Documentário sobre Primo Araújo será lançado neste sábado em Irati

Obra que retrata a vida e a obra do artista iratiense será exibida em sessão…

20 de junho de 2024 às 17h11m

Obra que retrata a vida e a obra do artista iratiense será exibida em sessão especial de estreia neste sábado, às 19h30min, no Centro Cultural Clube do Comércio, com entrada gratuita/Paulo Sava

O historiador José Maria Gracia Araújo interpretou o pai, Primo Araújo, no documentário produzido pelo jornalista Pedro Henrique Wasilewski Almeida, que será lançado neste sábado, 22, no Centro Cultural Clube do Comércio. Foto: Paulo Sava

Estreia neste sábado, 22, no Centro Cultural Clube do Comércio, o documentário “Primo Araújo: o poeta das artes plásticas”. A obra que conta um pouco da vida e da obra do artista iratiense Dario Araújo (Primo) será exibida em sessão especial marcada para as 19h30min. O evento terá entrada gratuita para toda a comunidade.

O filme foi produzido pelo jornalista Pedro Henrique Wasilewski Almeida. A produção conta com as participações do ator Kléber Gonçalves, que interpretou Primo quando jovem, e de José Maria Gracia Araújo (Zeca Araújo), filho do artista, que interpretou o próprio pai já na fase adulta. O trabalho levou seis meses para ficar pronto.

Em entrevista à Najuá, Pedro Henrique destacou a estrutura técnica que será utilizada para a exibição do filme e um pouco da história do personagem principal. “Vai ter uma tela de 150 polegadas, projeção e som de qualidade para que os iratienses possam se encantar com a história do Primo Araújo, que era este artista plástico, mas também se envolvia em diversos fatos históricos da cidade. Tanto é que o pai do Primo Araújo construiu a primeira estação ferroviária de Irati e a mãe dele, Anália Veiga, era telegrafista. A mãe do Zeca era Iratila, filha do Coronel Manoel Gracia. O Primo Araújo se apaixonou por ela e fixou residência a partir deste amor. Ele abriu sua alfaiataria e, a partir daí, como dizem figurativamente, o resto é história, e quantas coisas ele fez por Irati”, comentou.

Zeca conta que incentivou o pai a utilizar o isopor em suas obras, que permanecem em exposição na Casa da Cultura de Irati. “Eu morava em Guarapuava no ano em que apareceu o isopor no Brasil (1960) e foi uma loucura, todo mundo falava naquele material. Lá, eu estava trabalhando com decoração de vitrines. Vi o isopor e pensei em fazer letras daquele material, mas não tinha um método de corte mais técnico: eram maquininhas com fiozinho quente que iam cortando, mas não tinham segurança no corte. Um dia, eu trouxe um pedaço de isopor para ele, que era metido a inventor, e pedi que ele inventasse uma ferramenta que eu pudesse cortar o material para eu fazer meus trabalhos em Guarapuava. Ele ficou com o material e começou a fazer algumas coisas com as chapas de isopor, primeiro alguns enfeites para o Clube do Comércio e nos deu a grande satisfação de ter inventado a 3ª dimensão nos quadros que ele já fazia tremendamente bem pintados a óleo, que eram em duas dimensões”, frisou.

A partir disso, Primo passou a trabalhar com o isopor em suas obras, fazendo todas as imagens de seus quadros, que contam a história de Irati, em alto relevo. “Aí então ele trouxe nestas imagens toda a história de Irati. Ele usou um desenho como uma cópia para ele fazer o quadro de isopor, e estes desenhos e os próprios quadros servem até hoje como fotografias de como era Irati no início de sua existência, quando era Covalzinho ainda. A criançada está adorando este trabalho”, comentou.

Foto: Divulgação

Primo no Cine Theatro Central – Pedro Henrique vem se aprofundando na história de Primo Araújo desde que produziu o documentário “Cine Theatro Central”, uma vez que o artista era o responsável pela produção dos cartazes dos filmes exibidos no cinema iratiense. “Vinham aquelas fotografias pequenas e ele aumentava isso para colocar na frente do cinema e atrair o público. Como a minha família morava no centro, no prédio que meu bisavô (João Wasilewski) construiu, o Primo Araújo morava atrás de onde era a panificadora e o cinema, na Rua Coronel Gracia. A família era amiga, e sempre desde criança, quando eu passava, via aquele senhor ali, e quando recebíamos pessoas na minha casa, amigos e familiares, sempre comentavam com saudosismo evidentemente sobre o cinema e os quadros que eu tenho na minha casa sobre o Primo Araújo”, frisou.

Edital – Para produzir o documentário, Pedro foi contemplado com o primeiro edital de cinema e audiovisual da história de Irati, através da Lei Paulo Gustavo e do Governo Federal, através do Ministério da Cultura. Os recursos foram utilizados para pagar os trabalhadores empregados no projeto, contratar prestadores de serviços, dando contrapartida econômica para os artistas. Também foi possível contratar atores e entrevistar personagens importantes para o contexto da história. No total, a produção envolveu mais de 50 pessoas.

Para realizar o projeto, Pedro fez um levantamento de fontes e dados históricos, reunindo fotografias, recortes de jornais e livros, além dos acervos do Centro de Documentação (CEDOC) da Unicentro, da Casa da Cultura, das famílias Araújo e Wasilewski e dos entrevistados.

“Foi feito um trabalho todo meticuloso, para pensar em deixar isto algo forte, potente, verídico e histórico culturalmente para o município de Irati. As professoras, ao final das exibições, até comentaram que ele pode ser utilizado como um veículo para se ensinar a história dentro da sala de aula, para os jovens que estão estudando a história do município”, afirmou.

Exibições nas escolas e na Cidade do Idoso – O projeto foi realizado pela produtora Cine Central Filmes, com apoio da Prefeitura de Irati, através da Secretaria Municipal de Cultura. Antes de ser exibido no Centro Cultural Clube do Comércio, o documentário foi exibido nas escolas de Irati e em uma sessão especial na Cidade do Idoso, localizada no CT Willy Laars. A dona de casa Maria da Conceição deu sua impressão a respeito da obra. “É fantástico, você tem aquela volta no nosso tempo, é muito bom, vale a pena. Tem que passar mesmo nas escolas porque muitas das crianças de hoje não sabem nem como que nasce uma bainha de um pé de feijão. São bacanas estas coisas antigas, e eu viajei no tempo. Maria Fumaça, aquelas casas antigas, os pinheiros, os desenhos do Araújo, coisas fantásticas”, destacou.

O objetivo de apresentar o documentário primeiro nas escolas é de contar a história de Irati para os jovens. “É este jovem que precisa conhecer a sua cidade para poder amá-la, ajudar e fazer o bem, salvaguardando-a. Vamos conhecer a nossa aldeia, o rio de mel, que é a nossa Irati. Serão marcadas sessões para pessoas do espectro autista, fizemos várias com as escolas municipais e estaduais para os alunos surdos. Eu investi em uma tela, em uma projeção de qualidade e som para chegar dentro da casa destes jovens, e no caso, na casa de estudo, onde ele vai aprender sobre cultura, história e social. Vamos até a escola para proporcionar uma experiência diferente para este jovem”, comentou.

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História – Araújo ressaltou a importância de os jovens iratienses conhecerem suas origens através de trabalhos como o documentário sobre Primo Araújo. “É aquilo que já estamos falando há algum tempo, você tem que conhecer o seu ninho para depois ir procurar conhecer o ninho de outras civilizações, cidades, estados e países. O seu ninho é o primeiro que você tem que conhecer perfeitamente para poder voar pelo mundo”, afirmou.

Obras de Primo Araújo – Um dos quadros pintados por Primo Araújo é uma réplica da Santa Ceia, que atualmente está no Vaticano. Outros estão espalhados pelo Brasil. Zeca conta que ficou emocionado ao interpretar o próprio pai no documentário. “É uma emoção assim que, quando eu assisto o filme completo, disfarço com um lencinho para ninguém ver que eu estou chorando”, contou.

Gênero – O filme foi produzido no gênero “docudrama”. Pedro Henrique conta como funciona este formato. “Pensando no documentário, uma entrevista completa a outra, tem o arrolamento de fontes, que é o aglutinamento, as fotografias, a entrevista, os dados históricos, recortes de jornais e lembranças nesta linha do tempo. Aí, entra a atuação com atores, a dramatização. Isto vem fazendo a diferença, pois as crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, quando vem a dramatização da cena, é aquele brilho no olhar, palmas, assobios, aquilo que encanta. É irati botando para a frente, os nossos atores interpretando. O que me deixa com mais alegria no coração em todas as exibições: é 100% de Irati, é um documentário iratiense, com artistas, trabalho e história de Irati, maravilhoso”, comentou.

O ator iratiense Kleber Gonçalves irá interpretar Primo Araújo em sua fase jovem. Ele foi escolhido por conta de sua fisionomia, parecida com a do personagem. “Eu falei que, se este rapaz tirar a barba e deixar só o bigode, vai ficar a cara do Primo Araújo. Eu entrei em contato com ele antes de inscrever no edital, dizendo que queria que ele fosse o Primo. Ele disse que viria para Irati e participaria com prazer. Obrigado Kleber e ele estará presente na exibição de lançamento”, frisou.

Exibições – Após a exibição de lançamento no Centro Cultural Clube do Comércio, haverá mais algumas apresentações nas escolas, que devem receber um pen-drive ou CD para arquivar este trabalho e disponibilizá-los para os estudantes. Depois, o documentário estará disponível no canal do YouTube da produtora Cine Central Filmes.

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