Trailer do trabalho produzido por Patrícia de Paula (Devotcha) foi lançado na sexta-feira no Youtube. Trabalho recebeu o nome de “Mãos Que Criam”/Texto de Karin Franco, com entrevista de Juarez Oliveira
O documentário “Mãos Que Criam” conta a história das mulheres artesãs de Irati. Criado por Patrícia de Paula, conhecida como Devotcha, a produção busca destacar e dar voz a essas mulheres. O trailer foi lançado no Youtube na última sexta-feira.
Em participação no programa Espaço Cidadão da Super Najuá, Devo contou que seu objetivo é mostrar o trabalho das artesãs. “Muitas vezes, as mulheres se escondem atrás do seu artesanato e o intuito é conhecer. Eu quero dar vida, eu quero dar voz e eu quero empoderar essas mulheres”, disse.
Confira o trailer do projeto abaixo
O artesanato faz parte da vida de Devotcha desde jovem, com a produção da pulseira de macramê até os bordados que faz atualmente. Durante sua vida, o audiovisual também esteve presente. Ela começou trabalhando em rádio e logo foi para a produção audiovisual, onde atuou por um período no jornal Folha de Irati, como fotógrafa e na produção de vídeos.
O projeto do documentário nasceu com a vontade de unir essas duas áreas. “Como eu já tenho uma experiência grande, mais de dez anos no audiovisual eu comecei com o Youtube, depois pratiquei muito na faculdade, depois posteriormente na Folha de Irati, trabalhei profissionalmente. Então, o audiovisual está no meu sangue. Unimos o artesanato, a minha experiência audiovisual e nessa surgiu o podcast Mãos que Criam [que agora foi transformado em documentário”, conta.
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A produção do material já estava em andamento, quando surgiu a possibilidade de obter recursos da Lei Paulo Gustavo. O projeto foi inscrito e contemplado, depois de uma avaliação por uma banca exterior. Devotcha explica que os recursos auxiliaram a aumentar a produção. “Me proporcionou a sair de uma coisa muito pequena, que estaria dentro do meu limite, para conseguir abranger mais pessoas, mais equipamento. Com o celular, quem quer começar no audiovisual, já consegue fazer alguma coisa bacana, mas se você tiver mais equipamento, uma câmera melhor, um tripé melhor, um microfone melhor, você já consegue chegar a outro patamar. Essa lei veio para incentivar aquela sementinha do projeto e transformar numa flor grande, num campo de flores”, explica.
Inicialmente, o trabalho reuniria apenas três entrevistadas, mas o número cresceu e foi finalizado com dez pessoas. As entrevistas foram realizadas a partir de uma pesquisa feita pela própria idealizadora. Devotcha explica que busca conversar antes com as artesãs para ajudar a contar a história de vidas delas. “Primeiro, eu vou na tua casa, nós sentamos e tomamos um chimarrão. Nós vamos conversar sobre você. Uma conversa informal. Nós pegamos todos os pontos que você me contar e faz um roteiro. Desse roteiro, eu te mando as perguntas. Veja que desde que eu te conheci, nós já conseguimos bolar um material para frente. Não é a toque de caixa. Tipo, vou na tua casa e vou gravar, no desespero. Não. Vamos nos conhecer, vamos fazer uma coisa legal, estudar você”, reitera a produtora do documentário.
Uma das primeiras entrevistadas foi a Dona Bernadete S. Ferreira, que usa chifres de bois para fazer diversos produtos de artesanato. “Ela pega, faz cuia, berrante, copos. Eu achei tão curioso porque quem vê ela fazendo, o berrante pronto é enorme. Quem vê aquela coisa grande, não vê que o chifre vem desse tamanho, que ela tem um processo todo, tem um envolvimento todo. Não é do dia para noite. Ela trabalha bastante, trabalha sozinha. Ela tem uns muques que eu vou te contar. É enorme, que mulher guerreira e trabalhadora. O que mais me tocou na história dela é que ela não tem nenhum sustento. Ela está tendo a renda dela através do próprio artesanato”, conta.
Devotcha conta que o material bruto de gravação chegou a ter de duas a cinco horas de duração. Com a edição, o material foi reduzido. “Você tem que mesclar narração, você tem que ter algumas coisas que façam o teu ouvinte continuar ouvindo. Eu, particularmente, gosto muito desse processo de edição. Já editei muito casamento, já editei muito material longo de verdade. Muita entrevista longa. Isso para mim até que é tranquilo. É uma coisa até relaxante”, disse.
Com o aumento dos entrevistados e o incentivo pela Lei Paulo Gustavo, Devotcha decidiu transformar as entrevistas em um documentário. “O projeto foi ganhando uma forma. Eu planejo fazer uma coisa maior que o esperado, planejo também participar de alguns festivais. Até se ele virar um documentário, eu posso participar de festivais de cinema, posso participar de outras coisas, posso levar e divulgar Irati para outros meios. Acho que é bem válido”, analisa.
O lançamento do trabalho será em junho, com a disponibilização do produto na plataforma de vídeos Youtube. Há planos para fazer o lançamento na Casa da Cultura em Irati, mas ainda não está confirmado. Contudo, o trabalho também terá lançamento público. “Seria bem legal fazer uma pré-estreia, uma sessão convidando as pessoas mais importantes relacionadas a esse projeto. Depois disso, nós vamos fazer um lançamento no Youtube”, conta.
O projeto ainda contempla oficinas de artesanato e exibições em escolas. “Eu queria estar nas escolas, exibindo esse material. Esse material é bem leve. Eu senti pelo ritmo das gravações que o que as pessoas falam é sempre muito positivo, é muito gostoso. É para motivar as pessoas a começarem a se empenhar numa pulseira, no artesanato. Quero focar bastante nas escolas e, além disso, gostaria de fazer algumas oficinas gratuitas para o pessoal das escolas. Aprender um macramê, que é tão fácil, tão gostoso. Você começa na pulseirinha e daqui a pouco vocês vai estar fazendo uma coisa muito maior”, disse.
A produção do podcast pode ser acompanhada pelo Instagram, nos perfis @podcastmaosquecriam e @devotcha.