Manifestantes relataram que a classe está enfrentando uma série de dificuldades com o fechamento no sábado e no domingo/Paulo Henrique Sava
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Empresário Fábio Schwab (à direita) diz que empresários e trabalhadores do ramo de delivery vêm enfrentando uma série de dificuldades. Foto: Paulo Henrique Sava |
Na tarde desta terça-feira, 23, proprietários de estabelecimentos fizeram um manifesto em frente à prefeitura de Irati contra o decreto que está em vigor e proíbe a venda de produtos na modalidade delivery em dois finais de semana. Na ocasião, os manifestantes realizaram um enterro simbólico do delivery.
O empresário Fábio Schwab, que atua no ramo da alimentação e depende dos serviços do delivery, relata que a classe vem enfrentando uma série de dificuldades. Ele afirma que algumas empresas fecharam as portas neste período de pandemia e que os estabelecimentos abertos recentemente estão com muitos problemas financeiros. “O próximo final de semana vai ser um enterro. Como viemos aqui fazer um protesto dizendo que é o ‘enterro’ do delivery, muitos vão fechar porque não vão aguentar. Os finais de semana são os dias em que a gente mais vende e fatura. Trabalhamos com produtos perecíveis, como recheios e molhos, várias coisas que segunda-feira eu tive que jogar fora porque não pude atender no sábado e no domingo. São coisas perecíveis e não tem o que fazer: ou você joga fora ou vai servir comida podre para o povo. É complicado para quem trabalha com delivery”, lamentou.
Todas as empresas que utilizam o serviço delivery têm adotado as medidas de combate à Covid-19, como a utilização de máscaras e álcool gel e a higienização constante das embalagens. Fábio ressalta que, mesmo com o delivery funcionando até as 22 h de segunda a sexta-feira, os empresários e trabalhadores do ramo se sentem prejudicados, pois o maior faturamento da categoria resulta do aumento do movimento nos finais de semana.
“Quem pede lanches na segunda ou terça-feira? O movimento começa a aumentar a partir de quarta-feira à noite, e tirando uma hora por dia já tem prejudicado porque quem tem funcionário vai diminuir o valor de uma hora do assalariado. Como o patrão vai pagar o valor integral para a pessoa sendo que não tem dinheiro em caixa? Ninguém tem caixa sobrando, todos são pequenos. Viemos representar todas as mais de 150 pessoas que trabalham com delivery, têm suas famílias e seu ganha-pão. Como é que fica sem este ganha-pão? Não tem o que fazer. Como é que eu vou pagar minhas contas na segunda-feira? Minha luz e minha água eu vou deixar cortar? As coisas não são por aí. Viemos pacificamente pedir pelo amor de Deus para que não aconteça este tipo de coisa e que pelo menos o delivery seja liberado”, pediu o empresário.
O chefe de gabinete da Prefeitura, Luiz Antônio Andreassa, o Ico, agendou uma reunião entre representantes da categoria e o prefeito Jorge Derbli (PSDB) para a próxima quinta-feira, 25. A expectativa dos empresários, conforme Fábio, é de que o prefeito autorize a realização de entregas em casa já no próximo final de semana, pelo menos até as 22 h. “Pelo menos isto já seria de muita valia para todos, pelo menos muitos vão conseguir honrar seus compromissos na segunda-feira, pagar suas contas, seus fornecedores. Pelo menos vai amenizar um pouco o prejuízo deste final de semana”, comentou.
Os vereadores Alcides Cezar Pinto, o “Cezar Batatinha” (PSD) e Teresinha Miranda Veres (PV) acompanharam o protesto. Teresinha se solidarizou com os manifestantes e disse que entende as reivindicações dos empresários, que dependem da renda do seu trabalho para sobreviver. “Dentro deste grupo, são mais de 100 famílias que atuam com seu MEI, suas empresas próprias em suas casas, e dependem deste trabalho para honrar seus compromissos nas despesas e com o sustento de suas famílias. Eu acredito que dá para ter um olhar mais direcionado para eles, com uma visão de que eles não transmitem tantos riscos e que (o trabalho) é para o sustento deles. Todos devemos nos preocupar e tomar os cuidados, mas precisamos pensar na situação de muitas pessoas que sobrevivem diretamente do delivery”, frisou.
O decreto que está em vigor até o dia 1º de abril autoriza o funcionamento do delivery (entregas em casa) de segunda a sexta-feira até as 22 horas. No próximo final de semana, a venda de produtos nesta modalidade continua proibida se o decreto for mantido.
Confira abaixo mais imagens do protesto. Fotos: Paulo Henrique Sava
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Embrulhos em forma de lanches foram “velados” em frente à Prefeitura de Irati |