Empresa encerra atividades em Irati

Tapuã Embalagens fechará suas portas deixando cerca de 110 trabalhadores desempregados. Decisão foi tomada após…

09 de abril de 2015 às 12h45m

Tapuã Embalagens fechará suas portas deixando cerca de 110 trabalhadores desempregados. Decisão foi tomada após protesto de funcionários

Paulo Henrique Sava

Após uma semana de protestos, proprietários da empresa Tapuã Embalagens se reuniram com advogados e representantes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Papel do Paraná para tentar encontrar uma solução para o impasse que gerou a paralisação total das atividades da empresa. 

Nesta quinta-feira, 09, trabalhadores fecharam a entrada da empresa, queimaram pneus e impediram a entrada dos advogados e proprietários nas dependências da Tapuã. Eles exigiam o pagamento de dois meses de salários atrasados e reivindicavam a liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) por parte da empresa Dallegrave Papel (Dallpel), que fechou as portas há cerca de dois anos. 


 Salários atrasados

De acordo com o ex-funcionário das empresas, João Conrado, os trabalhadores estão cansados de promessas. “Nós, há muito tempo, estamos vivendo só de promessas, porque falam as coisas e não cumprem. O funcionário, quando bate o cartão na empresa, tem a obrigação de exercer as suas funções, assim como a empresa tem a obrigação de pagar o salário do funcionário”, comentou.

Conrado comenta que foi demitido em 12 de janeiro, mas até agora a rescisão do contrato de trabalho não foi assinada. O trabalhador comenta que a empresa Dallpel também não efetuou a liberação do valor do FGTS, referente a 21 anos de trabalho.

“Na Tapuã, eu trabalhei um ano e nove meses, e a situação foi a mesma, ou seja, não depositaram parte do Fundo de Garantia. Durante este tempo, tem cerca de R$600 na minha conta. Sem sair o acerto do FGTS, não tem como dar entrada no seguro-desemprego, e isto já está completando 90 dias, e até agora nada foi feito”, afirmou.

Segundo Conrado, os valores de dívidas das duas empresas somente com ele, somados, chegam próximo de R$55mil. 

O operador de empilhadeira José Ribas comentou que a situação dos trabalhadores é precária. “O problema maior é o nosso salário, que está super atrasado, não tem nada na conta. A gente chega lá e ouve promessa em cima de promessa, e fica esta bagunça que está acontecendo. Nós fizemos este protesto para tentar agilizar o nosso lado. Tem certas pessoas que não tem mais o que colocar na mesa”, comentou.

José Ribas conta que trabalha no local há 11 anos e também tem dívidas com o Fundo de Garantia da Dallpel. “Eu estou com 72 parcelas do tempo da Dallegrave atrasadas, e da Tapuã, eles fizeram três depósitos de R$120 cada, num período de 18 meses”, destacou.

De acordo com o funcionário, os trabalhadores esperavam uma solução para o problema dos pagamentos atrasados. “Tem muitos funcionários que nem querem mais trabalhar aqui, querem apenas pegar os direitos que eles têm e partir para outro lado”, comenta.

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 Empresa decide encerrar atividades

Advogados e representantes da empresa Tapuã e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Papel se reuniram durante toda à tarde em um hotel para tentar encontrar uma solução para este impasse. Depois de mais de duas horas de espera, o grupo retornou para a entrada da empresa e o advogado Carlos Roberto Steuck explicou as propostas apresentadas pela empresa.

De acordo com o advogado, a empresa efetuará ainda nesta sexta-feira o pagamento da 1ª parcela dos salários atrasados, no valor de R$200, que serão pagos semanalmente. “Eles vão fazer a demissão de todos os funcionários, que receberão imediatamente o aviso prévio por escrito. Cada um vai ficar com uma cópia, que terá que apresentar por conta da ação judicial”, destacou.

Segundo Stuck, a empresa concretizará as demissões dos funcionários na próxima sexta-feira, dia 17 de abril. O advogado comentou que a rescisão terá caráter liberatório, para que os trabalhadores possam sacar os valores referentes ao Fundo de Garantia e dar entrada no processo do seguro-desemprego. Ele destacou que o processo todo deve durar cerca de cinco a seis dias. 

De acordo com o advogado, a empresa Tapuã está fechando suas portas em Irati. “No entanto, cabem discussões a nível civil com a Dallegrave, mas isto é uma situação que foge da esfera trabalhista que a gente tem aqui, eu não saberia precisar. Pode que a Dallegrave, ao receber esta empresa, faça o arrendamento para outro grupo qualquer e este assuma e recontrate todo mundo. Isto tudo pode acontecer, mas a Tapuã, em tese, está encerrando suas atividades aqui”, declarou.

Sobre as dívidas deixadas pela empresa na cidade, Stuck orienta cada credor a procurar um advogado e verificar os valores e o que há de documentação sobre os gastos da empresa para efetuar a cobrança via Justiça. “Eu acho que isto é o mais aconselhado e o mais urgente”, comentou.

O advogado sugeriu que os empregados retornem a empresa nesta sexta-feira para verificar se, de fato, o depósito da 1ª parcela dos atrasados será efetuado pela Tapuã, que, depois disso, entregará a fábrica novamente para a família Dallegrave.


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