Citadas na Operação Lava Jato, instituições colaboraram com diversos partidos. No Paraná, 12 candidatos foram beneficiados, dois são do Centro-Sul
Da Redação, com Paulo Galvez da Silva/Gazeta do Povo
Candidatos dizem seguir a lei eleitoral
Em nota, o Diretório Nacional do PP afirmou que as doações foram feitas “dentro das normas legais”e que “não há vinculação entre as doações efetivadas ao Diretório Nacional, pelas empresas citadas na Operação Lava Jato da Polícia Federal, e os candidatos do partido nos estados, por ser atribuição exclusiva da Direção Nacional a distribuição das doações recebidas”. O presidente estadual da legenda, Nelson Meurer, disse ver com estranheza a vinculação de fatos ocorridos em anos anteriores com a atual campanha. O parlamentar afirmou que o pedido de auxílio financeiro para o partido foi feito por ele e que não há “nenhuma relação dos candidatos [beneficiados] com qualquer uma das empresas”.
Centro-Sul
A Najuá procurou o candidato Ronaldão do Povo. Sua assessoria afirmou que as doações de empresas são repassadas ao diretório nacional do Partido Progressista (PP), que posteriormente encaminha os recursos para os estados, que distribui aos candidatos, conforme decisão do presidente estadual da legenda, Nelson Meurer.
“Esses recursos são enviados para o PP nacional e são distribuídos para os candidatos. Esse dinheiro chega à nossa conta e é usado para pagar material de campanha, alimentação do pessoal contratado, além dos gastos do dia a dia. Foi repassado R$ 50 mil, dinheiro que está na conta de campanha. Se a empresa está envolvida em escândalos nós não temos nenhuma ligação. O partido recebe doações de tantas empresas. Esse dinheiro existe e está depositado no fundo de campanha. Ele é utilizado para logística de campanha. O dinheiro é repassado para os presidentes do PP nos estados, que aqui no Paraná é o Nelson Meurer, que faz a distribuição. Não existe nada de irregular. Esses recursos vieram e qualquer pessoa pode ter acesso às doações no site do TSE. Sabemos que nesta época existem muitas denúncias de candidatos, mas que boa parte delas não são comprovadas”, informou a assessoria do candidato Ronaldão.
Procurado para comentar sobre a doação, Tito Santini não foi localizado até a conclusão desta reportagem.
Mesmo investigadas pela Polícia Federal (PF) no esquema de lavagem de dinheiro que teria desviado R$ 10 bilhões, empresas sob suspeita mantiveram doações para partidos e candidatos nesta eleição. De acordo com dados disponíveis no sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos sete das empresas investigadas na Operação Lava Jato doaram R$ 122,3 milhões aos diretórios nacionais de vários partidos que, posteriormente, repassaram parte dos recursos para os candidatos em todo o país.
As empresas aparecem em uma caderneta do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que confirmou, em delação premiada, o pagamento de propina a políticos em troca de contratos de empresas com a Petrobras. Em 2010, as empresas que aparecem na investigação gastaram R$ 412 milhões na campanha. Os números atuais ainda podem mudar com a prestação final de contas.
No estado
No Paraná, quatro candidatos a deputado federal – três deles disputando a reeleição – e oito candidatos a deputado estadual receberam pouco mais de R$ 1 milhão de três empresas. O dinheiro chegou por meio dos diretórios nacionais do PP e do PT e foi redistribuído entre candidatos dos dois partidos, além de um candidato do Pros e outro do PSC.
De acordo com o TSE, o PP direcionou a candidatos no estado, entre outras, doações de R$ 880 mil oriundas da Galvão Engenharia e de R$ 100 mil da Queiroz Galvão Alimentos, do mesmo grupo da construtora Queiroz Galvão, esta última citada na investigação. O maior beneficiado foi o presidente estadual do partido, deputado Nelson Meurer, que recebeu R$ 250 mil. Na sequência vêm os deputados Ricardo Barros (R$ 180 mil) e Dilceu Sperafico (R$ 150 mil). Os três são candidatos à reeleição para a Câmara Federal.
Irati e Prudentópolis
O ex-prefeito de Mandaguari Cyllêneo Pereira Jr., o Cileninho, foi beneficiado com R$ 100 mil. Ainda pelo PP, receberam da Galvão Engenharia os candidatos Marco Andreotti, de Maringá (R$ 60 mil); José Ronaldo Ferreira, o Ronaldão do Povo, de Irati (R$ 50 mil); Rubens Franzin, o Rubão, vereador em Arapongas (R$ 40 mil); Sérgio Baroncini, de Ponta Grossa (R$ 25 mil); e Tito Santini, de Prudentópolis (R$ 25 mil).
Já a doação de R$ 100 mil da Queiroz Galvão foi direcionada integralmente para o maringaense Ricardo Barros. Tesoureiro nacional do PP e ex-secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do governo Beto Richa (PSDB), Barros repassou parte do dinheiro para candidatos de outros dois partidos: R$ 50 mil para o vereador de Curitiba Tico Kuzma (Pros) e R$ 20 mil para o ex-presidente do Instituto das Águas do Paraná, autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Márcio Nunes (PSC), ambos candidatos a deputado estadual.
Já o deputado estadual Ênio Verri (PT), candidato a uma vaga na Câmara Federal, recebeu R$ 95 mil da empreiteira Andrade Gutierrez, também citada na investigação. A doação veio por meio do diretório estadual do PT.
