Prefeito de Prudentópolis diz que portava R$ 20 mil em dinheiro, pois não possui conta bancária há mais de 15 anos
Da Redação
A defesa do prefeito de Prudentópolis, Gilvan Pizzano Agibert (PPS), alega que ele não recebeu propina de um empresário que realiza a coleta de lixo na cidade. Conforme nota divulgada no sábado, 14, pelos advogados Francisco Monteiro Rocha Jr. e Rafael Knorr Lippmann, o chefe do executivo diz que portava a quantia de R$ 20 mil quando foi abordado por agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), ligado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), pois não possui conta bancária.
“Como pode ser inclusive comprovado através do próprio Boletim de Ocorrência lavrado no momento dos fatos, ele [Gilvan] foi abordado por policiais militares no centro de Curitiba, enquanto estava sozinho, aguardando um táxi, e por estar portando valores em espécie, algo que é corriqueiro para ele (visto que não possui conta bancária há mais de 15 anos), chegou-se à falsa ilação de que seria dinheiro proveniente de fonte ilícita”, diz um trecho da nota.
Os advogados finalizam a nota informando que o caso será esclarecido em breve. “No momento processual adequado, o Prefeito demonstrará a origem lícita de tais valores, provenientes, inclusive, da sua remuneração enquanto chefe do executivo municipal de Prudentópolis e o fato de que não possui conta bancária”.
Versão do MP
Já a versão do MP, é de que o prefeito foi preso na tarde de quinta-feira, 12, em um imóvel em Curitiba, quando estava recebendo R$ 20 mil de uma suposta propina paga por um sócio de uma empreiteira que presta serviços para a prefeitura de Prudentópolis. “As investigações são centralizadas no GAECO de Guarapuava, elas já duram há algum tempo, entretanto, na tarde de ontem [quinta-feira, 12] à tarde, nós conseguimos a informação que o prefeito estava em Curitiba e numa operação nossa acabamos por surpreendê-lo recebendo R$ 20 mil. Esse dinheiro foi entregue por uma empresa que foi contratada numa licitação no município de Prudentópolis. É portando, um pagamento de propina ao prefeito”, revelou o coordenador-geral do GAECO, Leonir Batisti, quando foi entrevistado pela reportagem da Najuá.
Segundo o MP, Gilvan e o empresário foram presos em flagrante por corrupção passiva e ativa. As prisões fazem parte de uma investigação que estão sendo realizada há um ano pelo GAECO de Guarapuava. A operação denominada “caçamba” apurou denúncias de corrupção, fraudes a licitações, peculato e falsidade ideológica, envolvendo 13 empresas e pessoas ligadas à Administração do Município de Prudentópolis.
Também foram cumpridos outros dois mandados de prisão temporária e doze de busca e apreensão na cidade de Prudentópolis. Conforme nota do MP, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Prefeitura de Prudentópolis (setor de licitações, compras e finanças), na casa do filho do prefeito (onde também reside o gestor municipal) e nas residências de dois empresários e de dois vereadores da cidade, além de outros locais. Foram apreendidos documentos, armas e R$ 69 mil, na casa onde residem o prefeito e seu filho, além de R$ 11 mil, na residência de outro filho de Gilvan.
Prisão temporária e afastamento do cargo
Na sexta-feira, 13, o Tribunal de Justiça deferiu a prisão temporária de Gilvan por cinco dias. Além disso, ele foi afastado das atividades políticas. Com isso, o vice-prefeito Adelmo Luiz Klosowski (PR) foi empossado como prefeito interino de Prudentópolis, em cerimônia realizada na sexta-feira, 13, na Câmara Municipal. “O prefeito fica formalmente afastado do seu cargo e está sendo enviada, ao Legislativo Municipal, à Justiça que atua no município e ao próprio vice-prefeito, a comunicação do afastamento dele. O afastamento do prefeito significa que vai ter que existir uma pessoa que responda pelo município que, em princípio, é o vice-prefeito nesse momento”, explicou o coordenador-geral do GAECO.
Segundo Batisti, o prefeito afastado está detido no Complexo Médico-Penal, em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba).
Detalhes da investigação
O promotor Vitor Hugo Honesko, coordenador do GAECO em Guarapuava, também concedeu entrevista para a Najuá. Na ocasião, ele afirmou que a investigação do caso visa a cessar práticas criminosas dentro da Prefeitura de Prudentópolis, das quais o próprio prefeito seria o chefe, relacionadas à execução de contratos fraudulentos.
“Existiam contratos que eram feitos pela Prefeitura, porém não eram cumpridos totalmente. Essa diferença, parte dela era paga como propina ao prefeito Gilvan [Agibert]. Além disso, nós apuramos que existe uma empresa ou duas, no nome de um ‘laranja’, que inclusive foi preso temporariamente, e essa empresa seria do próprio Gilvan e do filho dele, Rodrigo. A própria empresa prestaria serviços e possuiria contratos com o município e seria subcontratada por outras empresas que ganham licitação”, explica Honesko.
Conforme o promotor, a fraude geraria lucros ao prefeito, e a empresa administrada pelo “laranja” estaria utilizando máquinas da Prefeitura para executar obras. “Isso demonstra um grande desrespeito com o patrimônio público municipal”, analisa.