Déficit da Santa Casa ultrapassa R$ 1,5 milhão em 2023

Em participação na Tribuna Popular da sessão da Câmara de Irati na última terça-feira, 29,…

01 de novembro de 2024 às 20h39m

Em participação na Tribuna Popular da sessão da Câmara de Irati na última terça-feira, 29, diretor do Conselho Deliberativo do hospital, Luiz Ângelo Fornazari, disse que entidade foi “esquecida” pelo poder público/Paulo Sava

Luiz Ângelo Fornazari, diretor do Conselho Deliberativo, ao lado do provedor da Santa Casa de Irati, Ladislao Obrzut Neto. Foto: Assessoria Câmara

O déficit da Santa Casa de Irati chegou a R$ 1.507.213,19 em 2023. A informação foi publicada no site do hospital e confirmada à nossa reportagem pelo diretor financeiro do hospital, Sidnei Barankievicz. Na próxima semana, a entidade deve divulgar o balanço do primeiro semestre de 2024.

O diretor do Conselho Deliberativo, Luiz Ângelo Fornazari, e o provedor da Santa Casa de Irati, Ladislao Obrzut Neto, participaram da Tribuna Popular da sessão da Câmara da última terça-feira, 29. Eles fizeram uma explanação a respeito da situação financeira do hospital. Em seu discurso, Luiz Ângelo reclamou da falta de atenção do poder público em relação ao hospital.

“Infelizmente a nossa Santa Casa está esquecida hoje em dia, pelo governo do Estado e pelo Ministério da Saúde, que tanto sacrifica os hospitais que fazem atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde)”, destacou.

O médico reclamou também que os valores pagos pelo SUS pelos procedimentos realizados no hospital custeiam apenas materiais como roupas de cama e serviços de lavanderia e alimentação. “Os procedimentos que o SUS paga malmente dão para cobrir a despesa do material, das roupas de cama, da lavanderia, do serviço de alimentação e da copa, e assim por diante. Nós vamos vendo que existe uma deterioração”, lamentou.

De acordo com Luiz Ângelo, cerca de 80% dos atendimentos da Santa Casa são feitos pelo SUS. Porém, nem os serviços particulares e de convênios cobrem a defasagem nos valores dos atendimentos.

“O SUS, como um ditador malvado, exige de nós aquilo que é serviço padrão A e paga classe Z. Não é que estejamos nos negando, mas os acompanhantes de mulheres que estão em trabalho de parto fazem quatro refeições por dia, e o hospital é obrigado a dar esta alimentação. Acompanhantes de pessoas idosas e de pacientes da pediatria, temos que fornecer alimentação para todos eles, mas isto não está incluso no pagamento dos procedimentos. Como é que fazemos para tirar isto?”, questionou.

O médico enfatizou que é preciso conscientizar a população e o poder público sobre a importância da Santa Casa para a região. “Nós precisamos começar um movimento para fazer uma sensibilização de toda a população, principalmente dos nossos chefes executivos e legislativos de toda a nossa região, para que reconheçam a importância da Santa Casa. Nós cuidamos de uma região de mais de 200 mil habitantes, que são os nove municípios da 4ª Regional. Eu já fui diretor da 4ª Regional e sei das dificuldades dos municípios, mas tudo deságua aqui. Não podemos deixar de nos conscientizar e fazer com que aconteçam as coisas melhores. Não temos como ficar esperando o Estado e o Governo Federal porque só vamos viver de ilusão e promessa, e cada vez mais estamos precisando manter toda a nossa estrutura. Isto custa muito, e não temos mais como suportar”, frisou.

O provedor da Santa Casa, Ladislao Obrzut Neto, reclama da falta de reajuste nos valores pagos pelo SUS por procedimentos e medicamentos. “O custo de uma medicação há 10 anos atrás era um, e hoje é outro. Nós passamos por uma pandemia na qual uma medicação, que custava R$ 40, foi para quase R$ 400 e não voltou para os R$ 40, e nós não tivemos nenhum tipo de reajuste. Teve um reajuste de 150% nas emergências e 20% nas cirurgias eletivas, mas o que é isto? O valor é de R$ 150 para um atendimento de apendicite, e com 150% de reajuste vai dar R$ 250 ou R$ 300. Quem almoça ou janta com menos que isto? Quem vai ao mercado e gasta menos que isto?”, questionou.

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Falta de apoio dos municípios – Ladislao questionou também a falta de apoio dos municípios da região à Santa Casa. Ele cita principalmente os atendimentos feitos pela maternidade do hospital. “Nascem todas as crianças de Irati, Mallet, Rio Azul, Imbituva, Teixeira Soares, Guamiranga, Fernandes Pinheiro e Inácio Martins. Qual a participação destes municípios? Nenhuma, quem participa é só Irati, com o prefeito Jorge Derbli, onde foi aprovada uma verba entregue à Santa Casa. Ele faz aquilo que pode fazer e nos ajuda”, pontuou.

O presidente da Câmara, João Henrique Sabag Duarte, também é médico e diretor clínico da Santa Casa, cargo que deixou durante o período eleitoral e deve reassumir na próxima semana. Ele destacou que a situação financeira do hospital vem piorando a cada ano.

“Resumindo, nós vendemos nosso serviço para um cliente que não paga o que ele vale, esta é a grande verdade. Ano após ano, ocorrem defasagem, perdas e mais obrigações impostas pelos nossos contratantes. Aumentam as obrigações, mas a arrecadação continua a mesma”, citou.

Segundo João Henrique, os médicos receberam somente em outubro metade dos pagamentos referentes ao mês de junho. “Nem por isto jogamos a toalha, não deixamos de passar visita e atender aos pacientes com amor, carinho e dedicação. O doutor Luiz Ângelo não deixou de fazer as cesáreas e partos normais, o doutor Ladislao não deixou de atender aos pacientes da psiquiatria, e muito menos nós da clínica médica deixamos de tratar todos os pacientes que nos procuram com as diversas patologias”, afirmou.

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