Delegado fala sobre motim ocorrido em Irati

01 de julho de 2017 às 13h24m

Rebelião se estendeu por oito horas e teria sido resposta à operação bate-grade de dois dias antes

Da Redação 
O delegado titular da 41ª Delegacia Regional de Polícia, Paulo César Eugênio Ribeiro, comentou o motim de detentos ocorrido no último sábado (24), quando os presos arrebentaram algumas portas para tentar fugir da carceragem. Ruas do entorno precisaram ser bloqueadas e ação contou com apoio do Pelotão de Choque do 1º BPM (Ponta Grossa).

Confira as fotos da rebelião no fim deste texto

Depois de contida a situação, após oito horas de motim, entre as 13h e as 21h de sábado (24), a Polícia Militar efetuou buscas no interior da carceragem e apreendeu objetos ilícitos: 37 gramas de maconha, um chip de celular, quatro estoques (arma perfurante de fabricação artesanal), várias ferramentas, uma serra utilizada para cortar ferro, dois carregadores de celular e oito cadeados que estavam danificados.
[publicidade id=”39″ align=”right” ]Dois dias antes, a PM, com apoio da Polícia Civil, do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (DEPEN) e canil da Guarda Municipal de Irati, já haviam realizado um pente-fino na carceragem, que resultou na apreensão de 25 celulares, cinco chips, cinco baterias, sete carregadores de celular, 98 buchas de maconha, totalizando 155 gramas da droga, duas facas, duas serras, dez estoques e uma cadeirinha de suspensão.
O motim de sábado (24) teria sido uma resposta à operação pente-fino, que ocorreu depois de uma tentativa de fuga registrada no dia 16 de junho, uma sexta-feira. Naquela ocasião, quatro presos se infiltraram na cela destinada a adolescentes infratores e, com a luz apagada, tentaram serrar a grade e cadeados, mas foram impedidos por um agente penitenciário e um investigador de plantão.
O delegado explica que, no início da tarde de sábado (24), quando ocorreu o princípio de rebelião, recebeu em casa uma ligação para comparecer à Delegacia em decorrência do fato. Ao iniciar as negociações com os detentos, a reivindicação dos presos era que tivessem a permissão de usar o solário para o banho de sol.
Ribeiro comenta que não é de praxe nas delegacias permitir o banho de sol aos sábados e que a legislação limita esse direito a duas horas por semana. Além disso, diante das tentativas de fuga registradas recentemente e a apreensão de inúmeros objetos ilícitos na carceragem durante operações bate-grade, o delegado tinha suspendido a permissão para uso do solário, como um corte de regalias.
Diante da negativa, os presos ameaçaram quebrar toda a carceragem, sem se importar com as consequências que a ação impactaria. Nesse momento, a PM foi acionada para impedir qualquer tentativa de fuga dos detentos.
“Apesar de ser uma delegacia com uma estrutura muito antiga, há uma estrutura muito forte, porque são várias até eles conseguirem, efetivamente, alguma fuga ou pegar algum outro preso e fazê-lo de refém”, detalha Ribeiro.
{JIMG1}A PM participou das negociações com os presos para tentar normalizar a situação. De acordo com o Major Joas, Comandante da 8ª CIPM, em entrevista à Najuá no dia do motim, a balbúrdia dos presos atrapalhou a compreensão sobre quais eram, de fato, suas reivindicações. Mesmo assim, houve considerações quanto à alimentação e condições da carceragem, que está superlotada: 63 presos dividem um espaço que deveria abrigar, no máximo, 32 custodiados.
“Chegou uma certa hora em que não tínhamos mais o que fazer, até porque em situações envolvendo risco, situações de crise, há necessidade de intervenção policial. Por dois motivos: para acalmarmos os presos e podermos conter o motim; e para manter a segurança da própria unidade”, explica o delegado.
Segundo Ribeiro, os detentos destruíram câmeras de vigilância, grades e cadeados, o que gerou a necessidade do apoio do Pelotão de Choque do 1º BPM. O delegado afirma que a entrada dos policiais na carceragem foi segura tanto para os agentes de segurança quanto para os presos. De acordo com Ribeiro, houve a preocupação em garantir a integridade dos detentos. Ele frisa que nem todos os presos da carceragem participaram desse princípio de rebelião.
Uma entrada violenta poderia gerar graves consequências, que foram evitadas através da negociação. “Sabe-se que, em algumas ocasiões, o emprego da força é necessário para conter os presos. Felizmente, chegamos a esse consenso, conversando com os presos, juntamente com o Dr. Airton [Trento, advogado da OAB] e o Major Joas, de que o procedimento padrão seria adotado e eles aceitaram esse procedimento padrão”, diz.
Conforme o delegado, a entrada do Choque na carceragem foi tranquila e os presos foram contidos. Em seguida, Ribeiro, policiais civis e militares entraram nas instalações para mensurar os danos e para retirar mais objetos ilícitos. “Retiramos diversos objetos da carceragem, praticamente limpamos a carceragem e deixamos o básico para a sobrevivência, como medida emergencial”, afirma.
Ribeiro assegura que as visitas dos familiares aos presos estão mantidas, mesmo com a ocorrência de tentativas de fuga e princípios de rebelião. O delegado entende que as famílias dos detentos não devem ser privadas desse direito. Mesmo assim, o procedimento de visitas será revisado para impedir a entrada de novos objetos ilícitos na carceragem.
O delegado também garante que nenhum preso se feriu durante as ações de contenção do motim. Não houve disparos de arma de fogo nem foi necessário o emprego de força policial para que os presos retornassem para as celas.
Fotos: PM/Divulgação e Tadeu Stefaniak/Rádio Najuá
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