda a calamidade no estado gaúcho, segundo Wagner. “Fica um pouco abalado de ver porque, além da situação dos animais, tem a das pessoas também. Os animais estão em estado bem precário, é um abrigo improvisado. Então, vai ter que ter muita ajuda para limpar e manter a higiene e o bem-estar dos animais, pois vão ter que ficar todos acorrentados. Alguns abrigos tentaram deixar eles soltos, mas não deu, acabaram brigando. Então, tem que deixar todos separados. Animais amarrados acabaram morrendo e se afogando. Isto fora a quantidade de pessoas e animais que vão aparecer sem vida a hora que baixar a água”, afirmou.

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