“É uma Casa de experiência política, não para se aprender”, diz Álvaro Dias sobre Senado

Senador tenta seu quinto mandato nesta eleição. Em entrevista à Rádio Najuá, senador comentou sobre…

22 de agosto de 2022 às 00h16m

Senador tenta seu quinto mandato nesta eleição. Em entrevista à Rádio Najuá, senador comentou sobre a decisão de se candidatar ao Senado, sobre projetos e propostas, além da disputa eleitoral contra Sérgio Moro/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Paulo Sava


Álvaro Dias durante discurso no plenário do Senado Federal. Paranaense exerce seu quarto mandato em Brasília. Foto: Facebook/Reprodução

O senador Álvaro Dias (Podemos) busca a reeleição para um quinto mandato no Senado. Em entrevista à Rádio Najuá, o senador disse que pretende continuar representando o Paraná em Brasília com sua experiência. “É uma Casa para a experiência política. Não é para se aprender lá. Lá é para dar respostas, com o aprendizado adquirido pelo tempo de experiência havido, então é esse o meu propósito hoje”, disse.

Durante a entrevista, o senador contou sobre sua experiência no Congresso Nacional e as propostas que deve seguir em um novo mandato. Ele também comentou porque decidiu se candidatar a senador mais uma vez e falou sobre a disputa eleitoral com Sérgio Moro (União Brasil), a quem incentivou a entrar na política.

O nome de Álvaro Dias foi cogitado para disputar a presidência e o governo do Paraná. Em 2018, o senador disputou o primeiro turno da eleição para a presidência, conquistando 859.601 votos. Para a eleição deste ano, o Podemos chegou a cogitar lançar uma candidatura à presidência, com o senador na disputa. Porém, ele não aceitou a candidatura.

A polarização da eleição nacional é uma das razões que fez o senador se afastar da disputa presidencial. “Nós tivemos que fazer uma opção. O partido postulou que nós disputássemos a presidência. Em convenção em São Paulo, por unanimidade, o partido fez um apelo para que eu disputasse a Presidência da República. Eu entendi que nessa eleição há uma polarização como fato consumado. Os olhos da população estão voltados para a esquerda, com o Lula, ou para a direita, com o Bolsonaro. Nós achamos que não haveria espaço ao meio e qualquer candidatura ao meio seria atropelada. Por isso, a nossa opção para continuar servindo, para continuar contribuindo, tentando melhorar a vida das pessoas é no Senado”, conta.

O senador ainda destacou que a polarização é algo que já era presente em 2018, na eleição que disputou. “Aquela foi uma eleição realmente atípica. Houve uma facada, mudou opinião. Nós tínhamos um bom índice aqui no sul do País e depois houve o voto útil. Então, as pessoas se movimentaram e tomaram uma direção. Foram para a esquerda ou para a direita. Esta polarização, essa dicotomia, está hoje ainda mais visível. Isso se acentuou”, disse.

Entretanto, para Álvaro, a polarização tem prazo de validade. “Eu imagino que essa dicotomia, ou seja, olhos voltados para a esquerda, olhos voltados para a direita, tem um prazo de validade e o vencimento desse prazo é daqui a quatro anos. Só nas eleições em 2026, nós vamos ter um outro cenário. Aí certamente vai se abrir uma janela de novas oportunidades, para outros projetos, que possam ser mais consensuais, mais harmoniosos, mais maduros. Projetos que possam estabelecer uma convergência maior entre as pessoas e não essa divisão”, explica.

Fora da disputa nacional, Álvaro Dias foi apontado nos últimos meses como um nome forte para a eleição a governador. O senador confirmou que houve conversas para o Executivo estadual, após decidir não concorrer à presidência. Contudo, ele decidiu se candidatar ao Senado, mesmo após diversos pedidos para a candidatura ao estado, especialmente do partido Patriotas. “Obviamente isso sempre gratifica, sempre emociona esse apelo, mas eu tenho impressão hoje que a minha missão mesmo é esta de continuar em Brasília porque eu conquistei um espaço nacional”, conta.

Na eleição deste ano, Álvaro Dias disputa a única vaga de senador pelo Paraná com o ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil), a quem incentivou a entrar na política. Para o senador, o ex-ministro é visto como um adversário político como em outras eleições. “Eu não subestimo nenhum dos concorrentes. Respeito a todos igualmente. Não distingo um dos outros. Por isso, meu tratamento é igual com todos. Não vou desconstruir nenhum dos concorrentes para pavimentar a estrada que me leve à vitória. Eu quero pavimentar essa estrada para chegar à vitória, sem desqualificar qualquer dos concorrentes. Isso eu deixo a critério do eleitor. O eleitor fará sua análise, fará sua reflexão e julgará. Não me cabe julgar os meus adversários”, disse.

O senador conta que quer continuar no Senado para seguir com o trabalho que tem se dedicado nos últimos anos. Entre seus projetos, ele destacou os que estão ligados à educação. “Na semana retrasada, eu aprovei um projeto de resolução, fui o relator, que dá ao Paraná, US$ 90 milhões para investir no ensino médio. Mais de R$ 500 milhões estarão disponibilizados para o Governo do Paraná aplicar na melhoria da qualidade do ensino médio do estado”, conta.

Outro projeto que o senador destacou é a aprovação do uso do salário-educação para o pagamento de professores durante a pandemia. Ainda em 2003, o senador foi o autor do projeto que fixou o percentual de recursos distribuídos aos municípios, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), do valor total da arrecadação do salário-educação. Contudo, os municípios não podiam utilizar o recurso para pagamento de professor. Durante a pandemia, o Senado aprovou a mudança. “O meu projeto aumentou em 120%, os recursos que são repassados aos municípios brasileiros do salário-educação. Um repasse direto de Brasília para as prefeituras municipais proporcional ao número de alunos matriculados no Ensino Fundamental de cada município. Isso significa o quê? Até hoje, desde aprovação do projeto, mais de R$ 80 bilhões a mais para os municípios do País aplicarem em educação”, disse.

Ainda direcionado aos municípios, o senador falou sobre outro projeto que auxiliou em mais recursos. “Uma Emenda da Constituição de minha autoria transferiu para as prefeituras municipais a taxa de iluminação pública. Eu não sei quanto corresponde hoje ao município de Irati, mas Curitiba, por exemplo, são R$ 200 milhões por ano. Maringá, R$ 50 milhões. Já são cerca de quase R$ 100 bilhões para os cofres das prefeituras municipais, graças a um projeto de minha autoria que se tornou lei, que se tornou inclusive dispositivo constitucional”, conta.

O senador também relembrou o trabalho na área do esporte. “Eu fui relator também da Lei Pelé. E aí nós avançamos bastante. A CPI do Futebol, que eu presidi, deu origem, por exemplo, ao Estatuto do Torcedor, à Lei de Responsabilidade do Desporto, que permite ao Ministério Público responsabilizar criminalmente os cartolas que são perdulários, que são gastadores, que desempenham uma gestão temerária, com desvios ou com endividamentos exorbitantes dos clubes”, disse.

Na área da saúde, Álvaro Dias relembrou o trabalho com a Emenda Constitucional que permite a produção e a comercialização de radioisótopos pela iniciativa privada, promulgada pelo Senado neste ano. “Recentemente aprovamos e promulgamos uma emenda constitucional de minha autoria que vai salvar vidas porque vai permitir a produção do radioisótopo, que é da medicina nuclear. Um produto para prevenção, diagnóstico e cura de doenças graves como câncer, por exemplo”, conta.

Para um novo mandato, o senador conta que quer contribuir para a construção de um projeto de desenvolvimento econômico e social. “Um projeto estratégico de desenvolvimento econômico e social para o País. Esse é o nosso objetivo. É por isso que nós estamos aqui de volta. É por isso que nós queremos renovar o nosso mandato, para continuar com esse trabalho”, disse.

Segundo ele, é preciso um projeto que invista em diversas áreas para aumentar a produtividade do País. “Nós não temos um projeto estratégico de desenvolvimento econômico e social. Por isso, as estatísticas mostram 33 milhões passando fome, mais de 60 milhões recebendo menos da metade do salário mínimo porque nós não tivemos, não adotamos um projeto que invista vigorosamente em educação, ciência, tecnologia, inovação, pesquisa para elevar os índices de produtividade, para escaparmos dessa armadilha da pobreza e nos colocarmos no patamar dos países desenvolvidos no mundo que oferecem oportunidades aos seus cidadãos, oportunidade de vida digna. Esse projeto estratégico passa por várias reformas, a reforma tributária, a reforma administrativa são reformas essenciais”, afirma.

Com o período eleitoral neste segundo semestre, a discussão da reforma tributária deverá ser discutida pelo Congresso Nacional apenas em 2023. De acordo com Álvaro Dias, a reforma tributária que o País deve discutir precisa rever o imposto sobre o consumo. “Na medida em que você tributar menos no consumo, você vai melhorar o poder aquisitivo dos consumidores, ou seja, dos assalariados, dos trabalhadores. Você tem que reduzir o peso da carga tributária no consumo, aumentar um pouco da renda, exatamente para estabelecer o equilíbrio da receita. Nós arrecadamos muito, o Brasil arrecada muito, já chegamos a 33,9% do Produto Interno Bruto de tributos, mas aplica mal, então é preciso aplicar bem. Os investimentos são essenciais, a aplicação correta, qualidade do gasto público, tudo isso vai incidir naquilo que nós chamamos de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, conta.

Perguntado se encerraria a participação na vida pública caso fosse derrotado, o senador conta que entra na disputa eleitoral sem cogitar um revés. “É só conferir o que nós fizemos como governador e o que fizemos como parlamentar, desde a Câmara dos Deputados até o Senado Federal. Pela postura ética, principalmente abrindo mão de todos os privilégios, porque há os que combatem privilégios no discurso, mas não abre mão dos seus privilégios. Eu abro dos meus privilégios. Abri sempre”, disse.

Em relação aos apoios na eleição estadual e federal, o senador destacou que sua candidatura não está vinculada a nenhum outro candidato. “Nós temos uma coligação avulsa aqui no Paraná. Eu construí uma coligação independente. Nós não estamos vinculados nem a candidato a presidente e nem candidato ao governo, mas somos seis partidos: o Podemos, o Patriota, o PSC, o PRTB, temos o PSDB, o Cidadania e o PSB, do deputado Luciano Ducci. Nós temos seis partidos nesta coligação e, evidentemente, todos têm liberdade para fazer a sua opção de governador e também de presidente”, explica.

Segundo Álvaro Dias, é preciso confiar nos eleitores. “Eu acho que nós alcançamos já um patamar na política que temos que acreditar na sabedoria do eleitor. Ele é soberano, ele não precisa de intermediário para escolher o seu candidato a presidente ou a governador. Nós damos total liberdade aqueles que estão conosco. É claro, os partidos que integram a minha coligação são mais partidos que apoiam o governador Ratinho Júnior. Tem uma maioria que apoia o governador Ratinho Júnior, mas todos estão liberados para fazer a sua opção de voto”, disse.

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