Em vez de ir para o lixo, óleo de cozinha usado vira sabão e gera renda em Gutierrez

Em Irati, uma parceria entre secretaria de Meio Ambiente, Unicentro e Clube de Mães de…

01 de julho de 2011 às 10h39m

Em Irati, uma parceria entre secretaria de Meio Ambiente, Unicentro e Clube de Mães de Engenheiro Gutierrez,, tenta reduzir os danos causados pelo resíduo do óleo de cozinha gerando renda
Jussara Harmuch Bendhack

© JHB

A intenção do grupo de mães e da professora da Unicentro,Célia Santos de Souza é de constituir associação própria
Trabalhar o conceito de coleta seletiva significa também despertar para a consciência ambiental. Este pensamento é compartilhado pela professora do curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Centro Oeste – Unicentro, Célia Santos de Souza Pereira e a comunidade de Engenheiro Gutierrez. A ideia de direcionar atividades docentes para a separação correta do lixo veio em 2004. Mas era preciso convencer a comunidade. Célia achou que teria mais chance de obter sucesso se trabalhasse com algo que estivesse ligado ao dia-a-dia das pessoas. Em 2007, iniciou um trabalho com o Clube de Mães da Associação de Moradores de Engenheiro Gutierrez para confecção de sabão a partir do resíduo de óleo de cozinha. O sabão começou a ser comercializado em 2008 e inicialmente a renda era toda revertida para as atividades do “Projeto Artesãos”, que já existia. Com o sucesso do trabalho e o aumento das vendas, a partir de 2010, parte da renda passou a ser revertida em benefício pessoal, através de rateio entre as participantes.

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A professora Célia e as mães do grupo de Engenheiro Gutierrez estão satisfeitas com a boa aceitação e pretendem aumentar o ritmo de produção do sabão
Hoje o clube é composto por 15 mulheres, efetivamente, continua desenvolvendo outras atividades artesanais e também conta com o apoio e orientação do Provopar. Dirlene, que participa desde o início, conta como tudo começou: “Todas tinham restinho de óleo em casa, foram juntando também nas casas dos parentes e trouxeram para cá para que a professora Célia nos ensinasse a fazer o sabão”. Miriam, outra participante, diz que agora é preciso é adquirir um barracão próprio. “Estamos instalados provisoriamente aqui no barracão da Capela Cristo Rei e precisamos de um lugar mais adequado”. Zoraide explica como se dá o processo de trabalho: “umas fazem a captação do óleo nas casas, outras trabalham na produção do sabão e tem uma pessoa que vende”. Segundo avaliação do grupo, a aceitação do produto pela comunidade está sendo boa.

“A intenção não é parar, pretendemos adquirir um barracão em parceria com a prefeitura, próximo ao Centro Comunitário e sair da informalidade. Envolver mais mulheres e aumentar a renda. Constituída uma associação própria, surgirão demandas administrativas e contábeis”, explica Célia. Por outro lado, o projeto não se baseia apenas em questões ambientais, mas também na economia solidária. “No novo local, contaremos com o apoio do professor Edélcio Stroparo do curso de contabilidade”, complementa.

Informações da Secretaria Municipal do Meio Ambiente

Mensalmente, são utilizados 100 litros de óleo para a fabricação do sabão. A coleta da prefeitura tem a meta de atingir 600 litros. Já estão cadastrados 13 pontos.

Danos ambientais

São vários os danos causados ao meio ambiente pelo óleo de fritura quando descartado de forma incorreta: se despejado em ralos de pias resultará no entupimento dos canos – com o agravante de que baratas se alimentam deste rejeito; se for jogado na rede de esgotos provocará entupimento da tubulação, além de mau cheiro. Se lançado no solo a consequência será o desequilíbrio ecológico, afetando lençóis freáticos e mananciais de abastecimento de água potável; se descartado em aterros sanitários, o óleo produz a contaminação do solo. Se for despejado em rios causará prejuízos irreversíveis ao meio ambiente, pois o óleo cria uma barreira na superfície dificultando a entrada de luz e a oxigenação da água, resultando na destruição de espécies da flora e da fauna – apenas um litro de óleo é suficiente para contaminar um milhão de litros de água.

O secretário de Ecologia e Meio Ambiente de Irati, Luiz Carlos Ramos, informou que a prefeitura pretende assinar um convênio com o Clube de Mães de Gutierrez no momento em que estará cedendo um imóvel de 50 m2. Porém, uma parceria informal já está sendo desenvolvida. Alunos da Unicentro realizaram um cadastro das empresas que tem intensão de fazer a doação do resíduo de óleo e a secretaria já elaborou um roteiro disponibilizando funcionários para realizar a coleta do óleo em restaurantes e lanchonetes. Houve boa resposta, mas a coleta é restrita a pequenos comerciantes, pois os estabelecimentos maiores já faziam a entrega para uma empresa de fora, especializada no reaproveitamento do óleo. Também foi iniciada uma campanha de conscientização nas escolas municipais para que se transformarem em pontos de coleta, conta o secretário.

Toda vez que o clube se reúne – 1 vez na semana – são produzidos 4 receitas de sabão ao custo médio de R$ 8. Cada receita rende entre 26 e 28 pedras de, aproximadamente, 250 gramas. Descontada a despesa, cada receita gera uma renda de R$ 20,0. São produzidos dois tipos de sabão: Pinho e Amaciante.

Para fazer uma receita

+ ou – 2 litros de água, 1 quilo de soda, 6 litros de óleo
Pode-se acrescentar 250 ml de vinagre, 250 ml de Pinho Sol e 250 gramas de sabão em pó
Ferver até o ponto de um mingau ralo e depositar em forminhas de margarina.

Controle de qualidade

O professor Hilário, também do curso de Engenharia Ambiental, será o químico responsável depois de criada à associação e hoje já realiza testes de laboratório para atestar a qualidade de todo o sabão produzido pelo Clube de Mães.

“Não importa se as pessoas estão entregando o óleo usado para nós ou para outra empresa o que importa é diminuir o dano ambiental que ele causa se não for dada a destinação correta” – Professora Célia Santos de Souza.

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