CREAS será construído no Parque Aquático

Segundo integrantes da Comissão, obras construídas no parque deveriam se voltar ao lazer e ao…

13 de abril de 2015 às 13h00m

Segundo integrantes da Comissão, obras construídas no parque deveriam se voltar ao lazer e ao esporte

Edilson Kernicki e Paulo Henrique Sava

Em audiência pública, realizada na noite da última terça-feira (7), nas dependências da Câmara de Irati, a Comissão do Parque Aquático decidiu aprovar a construção de uma unidade do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, numa área que antes era utilizada como estacionamento do Parque Aquático.  A obra, inicialmente, deve ocupar um terreno de 450m², numa área localizada entre o trenzinho e o muro da Igreja Matriz Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Participaram da Assembléia integrantes da Comissão do Parque Aquático; do Conselho Municipal de Assistência Social; da Secretaria Municipal de Bem-Estar Social; os vereadores Antônio Celso de Souza, o Xoxolo (PSD) e Vilson Menon (PMDB), presidente da Câmara.

Integrantes da Comissão aproveitaram a audiência para questionar a construção do CREAS no local, indicando que as construções no Parque Aquático devem se voltar a atividades recreativas e de esporte e lazer. A Comissão já chegou a alegar, em outras oportunidades, que a obra poderia descaracterizar a finalidade principal do parque: o lazer. Por essa mesma razão, e pela alegada falta de repasse dessa informação da Prefeitura à Comissão, ela cogitou, em fevereiro, instaurar uma ação pública que viesse impedir a obra.

O ex-prefeito de Irati Alfredo Van Der Neut também participou da audiência. O Parque Aquático foi construído durante sua gestão na prefeitura. Ele considera que a obra do CREAS é importante para Irati, mas ressalta sua posição contrária à construção da obra no Parque Aquático.

“O Parque Aquático é uma área de lazer, foi construído para isto e deve ser preservado para que, no futuro, sejam colocadas obras que venham de encontro com a vontade da nossa população e que tragam lazer, esporte, coisas deste tipo. Se nós formos deixando que tudo seja construído porque é importante e necessário, e dentro do Parque, ele vai acabar, e nós deixamos, como no passado, de ter uma área de lazer condizente”, ressaltou Van Der Neut.

De acordo com o ex-prefeito, o parque tem uma área total de 70 mil m², e boa parte desta área foi doada para a construção de obras que não têm a finalidade de oferecer lazer para a população. “A área de lazer está sendo prejudicada. Nós entendemos que a construção, que as pessoas estão defendendo que seja feita lá, é importante, mas reitero que o local não é aquele, a obra não deveria e não deve ser colocada lá. Infelizmente, a maioria venceu, a Comissão cedeu para o pedido da prefeitura e a obra vai ser construída”, comentou Van Der Neut.

Proposta de permuta de área

Após uma série de embates e divergências entre as partes interessadas, chegou-se ao consenso de que a construção do CREAS seja em novo local: a maioria dos membros acatou a sugestão do secretário municipal de Fazenda, Valdir Slompo de Lara. Conforme a proposta, a prefeitura irá ceder uma área que seria ocupada pela Guarda Mirim, que receberá em troca outro terreno para abrigar sua sede.

O presidente da Câmara, Vilson Menon, sugeriu que a Comissão defina duas ou três pessoas para formar uma equipe que acompanhe junto ao Executivo e à Caixa Econômica Federal as tratativas sobre a possibilidade de transferir o local da construção do CREAS. O advogado Marcelo Gutervil, presidente da Comissão, e Slompo de Lara devem acompanhar os trâmites junto à Caixa, que vai manifestar seu parecer final, para que a situação seja posteriormente analisada.

Para a psicóloga Janaína Del Cielo, coordenadora do CREAS, a construção da unidade no Rio Bonito é de fundamental importância. Segundo ela, o local foi estrategicamente definido a fim de realizar o trabalho com qualidade; de modo a poder, ainda assim, integrar outras atividades de lazer, de cultura e de segurança pública. “Acredito que a reunião foi positiva, pois conseguimos chegar a um consenso, que não prejudicasse a questão do espaço físico do Parque Aquático, que é importante ser preservada e melhorada a cada dia. Temos que pensar no bem-estar da nossa população de uma forma geral, mas também não tínhamos como perder um recurso importante e deixar de construir, visto o tempo e toda essa necessidade emergencial que estávamos vivenciando”, opina Janaína.

A expectativa da coordenação do CREAS é a de que o prédio venha a ser construído o mais breve possível, a fim de colocar todo o trabalho do órgão em prática. 

“Esperamos que a população receba o CREAS muito bem também. Garantimos que ele não vai atrapalhar a dinâmica do Parque Aquático, mas sim trazer só benefícios e poder fazer com que muitas famílias acessem esse bem público, o que nem sempre conseguem com tanta facilidade”, considera a coordenadora do CREAS.

De acordo com Janaína, o CREAS do Rio Bonito deve se voltar a uma demanda especializada e atender questões de violação de direitos que envolvem a violência física, psicológica, negligência, abandono e violência sexual. “A partir do atendimento a essa demanda, vamos poder atender a vários públicos: mulheres, idosos, crianças e adolescentes, da mesma forma como já é feito hoje, porém num espaço irregular e inadequado. Agora devemos ter um espaço adequado e conseguir conciliar nossas atividades com o Parque Aquático, fazer grupos, atendimentos com essas famílias e propiciar melhor qualidade de vida e o rompimento do ciclo de violência”, avalia.

Em sua explanação durante a audiência pública, a secretária de Assistência Social, Karen Quoos Seidl, disse que a construção do CREAS se encontra diante de um impasse: “ou se constrói ou não se constrói”, pois não haveria mais tempo hábil para buscar um novo terreno, uma vez que o local já passou por vistoria técnica e foi aprovado o projeto da construção, que deve ser protocolado até o dia 30 de junho junto à Caixa Econômica Federal para a liberação dos recursos. Karen destacou que o CREAS do Rio Bonito atende a mais de 500 famílias em situação de vulnerabilidade social.

“Entre a estética do parque e a vida dessas 500 famílias, mais de mil pessoas, e outras que virão, fica nosso questionamento: vamos primar pela vida dessas pessoas ou pela aparência de um parque?”, provocou. A secretária se emocionou ao falar das pessoas que são atendidas pelo CREAS, como crianças que tiveram seus direitos violados; mulheres agredidas em suas casas, assim como idosos.

“Vou lutar, com a minha equipe, pela vida e pelo bem-estar de todas essas famílias. Confesso a vocês que devolvermos esse recurso que lutamos tanto para conseguir, que é talvez uma chance de melhorarmos a vida dessas pessoas de alguma forma vai me doer profundamente”, lamentou a secretária, diante dessa possibilidade.

Investimento de quase R$ 400 mil

O investimento previsto para a construção do CREAS é de R$ 388.707,63, distribuídos entre repasse de R$ 250 mil do Ministério do Desenvolvimento Social e contrapartida municipal de R$ 138.707,63. A construtora Castelar venceu a licitação para construir o prédio de 216,6 m².

Eleição adiada

A eleição dos membros da Comissão para o biênio 2015-2016, que estava prevista para ocorrer na data da audiência pública, acabou cancelada e deve ser realizada em nova data, a ser definida.

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