Em entrevista à Najuá, prefeito e vice, que foram eleitos para comandar município a partir de 2025, falaram sobre período de transição até assumirem os cargos e possibilidade de reduzir número de secretários/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista de Paulo Sava e Rodrigo Zub
Em entrevista à Najuá, o prefeito eleito Emiliano Gomes (PSD) e sua vice, Larissa Mazepa (Republicanos), analisaram o resultado das eleições do último domingo (6) e projetaram as primeiras ações da futura gestão, que começa em janeiro de 2025. Ambos formaram a coligação “O Futuro é Agora” e venceram uma acirrada disputa, com 15.334 votos válidos (44,95%), apenas 900 a mais que a coligação formada pelo ex-vereador Rafael Felipe Lucas (Podemos) e a atual vice-prefeita, Ieda Waydzik (PSDB), que tiveram 42,31% dos votos válidos. Também concorreu a coligação “Irati, Essa Terra é do Povo”, formada pela professora Ana Radis (PT) e pelo servidor público municipal Luciano Menon (PSB). Eles obtiveram 4.348 votos (12,74% dos válidos).
“Foi realmente uma eleição acirrada. Nós, ao longo da jornada da campanha, já vínhamos fazendo alguns monitoramentos com relação às pesquisas. Tivemos pesquisas publicadas, que não foram feitas por nós, mas pelos jornais, e tínhamos pesquisas internas. Em torno de uma semana antes, tínhamos uma análise de uma pesquisa interna que coincidia mais ou menos com o resultado da eleição: nos apresentava com 4% à frente; a eleição fechou com 2% à frente. Estava dentro da expectativa”, avalia Emiliano.
O próximo prefeito de Irati acredita que cada eleição é definida por uma combinação de fatores e não por elementos isolados, como um partido ou um grupo político. “A eleição passa por uma construção de ações, um conjunto de grupos, um conjunto de dinâmicas de trabalho, de mídia. A composição de todos esses fatores acaba ocasionando o sucesso da eleição. É muito importante dizer que passamos e atravessamos esses 45 dias com muita transparência com relação a tudo aquilo que pretendemos fazer por Irati, o que nos deu uma tranquilidade de chegar no momento final e olhar um para o outro – Larissa e eu e todo o nosso time – e ter a sensação de dever cumprido. Cumprimos o dever de repassar as propostas, as ideias, o conjunto de ações que pensamos para o futuro de Irati, com muita clareza e sabedoria. As pessoas entenderam a necessidade de entrarmos num novo momento de Irati: de renovação e mudança”, analisa.
Passada a disputa eleitoral, Emiliano considera que, a partir de agora, é o momento de união em Irati. “Serei o prefeito e a Larissa, a vice-prefeita, de todos os iratienses e, nesse sentido, precisamos unir a cidade, o interior, as pessoas, para que possamos ter êxito durante o mandato e, ao mesmo tempo, possamos governar para todos. Queremos fazer um governo para todos”, frisa.
“O sentimento agora é de gratidão a todas as pessoas que abriram seu coração para ouvir nossa mensagem. Nós dois, o Emiliano e eu, fomos portadores de uma mensagem de um grupo que criou um plano de governo. Esse plano de governo foi redigido a diversas mãos técnicas. Queríamos colocar para Irati, realmente, um plano de governo que pudéssemos executar, que mudasse a vida das pessoas. O maior propósito do Emiliano e meu é fazer com que Irati seja uma cidade melhor para todos nós. Acredito que todos os candidatos queriam, sim, o bem para Irati, mas nós conseguimos fazer com que a população enxergasse essa ‘virada de chave’, a mudança que Irati precisa para que volte a crescer e seja uma cidade onde todos nós tenhamos mais orgulho ainda de vivermos aqui”, opina a vice-prefeita eleita.
Sobre as reivindicações mais frequentes ouvidas dos eleitores ao longo da campanha, tanto na cidade quanto no interior, Larissa aponta prioridade para a área da Saúde e estima que 60% da população atribui a esse setor a maior carência na administração municipal. “Foi incrível ver ex-pacientes, pacientes e pessoas que ainda sofrem muito com a área da Saúde. E é por isso que aceitei estar ao lado do Emiliano e acredito que vamos fazer, sim, uma mudança na área da Saúde e em todas as outras áreas. Tudo o que está bom e funciona pretendemos dar continuidade e tudo aquilo que precisa ser reformulado vamos sentar com uma equipe muito técnica para fazer essa mudança que precisa ser feita”, antecipa.
Transição de governo e reforma administrativa: Após a euforia da corrida eleitoral, dá-se início aos preparativos para que os eleitos assumam o cargo. Nos preparativos para a “passagem de bastão”, prefeito e vice eleitos precisam se inteirar do andamento da administração pública e dos direcionamentos do orçamento do primeiro exercício financeiro, definido ainda pela atual gestão. A primeira conversa sobre o período de transição entre Emiliano e Larissa ocorreu na terça (8).
“Temos a lei que precisamos respeitar, da transição. Haverá uma comissão técnica indicada pelo prefeito municipal e uma comissão técnica [indicada] por nós. Nesse momento, teremos em torno de 60 dias para realizar a transição e, na sequência, a partir da semana que vem, em contato com a gestão, vamos iniciar esse diálogo e os movimentos necessários – jurídicos, técnicos, administrativos – comissão com comissão, para podermos fazer essa transição da melhor forma possível, com muita clareza e, evidente, depois fazer a publicação desse documento, que é o relatório final da transição de governo, para que possamos fazer uma transição tranquila, segura, respeitando tudo o que foi realizado e podermos, com muita tranquilidade, sabedoria, discernimento, desenvolver ações em conjunto para que essa transição seja responsável”, aponta Emiliano.
O prefeito eleito tem a expectativa que, a partir da transição, já consiga articular as primeiras ações efetivas para colocar em prática projetos e programas que constam no plano de governo da futura gestão. “Queremos poder chegar em janeiro e não perdermos tempo. Precisamos de velocidade. Uma dinâmica que queremos criar dentro do nosso governo é velocidade e agilidade, por tratarmos e pensarmos em fazer um novo governo, moderno, dinâmico e toda a equipe – evidente que os futuros secretários também – terá que acompanhar essa rotina dinâmica que vamos criar”, afirma. O prefeito eleito pretende dar um ritmo ágil à sua gestão, sem perder de vista a parte técnica, que considera a palavra-chave para que essa agilidade funcione corretamente.
Na entrevista realizada terça-feira, Larissa enfatizou que ainda não havia uma definição em relação ao secretariado. Porém, dois dias depois, ela e Emiliano anunciaram o nome do primeiro secretário da próxima gestão durante entrevista ao podcast “Iratizado”. O empresário Oscar Muchau comandará a secretaria de Administração. Na entrevista à Najuá, Larissa reiterou o objetivo da nova administração em atribuir as pastas a técnicos e não a apadrinhados políticos. “Vamos pensar nas pessoas técnicas e, a partir de agora, vamos começar a colocar em prática nosso plano de governo. Como sempre dissemos, sem amarras políticas e para colocar pessoas técnicas que trabalhem pela nossa comunidade de Irati”, diz.
Emiliano reforça a intenção expressa durante a campanha em reduzir a estrutura administrativa e reorganizar Secretarias e Departamentos, com vistas à economia de recursos. “Vamos fazer uma reforma administrativa. Vamos discutir muito isso, anteriormente, já na equipe de transição, para que possamos, em janeiro, fazer essa reforma e cortar gastos. Nesse sentido, Larissa e eu sempre conversamos, também com nossa equipe, em relação à escolha do secretariado. Passamos, durante a campanha toda, sendo, de certa forma, caluniados, de que já tínhamos secretários escolhidos na pasta A, na pasta B, na pasta C, que foram falas para nos atingir. Mas, muitas vezes, deixamos claro e repetimos para a população, com bastante responsabilidade, que a escolha do secretariado será de forma técnica, que condiga com a pasta, para que execute o melhor serviço possível. Será também criado um plano de metas, para que, trimestralmente, semestralmente e anualmente, os secretários cumpram com elas. Se não cumprir com essas metas, teremos a liberdade de despedir esse secretário para podermos contratar um secretário que realmente responda às metas que serão estipuladas pelo nosso governo”, salienta.
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As secretarias a serem extintas, fundidas a outras ou transformadas em Departamentos devem ser definidas ao longo da transição de governos, em discussão com o futuro secretário de Administração. “A ideia é que possamos unificar essas pastas, para que possamos conter gastos. Vamos também reduzir o número de cargos em comissão. Eles existem, mas o que pudermos reduzir nós assim faremos”, adianta Emiliano.
Larissa emenda que haverá, de fato, uma redução no número de secretários, não necessariamente de secretarias, pois a unificação vai fazer com que um mesmo secretário fique responsável pelo que, atualmente, corresponde a duas pastas distintas. Uma secretaria, vale lembrar, abriga vários departamentos distintos que, ocasionalmente, podem vir a se tornar Secretarias independentes. “Existem alguns secretários que vão estar em duas Secretarias, porque muitas delas estão vinculadas a repasses – seja por parte do governo estadual como do governo federal – então essas Secretarias devem continuar existindo, sim. Porém, vamos tentar ocupar um secretário técnico para duas pastas. Acredito que isso, sim, vai ser bem possível. Mas ainda vamos conversar com toda a nossa equipe para avaliarmos o que poderemos unificar. Precisamos cortar gastos de todas as formas, até porque precisamos investir em algumas áreas que são muito importantes, como a Educação, a Saúde e a Assistência Social”, observa. Por se tratar de indicações técnicas, a vice-prefeita eleita enfatiza a pretensão de que os futuros secretários sejam oriundos do quadro de servidores do município.
Perfil: Com tradição familiar na política, Emiliano Augusto Rocha Gomes, de 33 anos, foi o mais jovem vereador eleito na história de Irati, aos 21 anos, em 2012. Concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa em 2014 e concluiu a Legislatura 2013-2016 na Câmara de Irati, antes de concorrer ao cargo de prefeito pela primeira vez. Foi secretário de Desenvolvimento Econômico na primeira gestão de Jorge Derbli, contra quem voltou a concorrer ao cargo de prefeito em 2020. É tataraneto do Coronel Emílio Gomes, primeiro prefeito de Irati; bisneto de Edgard Andrade Gomes, quatro vezes prefeito do município e os avós, tanto por parte de pai quanto por parte de mãe, foram vereadores.
A médica Larissa Gimenez Mazepa, de 47 anos, concorreu ao cargo de vice-prefeita ao lado do ex-prefeito Odilon Burgath (PDT), que tentava a reeleição em 2016. Foi chefe da 4ª Regional de Saúde e pediu exoneração do cargo em junho para participar das eleições. O pai de Larissa, o médico Eugênio Mazepa, assumiu o posto deixado pela filha, que também possui tradição familiar na política, uma vez que Eugênio foi prefeito do município de Inácio Martins entre 1993 e 1995.