Curso será realizado na Casa da Cultura de Góes Artigas. Aulas terão início em julho/Paulo Sava
A Casa da Cultura de Góes Artigas realizará a partir do mês de julho o curso de Formação em Arte e Cultura: Saberes e Resistências dos Povos do Campo da Floresta de Araucária. As aulas começarão no dia 20 de julho e vão até dezembro, sendo realizadas sempre nos dois últimos sábados de cada mês durante todo o dia. As inscrições vão até o dia 30 de junho. Os encontros começam no dia 20 de julho.
O curso terá uma duração de seis meses e foi dividido em seis módulos com duas etapas cada. Em uma delas, será feito um intercâmbio na terra indígena Guarani, de Inácio Martins. Já na última, será realizada uma mostra de arte e cultura.
O objetivo do curso é de vivenciar, fortalecer e aprofundar os conhecimentos sobre saberes e práticas culturais dos povos residentes na região da floresta de Araucária. Além disso, a iniciativa busca formar agentes de cultura para promover a diversidade cultural como forma de desenvolvimento sustentável dos territórios.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por meio do Google Forms, disponível no Instagram @casadacultura.goesartigas. Para garantir o certificado no final do curso, o aluno tem que comparecer em pelo menos 75% das aulas.
Estrutura – A Casa da Cultura Góes Artigas é uma associação comunitária de mulheres agricultoras. O local conta com uma estrutura completa para a realização do curso, tendo biblioteca com computadores e internet, cozinha onde os participantes terão café da manhã, almoço e jantar, e área externa para eventos culturais e tradicionais, como a romaria, feitas pela família Levitski. Além disso, haverá um quarto disponível para pernoite. Os alunos receberão camisetas e cadernos do curso.
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Projeto – O grupo vem trabalhando neste projeto desde agosto de 2023, quando o Ministério da Cultura lançou o edital “Olhos d’água”, para formar uma rede nacional de escolas livres de formação em arte e cultura, segundo Milene Aparecida Padilha Galvão, uma das educadoras populares que irá ministrar aulas no curso. “Nós trabalhamos juntas, eu, a Mariana, a Adriane e a Thaísa, somos quatro mulheres que recebemos o edital e decidimos escrever um projeto que contemplasse arte e cultura dos povos das matas de Araucária”, comentou.
A proposta do Ministério da Cultura era de que as organizações da sociedade civil se inscrevessem nos editais para proporem cursos de formação em arte e cultura, para que novos agentes destas áreas possam ser formados. Por se tratar de um projeto federal, a burocracia é maior, segundo Milene.
“Foi um projeto muito mais burocrático, que demandou muito mais trabalho. Ficamos uns dois ou três meses trabalhando na escrita do projeto, até passar pelas fases de seleção, aprovação e contemplação com o recurso. Agora, estamos na fase de divulgação do nosso curso de formação em arte e cultura, que é para a nossa região e vai formar 30 novos fazedores e fazedoras de cultura. O foco é em jovens e mulheres, para que este povo possa fomentar a arte e cultura da região, que eles já fazem. Estamos bem animadas neste processo de divulgação do nosso curso”, pontuou.
Mariana Nunes Cândido, uma das educadoras populares que vai atuar no curso, contou o que motivou a escolha da Casa de Cultura Góes Artigas para a realização do projeto. “O lugar foi escolhido exatamente por conta da potência da organização das mulheres, que conseguem desenvolver atividades e trabalhos maravilhosos. Tem um espaço muito legal e bonito lá, que está sendo preparado para receber este curso, as pessoas, mais mulheres e jovens, para podermos aprofundar estes conhecimentos e perceber toda esta riqueza da região e todos os saberes dos povos dos campos e tradicionais. Por isto, o curso vai acontecer lá, por ser um lugar de muita potência e que temos certeza de que só vão sair coisas maravilhosas”, comentou.
Mariana ressalta que falar em escolas livres de arte e cultura significa dizer que os conhecimentos podem ser adquiridos mesmo fora das salas de aula. “A educação popular pode acontecer em vários espaços, não precisa estar confinada em uma sala de aula, neste formato que conhecemos, das crianças, jovens e adultos enfileirados, com matérias, provas e uniformes. O nosso entendimento é de que a cultura é tudo, é o nosso modo de viver. Então, nesta rede de escolas livres, a nossa intenção com este curso é de proporcionar espaço para que as mestras e mestres dos saberes tenham este lugar de quem tem muito a ensinar e que não necessariamente está vinculado a uma escolarização”, frisou.
Disciplinas – Os conhecimentos dos povos tradicionais serão as disciplinas ministradas durante o curso, de acordo com Milene. “No curso de Formação em Arte e Cultura, é justamente isto que vamos explorar. Juntamente com a formalização de uma educação, de uma capacitação dividida em módulos, com carga horária, propostas e temáticas, vamos trazer para os cursistas os conhecimentos destes povos. Vai ter um módulo onde a benzedeira vai falar sobre as ervas medicinais e suas práticas ancestrais. Em outro, alguém que pratica a economia criativa e solidária vai poder falar sobre seu empreendimento. Vai ter módulo onde os cursistas vão poder trazer a sua experiência comunitária de arte e cultura, montar uma feira, uma exposição, fazer uma roda de viola. Esta é nossa pegada”, contou.
Desafio – Para Mariana, o maior desafio na organização de um curso como este é de transformar as ideias em realidade. “A cultura é maravilhosa, é muito ampla e precisamos fazer escolhas, de alguma forma, não conseguimos abarcar tudo. São muitos saberes, a diversidade é muito grande. Acho que este é o maior desafio: falar de uma coisa tão ampla num espaço de tempo que é curto. São seis meses e 12 encontros que com certeza vão permitir que mergulhemos neste universo, mas não daremos conta de falar de todas as coisas. Por isso, contamos com a colaboração das pessoas que estiverem conosco para podermos dar conta de ampliar o máximo possível para podermos aprender toda esta maravilha de diversidade que temos aqui na nossa região”, finalizou.