Empresa já faz a coleta de resíduos orgânicos no município; Associação Malinoski e Cooperativa Cocaair, que realizavam a coleta do reciclável, passam a fazer apenas a triagem do material/Texto de Karin Franco, com reportagem de Jussara Harmuch
A empresa Ecovale, mesma que faz a coleta do lixo orgânico em Irati, assumiu a coleta de materiais reciclados. Com a nova função, a Associação Malinoski e a Cooperativa de Catadores de Recicláveis de Irati (Cocaair) passam a atuar apenas na separação do lixo, que é feita em dois barracões alugados pela prefeitura no bairro Vila Nova.
Para a população, a rota do caminhão do lixo permanece igual. Qualquer mudança nas rotas será avisada com antecedência para a população. Em entrevista à Najuá durante a visita feita pelos integrantes do conselho do Meio Ambiente (COMDEMA), a secretária de Ecologia e Meio Ambiente de Irati, Magda Lozinski, afirma que haverá apenas uma diferença para que as pessoas reconheçam qual caminhão estará passando. “Essa empresa vai fazer a coleta de resíduos orgânicos e também de resíduos recicláveis, porém vai ter uma diferença, provavelmente sonora, nos caminhões para a população ter essa atenção de que o caminhão que está passando é o do reciclável”.
A mudança ocorre porque a Prefeitura de Irati não consegue realizar a coleta do lixo reciclável. Até o momento, a associação e a cooperativa faziam a coleta com caminhão da prefeitura. De acordo com a secretaria de Comunicação da Prefeitura de Irati, o veículo não oferece boas condições, dificultando a continuidade dos serviços. Após a realização de estudos, a terceirização se tornou a opção mais viável.
A Ecovale ganhou o processo licitatório para fazer a coleta do lixo reciclável com um veículo próprio. A empresa já realiza o recolhimento do material orgânico no município.
O tipo de material reciclado que será recolhido permanece o mesmo. Materiais maiores, como móveis e eletrônicos, continuam tendo que ser descartados de forma regular com a secretaria de Meio Ambiente. “Esses materiais de classificação mais específica, o município vai trabalhar na possibilidade de melhorar a destinação desses materiais, mas por enquanto permanece. Lembrando que o isopor entra como um material reciclável”, conta Magda.
No caso dos produtos eletrônicos, há campanhas trimestrais em que a população pode fazer o descarte. Já outros materiais ainda não possuem solução. “Pilhas e baterias ainda não conseguimos fazer essa campanha porque precisa de um direcionamento de destinação correta que tem que ser pago. Ainda não conseguimos fazer essa destinação”, explica a secretária.
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Ela destaca que a mudança trará mais eficiência, já que não será mais necessário que a associação e a cooperativa destinem pessoas para o serviço da coleta no caminhão, assim o tempo dedicado ao trabalho de separação, dentro do barracão, será maior. Além disso, haverá uma distribuição igual de materiais para a associação e a cooperativa. “Essa equidade já tentamos solucionar há algum tempo, fazendo a intercalação, uma semana a associação e a outra a cooperativa. Hoje já não temos esse problema, mas vamos conseguir, se Deus quiser, resolver vários tipos de reclamações dessa falta de passada do caminhão, deixou meu só o meu lixo. Essa empresa vem para fazer esse serviço de uma maneira mais eficiente”, disse Magda.
Baixa do valor do material desestimula atividade de separação
A atratividade da venda de alguns materiais reciclados mudou após a pandemia de Covid-19. Materiais que antes custavam cerca de R$ 1, passaram a ser vendidos por apenas R$ 0,30. Em Irati, a Cooperativa Cocaair vende os materiais para Ponta Grossa e Fernandes Pinheiro, mas a presidente da instituição, Rosângela Souza Soares, comenta que a diferença do preço está dificultando a vida de quem trabalha com reciclagem. “O preço do material está baixando demais. No começo, quando era a pandemia, estava alto o preço. Agora, está baixando. Cada dia mais baixa o preço dos materiais”, conta.
O baixo valor do material também tem afastado a quantidade de pessoas que trabalham com os resíduos recicláveis. Atualmente, 45 pessoas estão envolvidas no processo da cooperativa, mas como há muito material orgânico, a atual equipe não consegue atender toda a demanda. “Nós não estamos conseguindo pegar mais gente para trabalhar. Acumulou porque o pessoal que estavam pegando na rua, pararam de pegar porque o preço está baixo. Não temos como pegar mais gente e precisaria de mais gente para trabalhar, mas não tem como, por causa do preço ter baixado”, conta a presidente da cooperativa COCCAIR.
Lixo orgânico misturado
Outra dificuldade é que muitos materiais recolhidos ainda vêm com misturados com lixo orgânico. “Tem material que não tem comércio. Vem bastante orgânico misturado com reciclado. Às vezes, é um pet que está no orgânico. É muito misturado”, relata Rosângela. “Vem fralda, vem de tudo. Às vezes, dá um caminhão por dia, um caminhão de orgânico que vai para o aterro”, complementa.