Emerline Brito Spies e Darieli da Silva Gryczak Lubczyk sofreram um grave acidente em Imbituva no mês de agosto. Elas contam como os exercícios físicos evitaram lesões mais graves/Paulo Sava
Renascimento é a palavra que simboliza o milagre na vida das empresárias e cerimonialistas Emerline Brito Spies e Darieli da Silva Gryczak Lubczyk. Elas sofreram um grave acidente de carro em agosto de 2024 na BR 153, saída de Imbituva para Ponta Grossa e Ivaí.
Emerline dirigia um Fiat Uno quando perdeu o controle do carro, saiu da pista e bateu contra uma placa. Ela teve três costelas fraturadas e o pulmão perfurado. Já Darieli teve uma fratura exposta na perna e ficou internada por 28 dias no Hospital Universitário Regional de Ponta Grossa. Neste período, ela ficou 20 dias em coma.
As duas cerimonialistas participaram do programa Espaço Cidadão, da Super Najuá, junto com a empresária Letícia Paulek, proprietária da academia CT Force Life, na última segunda-feira, 13. Segundo Emerline, se ela não tivesse feito exercícios para o fortalecimento das costas, a fratura poderia ter sido mais grave.
“Se eu não estivesse com a musculatura para-vertebral fortalecida, o chicote, o impacto teria sido devastador e eu já estaria na cadeira de rodas há muito tempo. Então, todo aquele empenho que eu fiz, de, mesmo cansada, ir para a academia, de em dias de chuva olhar e querer ficar no sofá, deitada e comendo pipoca, mas mesmo assim ir para a academia. Toda esta musculatura trabalhada e fortalecida me ajudou a não estar em uma cadeira de rodas hoje. Fazer tanto a parte cardiorrespiratória e muscular é muito importante. Você pode ter várias opções de exercícios, mas o importante é não ficar parado”, frisou.
Emerline contou detalhes sobre como aconteceu o acidente, ocorrido no momento em que ela e Darieli se dirigiam para Ivaí, onde teriam uma reunião com clientes para organização de um casamento.
“Estávamos indo para Ivaí, fazer uma última reunião e o ensaio final dos noivos, explicando como iria funcionar no dia do casamento. Antes disso, tínhamos passado em uma loja de Imbituva para ver parcerias para os noivos, é uma loja de ternos bem legal que tem lá. A loja é próxima à rodoviária, daí já engrena por ali e vai para Ivaí por aquela parte, pela segunda saída que vai para Ponta Grossa (BR 153), vai pelo parque e tudo, e fomos por ali. O que eu lembro é que estávamos conversando sobre coisas do trabalho, aleatórias, e do nada fui, como se desse um branco e nada funcionasse. Eu perdi o controle do carro e só lembro depois de eu acordar, puxar a minha perna e não conseguir tirar. Eu não lembro de estar de costas ou virada, só disso, de tentar puxar a perna e não conseguir tirar. Depois disso, eu não lembro de mais nada, o pessoal fala que eu estava consciente, conversando, mas não lembro de nada. São coisas que parece que a memória apaga instantaneamente para você não recordar daquele momento doloroso que foi”, relatou.
Darieli não tem lembranças do dia do acidente, mas contou que a recuperação vem acontecendo de forma satisfatória. “Graças a Deus, estou melhorando a cada dia, tem várias intercorrências após sair do hospital. Tive que lidar com muita coisa, mas o principal é a atividade física. Temos que fazer fisioterapia e nos exercitar para podermos voltar o mais normal possível. Eu ainda não posso voltar porque a minha foi fratura exposta no fêmur e na tíbia. É uma recuperação um pouquinho mais lenta, eu tenho bastante dor, mas uma hora vai passar e a gente vai poder voltar”, pontuou.
Darieli e Emerline continuam fazendo fisioterapia como parte da recuperação da saúde, com apoio das famílias. “Eles me levam na fisioterapia, sempre me levam nos lugares em que preciso ir. Para mim, ainda é muito difícil andar muito de carro, sair muito de casa, porque minha dor é bastante intensa”, contou.
As empresárias passaram por muitos dias difíceis após o acidente. As famílias e os amigos foram essenciais para o bem-estar e a recuperação delas, segundo Emerline.
“Eu fiquei um pouco menos no hospital que a Dari, mas eu estava consciente, tanto no período que eu fiquei na UTI quanto depois da cirurgia. É um período difícil porque a gente depende de todo mundo para tudo, para comer, tomar água, se arrumar na cama, para tudo a gente precisa de ajuda. Tem sido um período difícil, eu agora estou um pouco melhor, tive intercorrências e voltei para o hospital, mas estamos bem. No geral, estamos muito bem, o milagre aconteceu. Todas as orações que o pessoal fez foram ouvidas e o milagre aconteceu, mas a gente fez a nossa parte de se cuidar antes. Por isto tudo, temos que estar bem, o nosso corpo estando bem, temos uma recuperação mais tranquila. Mesmo estando saudável, já é difícil, então temos que ter consciência do nosso cuidado conosco mesmos antes de qualquer outra coisa. Achamos que nunca vai acontecer nada conosco, mas pode acontecer. Trabalhe com a probabilidade de acontecer alguma coisa e como você vai estar quando ocorrer”, alertou.
A empresária destacou também a importância de todos fazerem acompanhamento médico periódico. “Nós, estando com o organismo funcionando certinho, bem, temos uma recuperação mais rápida em todos os aspectos. Você tem que fazer exames regulares para coordenar isso, se suas vitaminas estão bem. A partir do momento em que sofre um trauma, tudo participa desta recuperação. O que aconteceu comigo foi da minha coluna, a coluna torácica inteira teve fraturas e uma das vértebras explodiu. Esta vértebra que explodiu não atingiu a medula e não provocou coisas piores porque, segundo o médico que fez a minha cirurgia, graças a Deus eu estava com os músculos fortes”, comentou.
Darieli conta que, antes do acidente, costumava fazer exercícios físicos em casa. “Eu queria emagrecer uma época, então eu comprei um pacote na internet e fazia exercício em casa. Eu conquistei este objetivo melhorando a minha alimentação, tudo bem certinho, fazendo os exercícios que eram programados, e para mim deu certo. A gente sabe que cada pessoa tem um jeito de funcionar. O médico disse para mim, quando eu estava saindo do hospital, que iria demorar cerca de seis meses para conseguir colocar meu pé no chão porque era difícil e tudo o mais. Porém, dois meses depois do acidente, eu já estava colocando os pés no chão e com três meses eu já estava andando que nem um nenê, mas estava conseguindo. Para mim, ainda não está fácil andar, eu ainda tenho algumas dificuldades, fiquei levemente manca porque encurtou a perna por causa da questão muscular. Agora, é correr atrás da melhora, então é exercício com ou sem dor, tem dias que é mais fácil e em outros é mais difícil”, afirmou.
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Por ter ficado muito tempo em coma, Darieli precisa fazer exercícios respiratórios durante a fisioterapia para plena recuperação. “Eu e a Emerline ainda temos que fazer exercícios respiratórios, porque eu fiquei muito tempo em coma e respirando por máquinas, depois eu usava a traqueostomia, então eu preciso fortalecer a minha respiração também. Esta parte também é importante e estou fazendo com uma fisioterapia, eu fazia em casa até dezembro, e agora em janeiro eu comecei a ir ao estúdio dela”, contou.
Sedentarismo – Letícia Paulek, proprietária da academia CT Force Life, ressaltou que a essência do corpo humano é ser ativo e estar constantemente em movimento. Ela atribui o sedentarismo ao ritmo de vida da sociedade atual.
“A essência do ser humano é ser ativo, inclusive nos anos 90, apenas 10% dos trabalhos que existiam eram sentados. Hoje se inverteu e 90% das formas de trabalho são sentados. Acaba que a vida que vivemos hoje, na sociedade do jeito que funciona, faz com que nos tornemos seres sedentários. A invenção de um controle de televisão: antigamente, tínhamos que levantar e mudar de canal no botão, agora apertamos o controle. O celular, as tecnologias em si vêm para ajudar, mas estão prejudicando neste sentido do sedentarismo, estão nos deixando cada vez mais parados. Se pensarmos na nossa essência, não estamos sendo o que temos que ser”, destacou.
O sedentarismo é uma doença, na opinião de Letícia. “Para mim, o sedentarismo é uma doença, e eu acredito que é uma doença mental porque está na nossa cabeça. A gente acha que é natural ser parado, ficar sentado, assistindo televisão, comendo que nem loucos e não pensar no amanhã e nem em fazer nada. Para mim, é uma questão mental porque precisamos começar a parar para pensar em por que existimos, por que existem as engrenagens, o pé, o corpo humano”, frisou.
Pessoas que são sedentárias e têm problemas de saúde podem demorar mais para se recuperar de alguma lesão, segundo Letícia.
“O corpo está 100% envolvido para resolver este problema, pois é uma falta de a pessoa resolver sozinha. Ela podia fazer exercícios, mudar hábitos alimentares e ia resolver isto sozinha. Mas não, ela deixa para o corpo tentar resolver, aí ela vai lá e sofre um acidente. O corpo se vê dividido: eu tenho que resolver a diabetes, isto aqui, e agora tenho que resolver uma lesão. Ele não vai dar conta de resolver tudo sozinho e você vai ter uma falência ou numa UTI ou numa situação de recuperação, ou você não vai conseguir se recuperar, vai ficar sem movimentar as pernas ou algo neste sentido. É muito importante a gente pensar na saúde como algo que é possível e que a gente deveria fazer, pois é o mínimo que se espera do ser humano, ser uma pessoa ativa”, afirmou.
Cuidados com a mente – O lazer e a diversão também fazem parte da saúde do ser humano, que deve cuidar da mente, segundo Letícia e Emerline. “Tem que ser social porque, se a cabeça não estiver boa, o corpo se entrega. É um conjunto, e aí tudo tem que ser flexível, mas em equilíbrio, nada aos extremos, que não funcionam”, ressaltaram.
Treinamento pós-acidente – Casos como o de Emerline e Darieli também precisam de treinamento logo após o acidente, sugeriu a proprietária da academia CT Force Life.
“O pós-acidente também é muito importante, e ele tem que ser feito, este cuidado. Você está ainda na fisioterapia, mas logo que teu médico te liberar, você vai para uma musculação, que é o que vai te fortalecer para conseguir voltar às tuas atividades 100% normais. Um exemplo que eu dou e que faz muito sentido é que, se eu colocar um esqueleto dentro de um saco preto e soltar ele no chão, o esqueleto se espatifa. O que faz o esqueleto ficar no lugar é o músculo, então precisamos pensar no músculo como saúde”, comentou.
As empresárias pedem que as pessoas valorizem mais a própria saúde. “Só damos valor quando não temos. Dizemos “nossa, como era bom andar, correr, ir ao banheiro sozinha e tomar banho”. Agora, eu não conseguia levantar da cama sozinha. Vocês que têm um corpo sadio e condições de fazer uma atividade física, um exercício, façam porque é muito importante. Valorizem o corpo de vocês agora que têm condições, pois não adianta lá, depois, quando já está tudo perdido, querer reverter, pois não conseguem”, finalizou Emerline.